Conheça o perfil de Leven Siano: de advogado de Edmundo nos anos 90 a candidato a presidente do Vasco
Sexta-feira, 22/05/2020 - 16:14
Entre todos os prováveis e já confirmados nomes para tentar substituir Alexandre Campello no Vasco, um entra de cabeça na política do clube pela primeira vez. Luiz Roberto Leven Siano faz campanha desde 2019, mas ganhou realmente os holofotes do futebol brasileiro na quinta-feira, ao anunciar a contratação do marfinense Yaya Touré caso ele seja eleito presidente do Cruz-maltino. Em tempos de noticiário esportivo magro devido à paralisação do futebol na pandemia da Covid-19, o acerto repercutiu na imprensa mundial. Se alguém duvidava do quanto o advogado está disposto para assumir o clube, o acerto com direito a vídeo gravado pelo astro chega com a intenção de trazer certezas ao sócio votante vascaíno.

Advogado, Leven Siano, de 51 anos, é novo na política vascaína, mas seu nome está ligado indiretamente ao clube há mais de duas décadas. Foi na segunda metade dos anos 1990 que ele começou a representar Edmundo. Em 2008, Leven Siano costurou com o então presidente Eurico Miranda o último contrato do jogador com o Vasco, que contemplava a atuação do jogador naquela temporada e também a redução e o reparcelamento da dívida que o clube alimentava e alimenta atée hoje com o ídolo, 12 anos depois.

A relação com o ex-atacante trouxe a fama entre os vascaínos, mas sofreu um baque quando Leven Siano resolveu entrar na política vascaína, algo que Edmundo já vive mais diretamente desde 2014, quando passou a integrar a "Sempre Vasco" e fez campanha para o candidato Julio Brant na primeira vez que ele se lançou.

Ao não receber o apoio político de Edmundo, que segue dando suporte a Brant, os dois se afastaram pessoal e profissionalmente. No fim do ano passado, Leven Siano, em uma reunião de confraternização entre torcedores e sócios vascaínos, se emocionou ao falar que sentia falta do convívio com o ex-jogador.

Em janeiro de 2019, Leven Siano completou cinco anos de sócio estatuário e passou a ser elegível para a presidência do clube. Durante o ano, começou a campanha, sendo acusado por nomes tradicionais da política vascaína de estar se antecipando demais diante do processo eleitoral previsto para acontecer no fim de 2020.

Com uma estratégia intensiva nas redes sociais para atrair a atenção dos torcedores e investimentos no setor de comunicação e de estratégia de campanha, o advogado, especializado em direito maritimista e esportivo, também partiu para a prospecção de aliados dentro do quadro de sócios votantes do clube. Ele teve reuniões com medalhões como Jorge Salgado, José Carlos Osório e Carlos Roberto Osório em 2019 para se apresentar. Para lançar uma chapa à presidência do Vasco, todo candidato precisa de 162 elegíveis ao cargo de conselheiro. Diferentemente do que acontecia nas eleições passadas, na deste ano esses 162 nomes não podem ser compartilhados por outra chapa candidata.

Leven Siano tem investido em viagens ao exterior, nas quais afirma estar estabelecendo contatos para atrair investidores e nomes para uma possível gestão, caso seja eleito. Com esse propósito, ele já esteve na Europa e no Oriente Médio. Foi assim que ele abriu diálogo com empresários que o levaram até Yaya Touré e o acerto anunciado na quinta-feira. O candidato tem afirmado também que levará Francisco López, CEO do Barcelona entre 2003 e 2008, para trabalhar no Vasco caso seja eleito.

Contrato com Yaya é pouco comum no futebol

Apesar do currículo de peso de López, é o acerto com Yaya Touré que coloca o candidato sob os holofotes da imprensa mundial. No anúncio, ele festejou o pioneirismo do modelo de contratação, em que um jogador assinou contrato com uma pessoa física — caso Leven Siano não seja eleito, Yaya ficará livre do compromisso —, e não com um clube.

De fato, o formato é novo. Marcos Motta, advogado especializado em direito esportivo e com vasta atuação em transferências de jogadores, classificou o acerto de "peculiar":

— Fiquei curioso para entender essa engenharia. Quem contrata é o clube. É impossível assumir responsabilidades sem poderes para tal. A contratação é do candidato na pessoa física (ou um CNPJ qualquer) e não do clube.

Questionado se o Vasco teria direito a reclamar algo na esfera esportiva caso Leven Siano seja eleito e o jogador, por algum motivo, não se transfira para o clube, Motta afirmou que acredita que não:

— Nao vejo assim pois o Vasco não é parte no contrato. Como eu disse, nesse momento as obrigações assumidas se limitam ao candidato e ao atleta. A Fifa ou a CBF não tem jurisdição ou competência sobre o "acordado". Trata-se de acordo privado fora da família do futebol.



Fonte: O Globo Online