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NETVASCO - 16/12/2009 - QUA - 18:00 - HÁ 20 ANOS O VASCO ERA BICAMPEÃO BRASILEIRO



Os heróis da decisão: em pé, Mazinho, Winck, Zé do Carmo, Quiñónez, Marco Aurélio e Acácio; agachados, William, Sorato, Boiadeiro, Bebeto e Bismarck.

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Em uma partida eletrizante disputada no dia 16 de dezembro de 1989, no campo adversário, repleta de emoção, o Vasco ao bater o São Paulo pelo placar mínimo se tornava bicampeão brasileiro. Foi uma atuação praticamente impecável de um time que ao longo daquela competição teve que comprovar em campo o seu favoritismo no papel. Durante o curto período em que foi disputado o campeonato – pouco mais de três meses –, o Gigante da Colina lutou contra o desentrosamento, contusões e o descrédito de quem não confiava na qualidade dos seus jogadores, grande parte com participação na seleção brasileira.

Naquela tarde quente, véspera de eleição presidencial (a primeira após mais de duas décadas de ditadura militar), o Almirante fez sua melhor apresentação no Brasileiro. Uma atuação equilibrada dos onze heróis que entraram em campo e assim permaneceram durante os noventa minutos. Curiosamente, foi a única partida da campanha em que o comandante Nelsinho não realizou substituições. Todos tiveram sua importância e cumpriram bem a missão de trazer depois de quinze anos a taça de campeão brasileiro de volta para São Januário. Com muita objetividade, força defensiva, talento e gana de vencer.

Fórmula do Campeonato Brasileiro de 1989

O Campeonato Brasileiro de 1989 foi jogado por 22 clubes. Na 1ª Fase, havia dois grupos com 11 equipes e os confrontos ocorreram dentro de cada chave somente em um turno. Ao fim de dez rodadas, os três piores colocados deixaram de disputar o título da temporada, participando do chamado Torneio da Morte, que rebaixou três times à 2ª Divisão*.

Na Fase seguinte, as oito equipes restantes de cada grupo enfrentaram os adversários da outra chave, somando-se os pontos aos obtidos no turno. O vencedor de cada chave foi para a decisão que poderia ser disputada em um ou dois jogos. O time de melhor campanha jogava por dois pontos apenas e caso vencesse a primeira luta, garantiria a taça.

*Originalmente, seriam quatro os times rebaixados no Torneio da Morte. Porém, o Coritiba, por ter se recusado a enfrentar o Santos na 1ª Fase, foi punido pela CBF com WO, perda de cinco pontos e com rebaixamento imediato.

Clique aqui para conferir a tabela completa do Campeonato Brasileiro de 1989 no site da RSSSF.

A trajetória na primeira fase

Depois de um início e meio de temporada ruins, em que nenhuma das metas foi alcançada – o Vasco havia terminado o Campeonato Carioca na 3ª colocação (lutava pelo tri) e sido eliminado em casa pelo Vitória-BA ainda nas oitavas-de-final da 1ª Copa do Brasil –, a diretoria se mexeu e contratou do rival, em uma das mais sensacionais jogadas de bastidores, o craque Bebeto, ídolo na Gávea, que era um dos destaques da seleção brasileira. Além do “Baianinho”, vieram o lateral Luís Carlos Winck; o volante Andrade, também ex-atleta rubro-negro, que retornava da Itália; o meio-campo Marco Antônio Boiadeiro, o primeiro a chegar; e o ponta-esquerda Tato, com vitoriosa passagem no Tricolor das Laranjeiras. Posteriormente, ainda chegariam mais dois reforços durante a caminhada: o meio-campo Tita, que retornava ao clube após dois anos de futebol mexicano; e Quiñónez, destaque da seleção equatoriana na Copa América disputada meses antes no Brasil.

Com tantas contratações era de se imaginar que o campeonato tivesse um favorito absoluto à conquista do troféu. Mas o que ninguém poderia prever é que muitos obstáculos seriam postos à frente dos cruzmaltinos, dificuldades que quase fizeram o time fracassar. O também estreante técnico Nelsinho, que teve a incumbência de montar uma equipe durante o torneio, passou por maus momentos tantos foram os casos de lesão de seus atletas. Bebeto, seu principal jogador, com sucessivos problemas musculares, não conseguia ter uma sequência de partidas. Além dele, Winck, Célio e Andrade também se machucaram na competição.

O Vasco iniciou com o pé direito ao derrotar o Cruzeiro no Mineirão por 1x0. A vitória ainda teve um sabor especial já que no último minuto da partida Acácio defendeu uma penalidade máxima cobrada por Gilson Jáder. Na rodada seguinte, atuando em seus domínios, obtém seu primeiro tropeço, diante do Coritiba: 1x1. Na estreia de Bebeto, na Vila Belmiro, o time já mostra um pouco do seu potencial e vence o time santista de virada: 2x1. De volta à Cidade Maravilhosa, outro resultado inesperado, mais pela circunstância do que propriamente pelo placar, dessa vez contra o campeão de 1988, o Bahia. Depois de uma etapa inicial sem gols, o Tricolor baiano sai na frente, mas toma uma virada relâmpago. No fim, o adversário empata e frustra novamente a torcida vascaína em casa: 2x2.

Ainda lutando pela ponta da tabela, o Almirante faria contra o Fluminense um confronto que poderia valer a liderança, já que a equipe tricolor se encontrava dois pontos à frente, porém com uma partida a mais. O empate sem gols decepciona todos os presentes, mas a falta de ousadia do time das Laranjeiras foi mais motivo de críticas negativas do que o visível desentrosamento da equipe vascaína e da evidente falta de preparo físico de alguns de seus atletas. A vitória de virada sobre o Goiás em São Januário (4x1), depois de um segundo tempo envolvente, impulsiona de vez a equipe rumo ao seu objetivo que era mesmo a conquista do caneco. Novo triunfo dentro de seu estádio, diante do Grêmio (3x1), carimba definitivamente o clube da Cruz de Malta como favorito.

