Ex-atacante Vandinho lembra passagem pelo Vasco em 1998, quando Lopes o chamava de Vanderlei
Quarta-feira, 13/05/2020 - 09:39
A carreira pode não ter durado o tempo esperado, o que gerou certa tristeza no momento da decisão de parar, mas rendeu o suficiente para que nenhum arrependimento ficasse, como garante o ex-atacante Vandinho. Com saudade, ele relembra as passagens, principalmente, pelo interior paulista e São Caetano na segunda parte da última década, período em que teve o auge abreviado por uma lesão.

Por outro lado, como na história de um boleiro aposentado não pode faltar aquela resenha que também marcou a carreira, o ex-atleta não esquece uma troca de nome a qual foi submetido em seu início, pelo Vasco, em 1998, comandado pelo "chefe e delegado".

Na época, ainda prestes a completar 18 anos e recém-saído de uma Copa São Paulo, o atacante almejava uma vaga entre os titulares do Expressinho do Vasco, que disputava competições como o estadual, Rio-São Paulo e a extinta Mercosul. Enquanto isso, o elenco principal, treinado pelo delegado Antônio Lopes, estava focado na Libertadores e Brasileirão.

Foi ali, mesmo não sendo um dos soldados do pelotão principal de Lopes, que ele recebeu a primeira determinação do comandante, hoje vista com um ar mais descontraído, e aceitou sem muitos questionamentos. Vandinho voltaria a ser Vanderlei, e isso tinha uma justificativa dada pela patente mais alta da história.

– Ele disse que o grupo já tinha muitos jogadores com "inho" no nome. Tínhamos o Luizinho, o Juninho, o Pedrinho, o Mauricinho. E ele disse: "Não, você será o Vanderlei".

Ao descrever sua própria reação no momento, Vandinho mantém o clima de brincadeira, que lá naquele momento, em 98, foi descartado por ele.

– Claro que aceitei. O cara é o chefe. E o chefe é delegado. Como não aceitaria? (risos).

Vanderlei, como queria Lopes, não teve sequência no Vasco e voltou para o União Bandeirante (PR), clube em que havia jogado antes de chegar a São Januário. A descoberta do time paranaense ocorreu durante um peneirão realizado em Presidente Epitácio. A cidade fica no Oeste Paulista, às margens do Rio Paraná, na divisa com o Mato Grosso do Sul, e é a terra natal e o endereço atual do ex-atacante.

A atenção do time vascaíno foi chamada durante atuações em torneios na base, quando o União foi campeão diante do Alianza Lima, do Peru, como lembra.

– Lembro que, em 97, fomos campeões da Dallas Cup, e pelo Torneio de Vassouras, fui muito bem, fiz bons jogos, marcando dois gols contra o Fluminense.

Depois de voltar ao União, outros destinos surgiram. O primeiro com êxito foi o Mato Grosso, onde veio a conquista estadual pelo Juventude, de Primavera do Leste, em 2000.

O Londrina viria na sequência até receber uma proposta do Mogi Mirim, que ainda disputava as divisões de acesso do Brasileiro. Vandinho conta que, nesse período, entre 2003 e 2004, chegou a ser sondado novamente por grandes equipes do país, como o Internacional, e pelo Al Hilal, da Arábia Saudita.

Mas foi aí que a primeira lesão mais séria da carreira interferiu em uma eventual grande chance, uma vez que o time árabe não seguiu na negociação. Recuperado, a Ponte Preta e o Vila Nova (GO) entraram no currículo do ex-atacante entre 2005 e 2006.

Em 2007, um novo bom momento foi vivido. No Noroeste, ele marcou 12 gols durante o Paulistão. Porém, no mesmo ano, o destaque não foi repetido ao defender o Paraná Clube no Brasileirão, competição em que a equipe acabou rebaixada.

– Eu acredito que dedicação não faltou da minha parte. Fiz dupla de ataque com o Josiel (artilheiro do nacional naquele ano), que depois jogaria no México, no Flamengo. Joguei 32 dos 38 jogos do time, pelo que me lembro, mas entendo a torcida ter pegado bastante no pé depois.

E a impaciência do torcedor do Paraná, que aumentaria na sequência, foi determinante para Vandinho voltar ao Noroeste no início de 2008. No Paulista daquele ano está uma partida que descreve com uma das mais marcantes. Contra o Palmeiras, treinado por Luxemburgo, logo em seu primeiro jogo no retorno, marcou o gol da vitória. Aos 39 minutos da etapa final, a bola foi tirada do lateral-esquerdo Leandro, e a finalização terminou no canto, sem chance para o goleiro Diego Cavalieri. Depois, o Verdão se sagrou campeão estadual.

Os anos de 2008 e 2009 trazem lembranças de boas atuações pelo São Caetano, como pela Série B de 2009. Ao lado de nomes como o atacante Washington, ex-Palmeiras, e Everton Ribeiro, hoje no Flamengo, o time do ABC paulista terminou na sétima posição, mas chegou a ficar perto de uma das quatro vagas para a Série A de 2010.

– De forma geral, foi uma boa Série B para todos. Tínhamos um time muito bom. Na reta final, não conseguimos manter, infelizmente.

O início da fase final

Ainda em 2009, o ex-atacante teve outra lesão no joelho, vista como a segunda mais séria da carreira. Na temporada seguinte, voltou a jogar, pelo Ceará. A partir desse momento, o epitaciano conta que foi quando começou a perceber que o rendimento já não era mais o mesmo, embora ainda estivesse com 30 anos.

O Marília, Sobradinho (DF) e Aparecidense (GO) foram os clubes seguintes, antes de parar em definitivo, após o encerramento da temporada 2013. Aos 33 anos, decidiu fechar essa etapa da vida, mesmo longe da meta de parar perto dos 40, como havia traçado anteriormente.

– Sempre achei que poderia jogar até uns 39, 40 anos. Sempre me cuidei, me dediquei. Não fica nenhuma frustração. Fiquei um pouco triste, sim, naquele momento. Mas, como converso com minha família, o que não poderia ter feito ali, jamais, era ter me entregado. Nesses casos, vemos até o risco de uma depressão. E acredito que venci isso.

Atualmente, ele trabalha na Diretoria de Esportes de Presidente Epitácio, colaborando na organização de competições e demais projetos. Quanto ao futuro, Vandinho acredita que esperar é a melhor saída agora, diante de um momento delicado e com prioridades mais pontuais. Porém, o futebol não sai da mira dos sonhos.

– Eu não sei. Estamos vivendo um ano complicado, não está sendo fácil para ninguém. Ainda é ano político, ninguém sabe o que vai acontecer. É melhor esperar. Tenho, sim, o sonho de trabalhar em uma equipe novamente. Isso também é uma vontade que ainda tenho.



Fonte: GloboEsporte.com