Ex-técnico do Vasco, Adilson Batista é apresentado no Cruzeiro e já projeta jogo de 2ª-feira em São Januário
Sábado, 30/11/2019 - 01:35
Pela terceira vez nesta temporada, o Cruzeiro apresentou um treinador na sala de imprensa da Toca da Raposa. Coube ao gestor de futebol Zezé Perrella e ao presidente Wagner Pires de Sá dar as boas-vindas a um velho conhecido: Adilson Batista. Ele terá a missão de, em menos de 10 dias, livrar o time do inédito rebaixamento. Segundo Perrella, o treinador seguirá no clube no ano que vem, independentemente do destino da Raposa. O contrato de Adilson vai até dezembro de 2020.

Vice-campeão da Libertadores com o Cruzeiro, em 2009, Adilson teve o primeiro contato com os comandados no início da tarde, antes de ir à sala de imprensa. Ele demonstrou confiança no elenco, que tem sido muito cobrado pelos torcedores ao longo do ano, mas afirmou: é preciso ter atitude.

- Já tive uma conversa. Já transpirei ali com eles. Já coloquei algumas coisas que eu acho que precisamos fazer. Ouvi. Escutar é importante neste momento. Mas nós precisamos ter atitude. Não adianta você falar e não fazer. Está aqui um treinador que, apesar dos 51 anos, já tem uma experiência para cobrar. E temos que cobrar. E é com eles. Só agradecer. São 24 horas de dedicação ao Cruzeiro. Vamos nos dedicar, nos concentrar, vamos conversar, trabalhar e colocar em prática na segunda-feira (contra o Vasco).

"Estou confiante, acredito muito neste elenco. Vamos reverter a situação. Começa na segunda-feira"

Questionado sobre o que vai precisar mudar na equipe em busca da fuga do rebaixamento, Adilson Batista foi claro: tem que trabalhar com intensidade.

- Eu preciso colocar os melhores. O futebol pede isso. A gente assiste toda hora à Premier League, adora a Premier League, então a gente tem que jogar igual na Premier League. E quem jogou assim foi o Flamengo, com intensidade.

"Se não tiver intensidade, não joga. E nós precisamos ter. E vamos ter"

Intensidade também foi o que Rogério Ceni quis impor ao time. Até conseguiu, vencendo o então líder Santos na estreia. A situação, no entanto, não durou muito, e ele acabou demitido após oito jogos, em função de problemas com o elenco. Questionado sobre o assunto, Adilson disse que ele vai conseguir, em uma semana e com pouco tempo para treinar, impor intensidade ao time.

"Quanto tempo o Rogério ficou? Então, eu tenho uma semana. Vai dar. O meu vai dar tempo, se Deus quiser"

E para dar ao time o padrão que ele precisa, Adilson Batista mira, nos treinamentos, a intensidade dos jogos. Para ele, não adianta treinar de uma forma e jogar de outra.

- É o que coloquei para eles: eu preciso treinar 100%. Não adianta eu treinar 50 e jogar 100. Então, eu preciso treinar da mesma forma que vamos jogar. Não tem como eu cobrar, falar, fazer uma avaliação de fora. Peço desculpas em relação a isso. Seria antiético também. Infelizmente, o tempo é escasso, e o pouco tempo que tem, você tem que mostrar o que você quer. Vou tentar fazer, para que realmente deem 100% nos treinamentos e nos jogos.

Outras repostas de Adilson Batista

O que te fez aceitar o convite?

- Feeling, experiência, observação... (Os jogadores do Cruzeiro) fizeram um grande jogo contra o Santos, contra o São Paulo, contra o Fluminense. O Avaí fez o jogo da vida. Eles fizeram, recentemente, bons jogos. Por que não? Fizeram contra o rival. É possível. Eu acredito, por isso eu vim.

Fase de Thiago Neves

- Eu não posso julgar pelo jogo de ontem (contra o CSA). O Thiago fez, errou, era o batedor, como outros já erraram. Não posso ser radical. A gente tem que ter alguns cuidados quando chega a um clube. Acabei de relatar para vocês que fizeram grandes jogos. Vamos resgatar como jogaram, como foram as escalações. Não foge muito. Claro que você pode mudar uma coisa ou outra, mas não ser tão radical, para não perder a essência. Eu acho que o jogo de ontem que esquecer. É página virada, um novo treinador, uma nova cobrança... O objetivo tem sido só um: escapar do rebaixamento. O Cruzeiro já vivenciou isso em 1994 e em 2011. Não era para estar passando por isso, mas precisamos reverter, e é com a gente. Eu faço parte disso, quero ajudar, dar minha contribuição.

Confiança no grupo cruzeirense

- E eu vim para um clube onde eu vejo qualidade. Esse grupo foi bicampeão da Copa do Brasil. Então, ninguém esquece de jogar bola. Confiança eu sempre passei. Autoestima, dar tranquilidade e trabalhar com intensidade, com objetivo, com discernimento e responsabilidade. É o que temos que ter

A saída recente do Ceará pode ajudar na luta contra a degola?

- Agradecer a oportunidade, fiz amigos, é um clube muito legal. Hoje, é um concorrente, é um desafio. É um jogo duro, difícil, o segundo turno sempre foi mais difícil. Eu acredito muito no Cruzeiro, por isso aceitei. Vamos fazer nossa parte, trabalhar em cima do Vasco, para ganhar o jogo em São Januário, e as coisas vão acontecendo. Depois temos Grêmio e Palmeiras, faz parte do processo.

Vai usar os meninos da base?

- Eu acho que a gente tem que ser inteligente e ter discernimento. Não é só lançar. O menino tem que ser preparado e colocado no momento certo. O Fábio Júnior foi vendido porque tinha o Muller ao lado. O Evanilson foi vendido porque tinha o Valdo ao lado. Precisamos ser inteligentes para lançar atletas jovens. O momento certo, oportuno... E não transferir. Se tem potencial, você consegue encaixar. Não terei medo de lançar, mas não podemos dar a responsabilidade somente a eles. Não é com loucura que saímos dessa situação. É com disciplina, treinamento, conversa, atitude... Isso é o que eu penso.

Vai barrar os "medalhões"?

- Se você puxar um histórico meu, eu tirei o Danrlei do Grêmio, ídolo do Grêmio, em 2003, substitui o Roberto Carlos dez vezes no Corinthians. Então, você já conhece a minha linha. Não é nome, tem que jogar bola. Comigo é jogar bola. Já está dado o recado, não está?



Fonte: GloboEsporte.com