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Juninho lembra que quase foi dispensado em 1995


Segunda-feira, 20/06/2011 - 17:18

Por muito pouco, a bela história escrita por Juninho Pernambucano com a camisa do Vasco não ficou sem seus principais capítulos. Nada de festa especial no retorno dez anos depois, que, aliás, teria tudo para nem sequer acontecer. Que torcedor consegue imaginar tal cenário? Mas alguns dias no fim do ano de 1995 puseram em xeque a passagem vitoriosa do hoje ídolo da Colina. Em visita ao SporTV, na última semana, o meio-campo relembrou esse caso e dissecou parte de seus sentimentos ao longo dos nem sempre brilhantes seis anos em São Januário.

Apesar de pouco conhecido, o obstáculo para a permanência de Juninho era financeiro. O então presidente do clube carioca, Eurico Miranda, não foi capaz de quitar os 3 milhões de euros junto ao Sport Recife, como acordado. Entre a revelação do Brasileiro de 94 e o atacante Leonardo, em mais evidência na ocasião, o escolhido para sair seria o primeiro. Ele teria hesitado, diante da má participação da equipe no campeonato, mas na hora de responder à diretoria, garante ter sido firme.

(Nota da NETVASCO: Eurico Miranda era vice-presidente de futebol em 1995; ele só assumiria a presidência do clube em 2001. O euro ainda não existia em 1995; só passaria a ser adotado em 1999.)

- Chegamos (ele e Leonardo) sob pressão por resultados, o time não se encaixou e éramos muito jovens para assumir e sermos tão importantes para o Vasco. Esse joga, vai para o banco, joga e vai para o banco é normal. Acontece com todos. Mas o pior foi que, no fim dos seis meses, o Vasco pensou em nos devolver. Foi o momento mais crítico. Eu disse: vim para ficar! Logo surgiu uma proposta do Corinthians pelo Léo e tudo se resolveu assim - esclareceu.

A escalada de sucesso, a partir daí, não demorou. Juninho se recorda que, quando passou a ser mais efetivo na parte ofensiva, foi caindo nas graças da torcida.

- Já no Carioca de 96, fiz grandes jogos nas finais contra o Flamengo. No Brasileiro, fiz mais gols e essa adaptação aconteceu, era uma peça mais importante. Em 97, com a chegada do Edmundo, Mauro Galvão, Ramon, que já estava em 96, me firmei de vez com o time que já tinha uma base boa e foi campeão. Edmundo arrebentou, mas, para mim, foi o momento da afirmação, não saí mais do time até ir embora.

Lamentos, mesmo, só restaram para a perda de contato com o amigo Leonardo. Ambos não tiveram a base juntos, mas se aproximaram bastante até que, ao serem separados, jamais voltaram a se ver em campo.

- Nós nos encontramos em Recife, ano passado, depois de muito tempo, as férias não batiam. Sempre fomos amigos e nem conversamos sobre futebol, pois o Léo já parou. Foi uma coincidência como a vida nos separou. Ele veio do Piauí para o Sport, fomos campeões juntos e viemos juntos para o Vasco. Mas foram seis meses de convivência apenas. No fim, acabei ficando mais tempo no Vasco, pude aproveitar mais. Léo seguiu a carreira dele, jogou no Corinthians, no Cruzeiro, no Palmeiras, rodou bem aqui no Brasil e fico feliz pelo sucesso dele também - comentou.

Gols, título e nome na história

Quando o assunto são as principais recordações do meia, alguns se destacam na cabeça do Reizinho, como, em especial, a efusiva e inesperada celebração diante da torcida cruz-maltina no Palestra Itália, durante a virada sobre o Palmeiras, que deu ao Vasco o título da Copa Mercosul de 2000.

- Houve vários momentos fortes. Tristes de derrota também, mas grandes momentos marcantes de vitória. Esse gol contra o River (pela semifinal da Libertadores de 1998) foi especial, e aquele lance ali na Mercosul que marcou, eu nunca imaginava que fosse acontecer. No calor do jogo, perdendo de 3 a 0, Juninho Paulista e Romário jogando muito no segundo tempo... Todos reagiram bem. E eu estava em frente à torcida e quis passar algo como "não vamos largar esse jogo!". Mas tiveram outros também, como a final do Brasileiro de 2000, no qual fiz gol, outros jogos muito importantes, a própria final do Mundial contra o Real Madrid. Mas fiz parte de uma geração, muito longe de ser sozinho. Fiz parte de uma engrenagem que funcionava. Por ainda estar jogando hoje, o torcedor lembra mais. Mas é lógico que Romário, Edmundo e Roberto Dinamite estão acima de todos - ressaltou Juninho.

Espanto estrangeiro pelo novo compromisso

Articulado, o jogador acredita que o incomum contrato que propôs ao clube pode ser mais usado por outros jogadores em situação semelhante à dele. Na França e no Catar, onde atuou na década passada, a atitude causou repercussão.

- Eu não estava mais no Lyon, mas a imprensa noticiou, sim, e ficaram um pouco surpresos. Todos se espantaram, houve reações diferentes, mas não é algo de outro mundo para quem tem 36 anos, está próximo de parar e tem ligação com o clube. É normal até e acho que outros podem optar por isso também. O futebol brasileiro é bem disputado, tem mais pressão, não dá para ter certeza do desempenho. O que não pode é perder o foco do campo. Lá, todos são iguais, independentemente de salário. É assim que vou me concentrar e fazer o melhor pelo Vasco - finalizou.

Auxiliado pela antecipação da abertura da janela de transferências internacionais, Juninho já está se preparando para reestrear, o que deve acontecer no dia 2 de julho, contra o Corinthians, no Pacaembu.

Na noite desta segunda-feira, no SporTV News, você ainda vai conferir um outro material especial com o craque, que foi entrevistado pela apresentadora Vanessa Riche. Articulado, ele falou sobre assuntos como o que encontra de diferente no futebol nacional desde que saiu, sua passagem um pouco frustrante pela Seleção e que se sentiu realmente constrangido com a recepção que teve no Vasco. Além disso, revelou um modo de agir que, segundo ele, vai fazê-lo se arrepender ao fim da carreira. O programa vai ao ar às 23h. Fique ligado!

Fonte: Sportv.com