A perda da invencibilidade vem justamente contra o mais perigoso rival do seu grupo: o Palmeiras, que se aproximava na tabela. Jogando no Parque Antarctica, o time leva um gol logo no início e não consegue reagir. Perigo verde à vista! A luz amarela se acende! Pior do que a derrota seria o fato de que no jogo seguinte contra a Portuguesa a equipe teria de botar em campo sua zaga inteiramente reserva devido às lesões e suspensão pelo terceiro cartão amarelo. A Lusa vinha reforçada pelo ídolo Roberto Dinamite, emprestado pelo próprio Vasco ao clube paulista até o fim do ano. A visita do maior artilheiro em Brasileirões até São Januário, agora como adversário, traz uma sensação estranha aos presentes. O jogo é equilibrado e a inexperiente zaga consegue sem muita dificuldade barrar as ações de Roberto, que esteve pouco inspirado. Em sua única chance de verdade, ele erra o chute de frente para o goleiro Acácio. Na entrevista ao fim da peleja, ele disse ter sentido a presença de um “beque fantasma” no lance. Mistério...

Na mesma rodada em que empatou com Portuguesa, o Vasco viu de vez a liderança mudar de mãos. Com a vitória sobre o Flu no Maracanã, o Palmeiras se isolava na ponta da classificação. O time de São Januário, com um jogo a menos, fecharia o turno contra o Sport, na partida que encerraria a primeira fase. O time pernambucano tentava evitar sua participação no Torneio da Morte. Mas um gol surpresa no fim da luta traz uma série de consequências: Tato dá a vitória ao Almirante, que agora se igualava em pontos ao alviverde (perdendo, no entanto, no critério de vitórias), salva a pele do Santos, que continuaria na competição, e empurra o rubro-negro de Recife para fora do campeonato.

Returno de tirar o fôlego

Se no turno o Gigante da Colina passou boa parte sendo vidraça, na continuação se tornaria pedra. O primeiro desafio na segunda fase seria o São Paulo, que não vinha tão bem das pernas. O palco escolhido para a estreia do equatoriano Quiñónez e a reestréia de Tita seria o Maracanã. O público compareceu em bom número, mas a qualidade do espetáculo foi inversamente proporcional à presença da plateia. Jogo truncado, sem lances de perigo e com muita correria nas arquibancadas. A briga entre torcidas organizadas rivais (inclusive de estados diferentes) já era motivo de preocupação das autoridades policiais. O placar poderia ter sido claramente a nota para a atuação dos times: 0x0. Na Paulicéia, o Palmeiras vence o Inter gaúcho e se isola de novo na ponta.

Na rodada seguinte, o Vasco viveria seu inferno astral na competição. Jogando contra o Urubu, que tentava uma reação no campeonato, o time cruzmaltino sofre sua segunda queda no certame. Pior que perder é ser derrotado pelo rival com dois gols de Bujica, um dos piores atacantes que o clube da Gávea teve em duas décadas. Além disso, Bebeto, que pela primeira vez enfrentava seu ex-clube, caiu na provocação dos adversários e acabou sendo expulso juntamente com o goleiro rubro-negro Zé Carlos. Pelo menos uma notícia razoável vinha de terras paulistanas: o Palmeiras não havia vencido seu duelo contra o São Paulo. Página virada.

O sinal de alerta estava mais do que aceso. A Portuguesa já estava ao lado do Vasco, ambos com 15 pontos. O time alviverde dois pontos à frente. E do pelotão de trás vinha chegando o Cruzeiro, com 14. O próximo duelo seria em Limeira contra a Internacional, que já a essa altura era um simples participante do Brasileirão. Depois de sair na frente, o time perde o poder ofensivo, cede o empate, toma a virada, mas reage e sai com um ponto do interior paulista. Terceiro jogo seguido sem vitória. Mau resultado? Poderia ter sido ainda pior. No dia seguinte, o rival da Gávea dá uma ajudinha e arranca um empate no Palestra no minuto final da partida. A diferença permaneceu a mesma. Só que naquela altura, não era somente a Lusa (que também empatara na rodada) a estar ao nosso lado: o clube azul de BH, depois de sua terceira vitória seguida, chegava também aos 16 pontos.

A partida contra o Náutico, em São Januário, foi nervosa. A torcida cruzmaltina sabia que não assinalar dois pontos em sua própria casa contra um adversário praticamente sem objetivos seria jogar no lixo a esperança de levar a taça. O Vasco faz um gol na etapa inicial, mas a tranquilidade vem no começo da fase final quando a diferença aumenta para três. Os pernambucanos diminuem, assinalam o segundo e a galera fica de novo de coração apertado. No fim, Bebeto faz o quarto e acaba com a tensão vascaína: 4x2. Na mesma rodada, a Lusa segue firme na briga, mas o Cruzeiro perde. A alegria aumentaria ainda mais quatro dias depois: o líder Palmeiras perderia ponto em Limeira. A diferença caíra para um.

A sucessão de partidas decisivas não parava. A próxima seria no Maracanã contra o Atlético mineiro, que também batalhava para chegar à final em sua chave. Esse regulamento tão criticado no início acabou por causar um desfecho dos mais emocionantes ao campeonato. Nada mais do que cinco equipes de um lado e quatro de outro mantinham as esperanças de ir à decisão. O Vasco joga melhor, mas sai atrás e busca a igualdade que acontece ainda no primeiro tempo. O placar não se altera. A situação ainda permanece a mesma. Em Recife, o Náutico também atrapalha a vida dos palmeirenses que só arrumam um empate. A Portuguesa cai diante do Botafogo e se afasta mais da briga. Por outro lado, o Cruzeiro ganha seu jogo, mas elimina de vez o Urubu da competição.

