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Atacante Dodô explica saída do Vasco em 2010


Quarta-feira, 12/10/2011 - 14:52

'Na verdade o que aconteceu na Portuguesa foi que eu machuquei o cotovelo direito em um jogo do Campeonato Paulista [contra o Linense, na terceira rodada] e fiquei quase dez jogos fora. A Portuguesa me devia luvas [bônus combinados além dos salários] e eles não me pagaram pelo simples fato de eu ter me machucado jogando pelo clube', revelou o atacante, em entrevista exclusiva à GE.Net.

'Acho que nessa situação o Jorginho tinha que falar comigo e, se ele achasse que eu o desrespeitei, poderia me aplicar uma multa, ou alguma coisa assim. Mas não foi uma situação minha com o Jorginho. A Portuguesa já não estava cumprindo com as suas obrigações, continuou sem me pagar e depois eu fiz um acordo com o meu procurador para quitar a dívida', explicou Dodô.

Além da saída conturbada da Lusa, o atacante viveu momentos difíceis nos últimos anos. O principal deles foi a suspensão por doping, que o fez parar de jogar profissionalmente por mais de um ano e meio depois que um exame constatou a presença de fenproporex (anfetamina) em seu organismo. Na época atuando pelo Botafogo, Dodô afirmou que a substância dopante foi ingerida em pílulas de cafeína oferecidas pelo próprio clube carioca, mas não conseguiu se livrar da punição na Corte Arbitral do Esporte.

Mesmo com os obstáculos enfrentados, Dodô não se arrepende de todo o esforço que realizou para voltar a jogar futebol e, mesmo com 37 anos, ainda não pensa na aposentadoria e nem no que fará depois que pendurar as chuteiras.

Veja a segunda parte da entrevista exclusiva concedida por Dodô à GE.Net:

GE.Net: Depois de ter ficado mais de um ano e meio parado após a condenação por doping no Botafogo, você ainda assim prefere não comentar sobre a futura aposentadoria. Isso não mudou mesmo após as saídas conturbadas do Vasco e da Portuguesa?

Dodô: No Vasco a torcida reclamava de um monte de jogadores, mas não foi por isso que eu saí. Eu deixei o Vasco porque eu não estava jogando, tinha um salário alto e o clube tinha interesse que eu saísse para abrir espaço para outros jogadores, mas não foi um rompimento de contrato, foi um acordo entre as partes.

GE.Net: E na Portuguesa? O que aconteceu naquele jogo contra o Bragantino?

Dodô: Eu saí reclamando porque queria ficar no jogo e o time estava precisando vencer. Fiz o que a maioria dos jogadores faz, já que quem está em campo quer ganhar sempre. Tive uma atitude que o treinador não gostou, e ele tem razão para isso. Acho que pode ter sido um desrespeito, mas nada a mais do que isso.

GE.Net: O seu relacionamento anterior com o Jorginho e os jogadores já tinha algum problema?

Dodô: Nunca tive problemas nem com os jogadores nem com o Jorginho.

GE.Net: Mas a saída não foi uma coisa muito rápida, não? Por exemplo: se o Rivaldo [meia do São Paulo] atuasse na Portuguesa e tivesse dito o que declarou após o jogo contra o Avaí, ele seria demitido?

Dodô: Talvez ele teria caído... (risos). Na verdade o que aconteceu na Portuguesa foi que eu machuquei o cotovelo direito em um jogo do Campeonato Paulista [contra o Linense, na terceira rodada] e fiquei quase dez jogos fora. Sobre a parte de pagamento que eles não me fizeram eles não contaram, entendeu? São coisas que acontecem e as pessoas veem um lado só. Acho que nessa situação o Jorginho tinha que falar comigo e, se ele achasse que eu o desrespeitei, poderia me aplicar uma multa, ou alguma coisa assim. Mas não foi uma situação minha com o Jorginho. A Portuguesa já não estava cumprindo com as suas obrigações, continuou sem me pagar e depois eu fiz um acordo com o meu procurador para quitar a dívida.

GE.Net: Eles atrasaram em quantos meses o seu salário?

Dodô: Não foram meses, foram luvas que eles não me pagaram pelo simples fato de eu ter me machucado jogando pelo clube...

GE.Net: A Portuguesa poderia ter renovado o seu contrato já em janeiro até o fim do ano, já que o seu vínculo ia só até maio. Você acha que o seu salário pesava no orçamento do clube?

Dodô: Eu gosto de jogar futebol. Dar certo ou não acontece. Eu fiquei quase dois anos sem jogar e treinei 15 dias e joguei pelo Vasco. A gente chegou à final da Taça Guanabara e eu sendo o artilheiro do campeonato, depois de um monte de tempo sem jogar. Eu sabia que poderia acontecer uma queda a partir do momento em que eu parei de fazer gol, e a equipe jogou muito mal depois. Não foi só eu. Só que a gente tem um nome, carrega uma bagagem grande e a cobrança sempre acontece. Da mesma forma que você é usado para alavancar torcida você sempre tem a responsabilidade maior. Então acho que foi normal. A Portuguesa foi legal, pô. Foi bom, eu consegui jogar muito bem, e não deu certo de terminar o contrato que ia até o final do Campeonato Paulista por uma contusão, simplesmente foi isso.

GE.Net: Com relação ao final da carreira, você pensa em parar de jogar no Americana, neste ano?

Dodô: Eu não penso no que vai acontecer no ano que vem. O contrato que eu tenho para fazer é esse no Americana. Peço a Deus que dê certo e que vá tudo bem. Não tem como você prever alguma coisa, acho que vai muito do seu rendimento. Eu não jogo por dinheiro mais, eu jogo por prazer e porque gosto. Então acho que isso vai muito do que acontecer dentro de campo.

GE.Net: Quando você se aposentar, já tem alguma coisa fora do campo, alguma profissão para quando você parar de ser jogador de futebol?

Dodô: Eu não tenho nada decidido. Há algumas possibilidades, mas nada assim, que eu tenha certeza que vá fazer. Depende muito do que vai acontecer. Eu acho que eu tenho uma vida estabilizada, tranquila, e vou ter tempo para pensar nisso.

GE.Net: Você não pretende ter um centro de treinamento como este, do Marcelinho Carioca?

Dodô: Não é muito o meu perfil não, mas quem sabe. Não tenho como falar exatamente aquilo que vai acontecer. Depende de quanto tempo mais eu vou jogar, daquilo que eu vou gostar de fazer. Enquanto você está jogando você não tem muita cabeça para pensar em outras coisas.

Fonte: Gazeta Esportiva