Edmundo revela decepção com Eurico: 'O tinha como pai e acho que ele me tinha como mercadoria'
Segunda-feira, 11/05/2020 - 22:21
Um dos maiores nomes da história do Vasco, o ex-jogador e hoje comentarista Edmundo falou sobre a relação com Eurico Miranda durante entrevista ao canal "Atenção Vascaínos", nesta segunda-feira.

Edmundo, em longo depoimento, revelou ter se decepcionado com Eurico Miranda no ano de 1999, quando voltou ao Vasco após passagem pela Fiorentina.

O Animal disse que o retorno de Romário a São Januário, acertado em dezembro de 1999, foi traumático. Amigos no início da carreira, os dois eram desafetos na época em questão.

Edmundo ainda afirmou que Eurico havia dito que Romário ficaria apenas três meses no Vasco, mas isso não se confirmou. Além disso, citou alguns dos desgastes com o Baixinho no ano de 2000.

Uma das principais, segundo Edmundo, foram as perda da braçadeira de capitão e do posto de batedor de pênaltis para Romário.

Durante a quarentena, o GloboEsporte.com lembrou a constante troca de farpas entre os dois craques, que teve seu auge numa declaração de Romário após goleada do Vasco por 4 a 1 sobre o Olaria, em 29 de março de 2000. Chamado de príncipe por Edmundo, o camisa 11 respondeu que a corte toda estava feliz: "O príncipe (Romário), o rei (Eurico) e o bobo (Edmundo)". No jogo citado, o Baixinho fez três gols, e o Animal marcou um.

Confira o longo depoimento de Edmundo sobre a relação com Eurico Miranda:

"Eu o tenho com o maior respeito, carinho e consideração. O tenho como um pai. Eu tenho um filho chamado Edmundo Júnior que só não se chamou Eurico porque a minha esposa na época não deixou. Tinha uma verdadeira admiração e respeito por ele. Ele não está mais aqui para se defender, é chato, mas ao longo do tempo eu vi que ele fazia por conveniência. O tinha como pai e acho que ele me tinha como mercadoria.

Quando voltei da Itália, ele me chamou em 1999. Ele me fez uma proposta idêntica à que eu ganhava na Itália, me fez um contrato de cinco anos. Logo em seguida que voltei, ele trouxe o Romário e me enganou dizendo que era um contrato de três meses. E não era.

Deu a faixa de capitão. Parece vaidade, as pessoas podem pensar que é coisa de criança, mas não é. Fui convencido a voltar. Teve o Mundial, perdi o pênalti, tive oportunidade de voltar para a Itália, para a Lazio (há um corte na transmissão da live quando Edmundo tenta falar sobre questão salarial no Vasco)... Porque eu quis ir embora, não queria conviver com o Romário, me senti traído. E tinha também o jeitão do Romário, que pegou a faixa de capitão e pegou a bola para bater o pênalti. Enfim, besteira de que hoje faria completamente diferente, mas minha mágoa ficou no fato de ter voltado da Itália e ter ficado 11 meses.

Ele me levou ao Calabouço para me emprestar ao Santos e me obrigou a assinar um documento que tenho até hoje abrindo mão dos salários que eu tinha para receber. Eu tive uma relação sentimental e me senti tratado como uma mercadoria. Acho que o ponto é esse. Não tenho mágoa, gostaria muito de ter reatado a amizade com ele.

Você vê uma pessoa morrer e não poder se despedir é muito ruim. Não guardo coisas ruins no meu coração, só tenho gratidão. Você passa a entender que é mercadoria mesma. Que o sentimento você tem que ter pelos seus filhos, por sua família e alguns amigos. Me perco nas palavras porque de maneira nenhuma eu quero ser leviano ou desonesto.

Tinha uma relação que achava que era mútua e não era".




Fonte: GloboEsporte.com