O clássico contra o Alvinegro só não era uma decisão porque não havia taça em disputa naquela noite no Maior do Mundo. Mas era de fato uma final para os dois. O Glorioso também era o vice-líder em seu grupo com dois pontos e um jogo a menos do que o São Paulo. O time vascaíno sai na frente e vence a primeira etapa. O Botafogo joga melhor no tempo final, reage, vira com gol contra do adversário, mas um jovem promessa que já havia sido personagem importante na campanha do bicampeonato carioca do Vasco em 87/88 aparece novamente para salvar a equipe: Sorato. Ele empata de cabeça a cinco minutos do fim, tira a liderança momentânea do time de General Severiano e devolve a esperança ao Gigante da Colina, mesmo sabendo que o triunfo palmeirense sobre o Galo no mesmo dia deixava o título cada vez mais longe. A Lusa perde para o Corinthians, que se mantém vivo no torneio no outro grupo. O alvinegro do Parque São Jorge seria o próximo desafio do Almirante. A Raposa tropeça em Limeira mas permanece, assim como a Portuguesa, com chances bem remotas de brigar pelo título.

O jogo contra o Corinthians no Morumbi foi marcado por uma arbitragem bastante ruim. O clima pesado entre as torcidas ainda piorou com a presença do péssimo juiz de futebol no apito. A galera corintiana, carente de um título nacional, sabia que estava a dois passos de chegar a uma final de Brasileiro, o que não conseguia desde o período em que ainda se encontrava no quase interminável jejum de títulos paulistas (1976). O empate seria um desastre para ambas as equipes. O Vasco, com uma formação bastante ofensiva, mostra que está a fim de correr riscos. Era matar ou morrer. E com gol (mais uma vez) do garoto Sorato, nos acréscimos da etapa primeira, o Gigante da Colina pisa no adversário e ainda comemora a vitória botafoguense conseguida nos minutos finais no Rio para cima de um desconfiado e já sofrido Palmeiras, que vivia sua 13ª temporada sem troféus. Lusa e Cruzeiro vencem seus jogos e ainda sonham.

A rodada da classificação

Nada mais, nada menos do que doze finais seriam possíveis após o findar das cinco partidas que decidiriam a fase preliminar do Campeonato Brasileiro. No Morumbi, Palmeiras x Corinthians; no Mineirão, Cruzeiro x Atlético; no Canindé, Portuguesa x São Paulo; no Beira-Rio, Inter x Vasco; e na Vila Belmiro, Santos x Botafogo. O ascendente Tricolor paulista de um lado e o ressabiado Verdão do outro somente dependiam de suas próprias forças para se encontrarem na finalíssima. O restante teria de vencer e torcer contra.

No intervalo dos jogos (todos disputados no mesmo horário), os resultados apontavam a final entre Botafogo e Cruzeiro, que venciam seus adversários pelo score mínimo. Mas os gols foram saindo, primeiro no Rio Grande do Sul, onde Bebeto, autor de dois tentos, praticamente sacramentava a participação vascaína na final, já que em São Paulo o alviverde não conseguia reverter a vantagem mínima dos corintianos. A Raposa ao engolir o Galo morreria a seguir abraçada ao cadáver atleticano. Restava saber se o Glorioso iria chegar à sua segunda final consecutiva no ano em que conseguiu sair da fila na esfera regional depois de 21 anos.

Mas quis o destino que tivéssemos pela primeira vez uma final entre dois times da capital de Rio e São Paulo pela primeira vez em uma competição nacional. O gol de Edivaldo ao faltarem onze minutos para o fim da partida dá a vitória ao Tricolor paulista diante da Lusa (que não teve Dinamite àquele dia, suspenso pelo terceiro cartão amarelo). A decisão seria então entre a “Sele-Vasco” e a “Sele-São Paulo”, como eram chamadas as duas grandes equipes, repletas de jogadores que já tinham tido passagem pela seleção principal do nosso país.

O jogo do título

O Morumbi não lotou, mas recebeu grande público naquele dia ensolarado às vésperas do verão brasileiro. O país vivia intensamente o clima das eleições presidenciais, que teriam, no dia seguinte, no voto popular, a decisão entre Collor e Lula, candidatos que haviam chegado ao segundo turno tecnicamente empatados nas pesquisas de opinião. Nos gramados, Vasco e São Paulo viviam situação parecida, tendo ambos tido que lutar muito para conseguir chegar àquela final de campeonato. E ninguém arriscava um palpite.

O Tricolor paulista, campeão em seu estado, tinha uma base já formada desde o começo do ano. Depois de um início ruim no certame, o time foi se encontrando e conseguiu recuperar seu prestígio ao fim da fase preliminar. O Almirante, montado em cima da hora para o Brasileirão, foi mais instável ao longo da competição. O sprint final foi realmente digno de um time que estava focado para o objetivo de levar um título que fazia tempo que não conquistava. Se de um lado estavam Gilmar, Ricardo Rocha, Nelsinho, Raí, Bobô e Edivaldo, no outro havia Acácio, Winck, Mazinho, Bismarck, Tita, William e Bebeto. Quem triunfaria?

Com a vantagem por ter feito melhor campanha no campeonato, o time carioca jogava por mais dois pontos, que poderiam vir em dois empates ou mesmo em uma vitória somente, o que daria ponto final ao Brasileirão. Além disso, cabia a este mesmo clube a escolha do local da primeira partida. A diretoria do Vasco, sabendo que poderia perder a primeira decisão que mesmo assim teria direito a uma revanche, atende ao pedido do elenco, preferindo jogar a responsabilidade da vitória em casa para o time paulista. Dessa forma, marcou o jogo para o Morumbi. Estádio, aliás, que duas semanas antes havia sido palco de uma bela vitória dos vascaínos sobre o Corinthians. Curiosamente, naquele Campeonato Brasileiro, em cinco jogos no Maracanã, nenhuma vitória havia sido conquistada. Em contrapartida, nas sete partidas em que realizou fora de casa, o Gigante da Colina conseguira derrotar seus adversários em cinco oportunidades. Superstição ou fato?

