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Vasco vendeu, em média, dois ingressos por segundo


Quinta-feira, 29/09/2011 - 13:50

O mítico Estádio de São Januário ficou pequeno para o líder do Brasileiro e o amor de sua torcida. Uma porção grande de paixão somada ao desrespeito e à desorganização da diretoria na venda de ingressos para o jogo contra o Corinthians, neste domingo, terminaram em confusão: horas na fila, protestos, jato de extintor de incêndio no rosto de torcedores, polícia militar com tom de ameaça, cambistas agindo livremente e frustração de voltar para casa com as mãos abanando.

Segundo a Outplan, empresa responsável pela comercialização de ingressos em São Januário, a carga total foi de 21.185 bilhetes, dos quais cerca de 4 mil são gratuidades e cortesias, e pouco mais de 2 mil são destinados à torcida visitante. Assim, restaram 15.263 entradas para comercialização. No primeiro dia de vendas, segunda-feira, 2.575 sócios adquiriram bilhetes, segundo informação do clube. Pela internet, foram vendidos 4.440 ingressos. Portanto, apenas 10.823 bilhetes foram ontem para os 12 pontos de venda da cidade. Os ingressos se esgotaram nas bilheterias em 1h40m, ou seja, a cada minuto os torcedores teriam comprado 108 ingressos — quase dois por segundo.

— Saí de Paracambi às 2h e cheguei aqui às 3h30m. Era um dos primeiros e não consegui comprar. É uma vergonha. Faltei à aula, perdi prova para tentar ver o jogo do meu time e sou recebido com isso — disse o estudante Luiz Felipe Moura, de 17 anos.

Sem respostas da diretoria e informações do fim dos ingressos, a fila foi tomada por revolta e incredulidade. Na intenção de conter qualquer iniciativa, policiais militares, chamados às pressas pelo clube, avisavam aos torcedores: “Vão embora porque a tropa de choque vir para cá”.

Por volta de 13h30m, os “sem-ingressos” já viam cambistas vendendo com ágio de 100% e até correram atrás de um deles, que fugiu em velocidade. Os torcedores começaram a protestar em frente ao portão social, com notas de até R$100 nas mãos e coros de “Vasco é tradição, não é humilhação” e “Vergonha”. Foram rechaçados com um jato de extintor de incêndio na cara, atirado por um segurança vascaíno que protegia um senhor que se identificava como diretor.

— Fui um dos mais atingidos. Tentei tapar o rosto por causa da fumaça. Faltei ao trabalho para estar aqui e vivo esta vergonha. Por que o Dinamite (presidente do clube) não vem aqui falar? Queremos uma explicação! Assim não dá — afirmou o vendedor Edílson Júnior.

Imensa e feliz, como diz trecho do hino, a torcida do Vasco só quer respeito.

Fonte: Extra