Empolgada e otimista, a torcida cruzmaltina viajou até a vizinha capital em mais de cem ônibus fretados apenas para aquele duelo. Calcula-se que cerca de quinze mil vascaínos estiveram presentes no estádio. E o que se viu naquele dia 16 de dezembro de 1989 foi uma equipe vascaína que soube explorar a ansiedade adversária, produzindo um jogo muito inteligente, com estocadas na hora certa, sempre com jogadas de ataque que aliavam organização dos movimentos e velocidade na medida exata. Foi assim que caiu por terra uma invencibilidade de treze jogos do time paulista que em nenhum momento se sentiu senhor da partida. Nem mesmo depois do gol sofrido, quando o desespero são-paulino aumentou e a tática suicida apoderou a da razão, o Vasco se sentiu pressionado.

A segurança daquele time com dez camisas pretas e com um gigante de camisa amarela foi admirável. Se “São” Acácio foi obrigado a praticar pelo menos duas defesas excelentes, o contra-ataque cruzmaltino só não acabou de vez com o jogo no segundo tempo por detalhe. Se muitos duvidaram se haveria tempo para entrosar um time em pouco mais de uma metade de semestre, o que aquele grupo provou naquela bonita tarde de sábado na capital paulista foi que sim, que era possível. E que aquela atuação brilhante que acabara de realizar no Morumbi, em pleno campo inimigo, havia deixado marcas profundas de felicidade que jamais poderão ser apagadas da lembrança de milhões de torcedores apaixonados pelo Club de Regatas Vasco da Gama.

O lance do gol

Depois de uma ótima sequência de passes, a bola é tocada na lateral direita para Winck. Ele percebe os atacantes bem colocados na área e cruza com força e jeito. Com uma cabeçada certeira, Sorato aparece no segundo pau e estufa as redes do goleiro. Era o terceiro gol do novato artilheiro nas últimas quatro partidas, provando que tinha estrela para os momentos decisivos.


FICHA DA DECISÃO

SÃO PAULO 0 X 1 VASCO

Estádio: Morumbi - São Paulo (SP)

Sábado, 16 de dezembro de 1989.
Hora: 16 horas

Árbitro: Wilson Carlos dos Santos
Renda: NCz$ 2.394.435,00
Público: 71.552 pagantes

Gol: Sorato aos 5’ do 2º tempo.

VASCO: Acácio, Luís Carlos Winck, Marco Aurélio, Quiñónez, Mazinho; Zé do Carmo, Boiadeiro, Bismarck, William; Bebeto e Sorato. Técnico: Nelsinho Rosa.

SÃO PAULO: Gilmar, Netinho, Adílson, Ricardo Rocha, Nelsinho; Flávio, Bobô, Raí; Mário Tilico, Ney e Edivaldo (Paulo César). Técnico: Carlos Alberto Silva.


CAMPANHA

19 J; 9 V; 8 E; 2 D; 27 GP; 16 GC; Saldo +11




* NCz$ significa Cruzados Novos, a moeda do Brasil na época.


ARTILHARIA





ELENCO





FICHAS TÉCNICAS

1º TURNO

Quinta-feira, 7 de setembro de 1989.
Cruzeiro 0x1 Vasco
Estádio: Mineirão
Árbitro: Davi Sidnei Rodrigues Aveiro
Gol: Vivinho aos 5/2ºT
Cruzeiro: Paulo César, Balu, Gilson Jáder, Adilson, Genilson; Paulo Isidoro, Betinho, Daniel (Édson); Heyder, Careca (Hamilton) e Marcinho. Técnico: Ênio Andrade
Vasco: Acácio, Luís Carlos Winck, Célio, Marco Aurélio, Mazinho; Zé do Carmo, Andrade (França), Boiadeiro; Bismarck, Vivinho e Tato. Técnico: Nelsinho Rosa
Obs: Acácio defendeu um pênalti cobrado por Gilson Jáder aos 45/2ºT.

Domingo, 10 de setembro de 1989.
Vasco 1x1 Coritiba
Estádio: São Januário
Árbitro: José de Assis Aragão
Gols: Vivinho 4/2ºT (VAS) e Carlos Alberto Dias 26/2ºT (COR).
Vasco: Acácio, Luís Carlos Winck, Célio, Marco Aurélio, Mazinho; Zé do Carmo, Andrade (França), Boiadeiro; Bismarck, Vivinho e Tato (Sorato). Técnico: Nelsinho Rosa
Coritiba: Gérson, Márcio, Vica, João Pedro, Polaco; Osvaldo, Carlos Alberto Dias (Marildo), Tostão; Ronaldo (Marco Aurélio), Serginho e Kazu. Técnico: Edu Antunes

Domingo, 17 de setembro de 1989.
Santos 1x2 Vasco
Estádio: Vila Belmiro
Árbitro: Márcio Rezende de Freitas
Gols: Ernâni 19/1ºT (SAN) e Bebeto 30/1ºT (VAS); Boiadeiro 6/2ºT (VAS).
Santos: Sérgio, Ditinho, Davi, Luís Carlos, Wladimir; César Sampaio, César Ferreira (Tuíco), Ernani; Heriberto, Carlinhos e Paulinho. Técnico: Nicanor de Carvalho
Vasco: Acácio, Luís Carlos Winck, Célio, Marco Aurélio, Mazinho; Zé do Carmo, Andrade, Boiadeiro; Vivinho, Bebeto e Bismarck (William). Técnico: Nelsinho Rosa

Domingo, 24 de setembro de 1989.
Vasco 2x2 Bahia
Estádio: São Januário
Árbitro: Ivo Tadeu Scatolla
Gols: Charles (p) 14/2ºT (BAH), Bismarck 23/2ºT (VAS), Bismarck 26/2ºT (VAS) e Charles 41/2ºT (BAH).
Vasco: Acácio, Mazinho, Célio, Marco Aurélio, Cássio; Zé do Carmo, Andrade, Boiadeiro (William); Vivinho (Sorato), Anderson e Bismarck. Técnico: Nelsinho Rosa
Bahia: Ronaldo, Maílson, João Marcelo, Claudir, Paulo Róbson; Paulo Rodrigues (Vágner), Da Silva, Luís Fernando; Gil, Charles e Marquinhos. Técnico: Evaristo de Macedo

Domingo, 1º de outubro de 1989.
Fluminense 0x0 Vasco
Estádio: Maracanã
Árbitro: Arnaldo César Coelho
Fluminense: Ricardo Pinto, Cocada, Rangel, Alexandre Torres, Edgar; Vítor, Donizete Oliveira, Vander Luís; Marcelo Henrique (Careca), Márcio Luís e Marquinho. Técnico: Procópio Cardoso
Vasco: Acácio, Mazinho, Célio, Marco Aurélio, Cássio; Zé do Carmo, Andrade, Boiadeiro; Vivinho (Anderson), Bebeto e Bismarck. Técnico: Nelsinho Rosa

Quarta-feira, 4 de outubro de 1989.
Vasco 4x1 Goiás
Estádio: São Januário
Árbitro: Ulisses Tavares da Silva Filho
Expulso: Boni 30/1ºT (GOI)
Gols: Túlio 47/1ºT (GOI); Mazinho 9/2ºT (VAS), Bebeto 17/2ºT (VAS), Célio 23/2ºT (VAS) e Bismarck 37/2ºT (VAS).
Vasco: Acácio, Luís Carlos Winck, Célio, Marco Aurélio, Mazinho; Andrade, Boiadeiro, William; Vivinho (Tato), Bebeto (Anderson) e Bismarck. Técnico: Nelsinho Rosa
Goiás: Eduardo, Wallace Carioca, Gomes, Boni, Jorge Batata; Richard, Carlos Magno (Ronaldo Castro), Péricles; Níltinho, Túlio e Wallace Goiano (Dalton). Técnico: Gainete

Domingo, 8 de outubro de 1989.
Vasco 3x1 Grêmio
Estádio: São Januário
Árbitro: Édson Resende de Oliveira
Gols: Bismarck 34/1ºT (VAS) e William 36/1ºT (VAS); Cuca 13/2ºT (GRE) e Bismarck (p) 33/2ºT (VAS).
Vasco: Acácio, Luís Carlos Winck (Cássio), Célio, Marco Aurélio, Mazinho; Zé do Carmo, Andrade (Tato), Boiadeiro; Bismarck, Anderson e William. Técnico: Nelsinho Rosa
Grêmio: Gomes, Alfinete, Luís Eduardo, Edinho, Hélcio (Sinuê); Jandir, André (Gílson), Cuca; Sérgio Araújo, Adílson Heleno e Assis. Técnico: Cláudio Duarte

Quarta-feira, 18 de outubro de 1989.
Palmeiras 1x0 Vasco
Estádio: Parque Antárctica
Árbitro: Renato Marsíglia
Gol: Gaúcho 2/1ºT (PAL).
Palmeiras: Velloso, Édson, Toninho, Marco Antônio, Dida; Elzo, Bandeira, Careca (Celso Gomes); Buião (Ditinho Souza), Gaúcho e Paulinho Carioca. Técnico: Emerson Leão
Vasco: Acácio, Mazinho, Célio (Leonardo), Marco Aurélio, Cássio; Zé do Carmo, Andrade (Tato), Boiadeiro; Bismarck, Anderson e William. Técnico: Nelsinho Rosa

Sábado, 21 de outubro de 1989.
Vasco 0x0 Portuguesa
Estádio: São Januário
Árbitro: José de Assis Aragão
Vasco: Acácio, Ayupe, Sídney, Leonardo, Cássio; Zé do Carmo, Andrade, William; Boiadeiro, Anderson (Vivinho) e Tato. Técnico: Nelsinho Rosa
Portuguesa: Sidmar, Zanata, Eduardo, Henrique, Lira; Capitão, Márcio Araújo, Biro-Biro, Toninho, Roberto Dinamite e Jorginho. Técnico: Antônio Lopes

Quarta-feira, 25 de outubro de 1989.
Sport 0x1 Vasco
Estádio: Ilha do Retiro
Árbitro: Carlos Sérgio Rosa Martins
Gol: Tato 42/2ºT (VAS).
Sport: Márcio Melo, Heraldo, Márcio Alcântara, Amaral, João Pedro; Lopes, Dinho, André (Édson); Barbosa, Marcus Vinícius e Jorge Veras. Técnico: Nereu Pinheiro
Vasco: Acácio, Luís Carlos Winck, Leonardo, Marco Aurélio, Mazinho; Zé do Carmo, Andrade, William (Vivinho); Bismarck, Bebeto e Tato (Cássio). Técnico: Nelsinho Rosa

2º TURNO

Domingo, 29 de outubro de 1989.
Vasco 0x0 São Paulo
Estádio: Maracanã
Árbitro: Arnaldo César Coelho
Vasco: Acácio, Mazinho, Marco Aurélio, Quiñónez, Cássio; Zé do Carmo, Andrade (Vivinho), Tita; Bismarck, Bebeto e Tato (William). Técnico: Nelsinho Rosa
São Paulo: Anselmo, Zé Teodoro, Adílson, Ricardo Rocha, Nelsinho; Flávio (Bernardo), Raí, Bobô; Mário Tilico, Ney e Paulo César. Técnico: Carlos Alberto Silva

Domingo, 5 de novembro de 1989.
Vasco 0x2 Flamengo
Estádio: Maracanã
Árbitro: Luís Carlos Félix Ferreira
Expulsos: Bebeto (VAS) e Zé Carlos (FLA) 9/2ºT.
Gols: Bujica 30/1ºT (FLA) e Bujica 8/2ºT (FLA).
Vasco: Acácio, Luís Carlos Winck, Leonardo, Quiñónez, Mazinho; Zé do Carmo, Andrade (Vivinho), Boiadeiro (William); Tita, Bebeto e Bismarck. Técnico: Nelsinho Rosa
Flamengo: Zé Carlos, Josimar, Júnior Capacete, Fernando, Leonardo; Aílton, Luís Carlos (Zé Carlos Paulista), Zico; Alcindo, Bujica (Nando) e Zinho. Técnico: Valdir Espinosa

Sábado, 11 de novembro de 1989.
Internacional (Limeira-SP) 2x2 Vasco
Estádio: Limeirão
Árbitro: Carlos Sérgio Rosa Martins
Gols: Tita 19/1ºT (VAS) e China 40/1ºT (INT); Aurélio Carioca 8/2ºT (INT) e Bismarck (p) 10/2ºT (VAS).
Internacional: Silas, China, Edvaldo, Toninho Carlos (Valdir Carioca), Paulo Mendes; Gérson, Mendonça, Marquinhos; Silvinho, Ronaldo Marques (Paulo Matos) e Aurélio Carioca. Técnico: Levir Culpi
Vasco: Acácio, Mazinho, Leonardo (Luís Carlos Winck), Quiñónez, Cássio; Zé do Carmo, França, Tita; Bismarck, Anderson (Vivinho) e Tato. Técnico: Nelsinho Rosa

Domingo, 19 de novembro de 1989.
Vasco 4x2 Náutico
Estádio: São Januário
Árbitro: Renato Marsíglia
Gols: Cássio 13/1ºT (VAS); Bebeto 5/2ºT (VAS), Bismarck 7/2ºT (VAS), Ocimar 13/2ºT (NAU), Bizú 40/2ºT (NAU) e Bebeto 45/2ºT (VAS).
Vasco: Acácio, Mazinho, Marco Aurélio, Quiñónez, Cássio; Zé do Carmo, França (Boiadeiro), Tita; Bismarck, Bebeto e Tato (Vivinho). Técnico: Nelsinho Rosa
Náutico: Mauri, Barros, Freitas (Levi), Vavá, Júnior; Gena, Erasmo, Léo; Nivaldo, Bizú e Ocimar (Cal). Técnico: Paulo César Carpeggiani

Domingo, 26 de novembro de 1989.
Vasco 1x1 Atlético-MG
Estádio: Maracanã
Árbitro: Arnaldo César Coelho
Expulso: Éder 7/2ºT (ATL).
Gols: Saulo 17/1ºT (ATL) e Bismarck 46/1ºT (VAS).
Vasco: Acácio, Mazinho, Marco Aurélio, Quiñónez, Cássio; Zé do Carmo, França (Boiadeiro), Tita; Bismarck, Bebeto e Tato (Vivinho). Técnico: Nelsinho Rosa
Atlético-MG: Maurício, Luís Cláudio (Carlão), Flávio, Paulo Sérgio, Paulo Roberto; Moacir, Marquinhos (Altivo), Saulo; Mauricinho, Gérson e Éder. Técnico: Jair Pereira

Quarta-feira, 29 de novembro de 1989.
Botafogo 2x2 Vasco
Estádio: Maracanã
Árbitro: Renato Marsíglia
Gols: Tita 30/1ºT (VAS); Valdeir 3/2ºT (BOT), Zé do Carmo (contra) 22/2ºT (BOT) e Sorato 40/2ºT (VAS).
Botafogo: Ricardo Cruz, Vanderlei, Wilson Gottardo (Gustavo), Mauro Galvão, Marquinhos; Gonçalves, Luisinho, Carlos Alberto Santos; Donizete, Mílton Cruz e Valdeir (Cosme). Técnico: Edu Antunes
Vasco: Acácio, Mazinho, Marco Aurélio, Quiñónez, Cássio (Luís Carlos Winck); Zé do Carmo, Boiadeiro, Tita; Bismarck, Bebeto e Tato (Sorato). Técnico: Nelsinho Rosa

Domingo, 3 de dezembro de 1989.
Corinthians 0x1 Vasco
Estádio: Morumbi
Árbitro: Gílson Ramos Cordeiro
Gol: Sorato 47/1ºT (VAS).
Corinthians: Ronaldo, Giba, Wilson Mano, Dama, Denys; Tosin, Barbieri, Neto (Rizza); Fabinho, Cláudio Adão (Viola) e João Paulo. Técnico: Basílio
Vasco: Acácio, Luís Carlos Winck, Marco Aurélio, Quiñónez, Mazinho; Zé do Carmo, Boiadeiro, Tita (William); Bebeto, Sorato e Tato. Técnico: Nelsinho Rosa

Domingo, 10 de dezembro de 1989.
Internacional 0x2 Vasco
Estádio: Beira-Rio
Árbitro: Manoel Serapião Filho
Gols: Bebeto 17/2ºT (VAS) e Bebeto 25/2ºT (VAS).
Internacional: Ademir Maria, Chiquinho, Norton, Maurício, Casemiro; Norberto, Bonamigo, Luvanor; Zé Carlos (Roberto Carlos), Nélson e Marquinhos (João Carlos). Técnico: Carbone
Vasco: Acácio, Luís Carlos Winck, Marco Aurélio, Quiñónez, Mazinho; Zé do Carmo, Boiadeiro, Bismarck; Bebeto (Vivinho), Sorato e Tato (William). Técnico: Nelsinho Rosa

FINAL

Sábado, 16 de dezembro de 1989.
São Paulo 0x1 Vasco
Estádio: Morumbi
Árbitro: Wilson Carlos dos Santos
Gol: Sorato 5/2ºT (VAS).
São Paulo: Gilmar, Netinho, Adílson, Ricardo Rocha, Nelsinho; Flávio, Raí, Bobô; Mário Tilico, Ney e Edivaldo (Paulo César). Técnico: Carlos Alberto Silva
Vasco: Acácio, Luís Carlos Winck, Marco Aurélio, Quiñónez, Mazinho; Zé do Carmo, Boiadeiro, Bismarck; Bebeto, Sorato e William. Técnico: Nelsinho Rosa


OS CAMPEÕES

Acácio Cordeiro Barreto – Único a atuar em todas as partidas. Não só manteve a regularidade como brilhou na reta final da campanha. “São” Acácio alcançou o ápice em sua vitoriosa carreira com essa conquista. E carimbou o passaporte para a Copa de 90, mesmo que na reserva do excelente Taffarel.

Luís Carlos Winck – Contratado para fazer a torcida esquecer o também gaúcho Paulo Roberto – nos bons e nos maus momentos –, Winck sofreu com as falta de sequência na competição, devido às contusões. Mesmo assim teve ótima participação nos últimos três jogos. Deu o cruzamento para o gol que decidiu o Brasileiro.

Marco Aurélio Ayupe – Atuou apenas em uma partida e teve que enfrentar o ídolo Roberto Dinamite, que pela primeira vez enfrentava seu ex-time e logo em São Januário.

Iomar do Nascimento (Mazinho) – Mazinho é daqueles jogadores que valia a pena ser observado nos noventa minutos. Depois que foi deslocado pelo técnico Joel Santana para atuar na lateral do campo, sua carreira decolou. Eleito pela terceira vez seguida como melhor lateral esquerdo do campeonato, esse ágil e habilidoso atleta paraibano mostrou toda sua versatilidade ao atuar no mesmo nível de maestria tanto do lado esquerdo, quanto do lado direito (onde, aliás, havia atuado como titular na Copa América vencida pelo Brasil depois de 40 anos). Craque de bola.

Cássio Alves de Barros – Em sua primeira temporada no time de cima, o jovem lateral esquerdo formado no clube, apresentou na equipe principal as mesmas características que o tornaram destaque na base: velocidade e objetividade, além do chute forte. Artilheiro nos juniores, Cássio ganhou várias oportunidades devido às lesões do titular da lateral oposta Winck, que era substituído por Mazinho. E foi um bom substituto deste último. Deixou sua marca de goleador ao fazer um tento contra o Náutico.

Vagno Célio do Nascimento Silva – Muito vigor e pouca experiência. Vinha cumprindo boas atuações até se contundir na partida contra o Palmeiras. Fez um gol de falta.

Marco Aurélio Cunha dos Santos – Contratado depois de se destacar muito jovem no América do Rio, esse zagueiro esguio e leve, com boa habilidade, ganhou a titularidade pouco antes de o Campeonato Brasileiro de iniciar. Algumas vezes prendia a bola demais e assustava a torcida tal a sua calma em jogar futebol. Fora esses pequenos deslizes, foi um zagueiro seguro e regular.

Sídney dos Santos – Proveniente também da base, Sidney fez sua estreia no famoso jogo em que Roberto enfrentaria o Vasco pela Lusa paulista. Com estatura inadequada para zagueiro, o baixinho compensava esta deficiência com ótima impulsão, razoável técnica e posicionamento. Jogou apenas uma vez.

Hoger Abraham Quiñónez Caicedo – Espalhafatoso, imprudente, “maluco” eram adjetivos que cabiam bem para aquele experiente atleta equatoriano que já havia atuado em várias posições em seu país. Contratado para suprir a deficiência cruzmaltina na defesa, demorou algumas rodadas para se sentir à vontade. Depois que engrenou, virou literalmente um monstro na zaga.

Leonardo de Oliveira Siqueira – Com poucos recursos técnicos e com diversas falhas grosseiras em seu currículo, Leonardo jamais conseguiu se firmar na zaga, nem mesmo no banco de reservas. Ainda assim atuou em cinco oportunidades.

José do Carmo Silva Filho (Zé do Carmo) – Fora de campo, um “franzino” gozador; dentro dos gramados, um “gigante” batalhador. O pernambucano Zé do Carmo em sua segunda temporada no Clube da Colina foi o carregador de piano que toda equipe vencedora tem. Era o líder do sistema defensivo. Só não esteve presente em uma luta. Autor de um gol contra em um lance infeliz que poderia ter selado a eliminação do time na competição, foi quem mais vibrou com a conquista do título brasileiro.

Jorge Luís Andrade da Silva – Assim como Bebeto, esse ex-rubro-negro se libertou da atmosfera ruim que carregou no passado e desfilou leveza nos gramados com a camisa cruzmaltina. Uma contusão o impediu de ser titular até o fim do torneio. No esquema ofensivo implantado por Nelsinho, provavelmente, acabaria por perder a vaga.

Ricardo França – Mais um integrante da base do clube. Reserva imediato de Andrade, entrou no lugar deste em duas partidas e teve outras três chances como titular. Muito jovem e ainda um pouco inseguro, foi preterido por Boiadeiro no desenho mais ousado utilizado pelo técnico nos jogos decisivos.

Marco Antônio Ribeiro (Boiadeiro) – Seu estilo de jogo misturava técnica e vigor físico. Já havia sido destaque no time do Guarani, vice-campeão brasileiro em 1986, temporada que adentrou o ano seguinte. Veio para ser o substituto de Geovani e se não teve atuações do nível das melhores apresentações do “Príncipe” de São Januário, não cometeu o pecado da irregularidade como era comum ver no talentoso atleta capixaba. Nas partidas finais, jogou mais recuado e deu bastante consistência à equipe. Belo jogador.

William César de Oliveira – Ainda bastante menino, William foi eleito melhor jogador do mundo no Mundial sub-17 em 1985, na China. Desde 1987 fazendo parte do elenco cruzmaltino sem jamais ter se firmado como titular absoluto, ele finalmente teve a chance que queria. Não como efetivo no time, mas sim como uma especie de coringa que poderia atuar em todos os setores ofensivos do meio campo e ataque. E foi assim que Nelsinho soube aproveitar a rara habilidade do baixinho de Cuiabá nos momentos de dificuldade durante as partidas e na ausência de algum titular. Muito boa participação.

Bismarck Barreto Faria – Já no ano anterior, Bismarck havia se destacado na campanha do bicampeonato carioca vascaíno. Habilidoso, objetivo e goleador, mesmo sem ser um especialista nesta função, esse fluminense de São Gonçalo viveu um de seus melhores momentos no clube de São Januário naquela temporada. Jogando com liberdade para ocupar diversas posições na linha de frente, o garoto de 20 anos foi uma das peças principais do Vasco. Brigou inclusive pela artilharia do campeonato que teve Túlio como máximo goleador com 12 gols, quatro a mais que a marca alcançada pelo atleta cruzmaltino. Excelente jogador.

Mílton Queiróz da Paixão (Tita) – De volta ao clube depois do sucesso que teve duas temporadas antes, Tita seria mais um bom criador de meio campo também com características ofensivas a fazer parte do elenco. Além disso, sua experiência ajudaria bastante já que era o segundo jogador mais velho do time, só mais moço do que Andrade. Em um time jovem seria uma peça de grande valor. Estreou na segunda fase e vinha sendo titular, mas curiosamente acabou atropelado pela juventude dos seus talentosos companheiros.

Aguinaldo Luís Sorato – De reserva pouco utilizado a herói do título. Essa foi a história de Sorato que se no início da campanha era pouco utilizado pelo técnico, no fim, se transformou em indispensável amuleto. Tendo tido boa participação no campeonato do ano anterior, com a chegada de Bebeto e dos reforços para o Brasileiro, teve de se contentar com o banco e olhe lá! Ao fazer o gol salvador contra o Botafogo, ganhou a confiança de Nelsinho que apostou em sua presença como homem de área no jogo seguinte e lhe cedeu a vaga de Bismarck suspenso. Com mais um tento contra o Corinthians, ninguém seria irresponsável de lhe tirar do time e assim permaneceu até culminar no gol que acabou sendo o mais importante de sua carreira. Artilheiro nato.

Anderson da Silva – Mais uma jovem promessa no ataque. Atuou em sete partidas e não empolgou o técnico Nelsinho, que deu preferência a outros atletas na sequência da competição.

José Roberto Gama de Oliveira (Bebeto) – Sua polêmica contratação foi uma verdadeira aula de como dar uma rasteira no maior rival fora dos gramados. Duas décadas depois, há quem ainda não se conforme de como o Urubu pode perder seu maior craque – Zico já estava para se aposentar – em atividade. Com 25 anos, o baiano já mostrava grande amadurecimento, principalmente, depois das belas atuações que teve com a camisa da seleção brasileira na recém-conquistada Copa América. Vivendo ainda um momento de estafa muscular, o jovem Bebeto demorou a emplacar no novo clube. Mas da metade para a fim da competição se tornou o líder que o time necessitava. Comandava as ações ofensivas com a inteligência que todos já sabiam possuir. Craque de bola.

Carlos Alberto de Araújo Prestes (Tato) – Ele chegou discretamente. Foi o reforço menos badalado de todos. Mas seu estilo de jogo pela ponta esquerda agradou em cheio às pretensões do técnico que gostava de ver um time bem espalhado no campo, usando bastante as laterais. Na hora da verdade, ganhou a posição de titular e foi muito bem.

Welvis Dias Marcelino (Vivinho) – O mineiro Vivinho, personagem importante na conquista do bicampeonato carioca no ano anterior, já não atuava com a mesma qualidade. Mesmo assim, iniciou o campeonato como titular. Suas atuações abaixo do esperado o jogaram para o banco. E foi lá que permaneceu entrando, porém, diversas vezes na equipe.

Nélson Rosa Martins (Nelsinho) – Nascido no Rio de Janeiro em 8 de dezembro de 1937, o ex-jogador Nelsinho, meio-campo talentoso que iniciou sua carreira no Madureira, tendo atuado posteriormente durante muitos anos no time da Gávea, começou sua vida como treinador no Volta Redonda, em 1976. Na sequência, foi técnico da Desportiva capixaba, em dois Brasileiros: 77 e 78. Mas apareceu de fato na nova função quando assumiu o comando do Tricolor das Laranjeiras, tendo vencido o Carioca de 1980. Depois de uma passagem no futebol árabe, retornou ao Brasil com a difícil missão de organizar o time vascaíno que acabara de receber vários reforços, com o Brasileiro já iniciando. Adepto de um estilo de jogo ofensivo, sofreu com os problemas de lesão, mas soube reverter a situação utilizando com muita astúcia as características dos atletas que tinha no elenco. Tinha uma tranquilidade contagiante. A calma dos que tem a certeza da vitória.


VÍDEOS


Chamada da TV Globo para a decisão


Gol do título e fim de jogo


Reportagem do "Globo Esporte"


Para assistir ao VT completo no Youtube, dividido em várias partes, clique aqui.


GALERIA




CRÉDITOS

Pesquisa, Texto, Tabelas e Legendas: Alexandre Mesquita
Revisão e Formatação: NETVASCO
Fotos: Revista Placar
Vídeos: TV Globo/Youtube

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