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Entrevista com o candidato à presidência do Vasco José Henrique Coelho


Terça-feira, 26/04/2011 - 22:01

Continuando a nossa série de entrevistas com os candidatos à presidência do Vasco, José Henrique Coelho, gentilmente, nos concedeu uma entrevista para nos esclarecer pontos em relação ao seu plano de gestão e também assuntos relacionados ao Vasco da Gama.

Ele é economista e foi o ex-Líder do grupo de oposição que, nas eleições realizadas na Sede do Calabouço, em Junho de 2008, derrotou o ex-presidente Eurico Miranda. O nome da chapa a qual participa se chama ‘Seremos campeões’ (http://www.seremoscampeoes.com.br).

Confira a entrevista

1 - Torcedores do Vasco: Qual é a sua análise geral sobre a gestão de Dinamite e a de Eurico Miranda?

R: Poderia responder escrevendo um livro para cada uma das diretorias, mas, muito resumidamente, afirmo que a do ex-presidente foi a pior administração da história. Deixou o clube arrasado financeiramente. Sobre a atual administração, para a maioria dos vascaínos é a maior frustração e a quebra de uma esperança que já quase não existia. As más decisões e omissões levaram o nosso Vasco para a segunda divisão – nunca vamos esquecer este episódio enquanto formos vivos. Posso dizer isto, pois estava lá dentro e vi como o rebaixamento foi construído dia a dia e poderia ter sido evitado.

2 - TV: Quais foram os reais motivos para o senhor deixar a diretoria do Vasco?

R: Os links abaixo explicam os motivos pelos quais saí do Vasco.

3 - TV: Sabendo que brigas políticas acabam com o Vasco a cada dia, como o senhor analisa esse problema e caso eleito, como irá fazer para diminuir esses desafetos?

R: O nosso clube vem de um período crítico não só política como administrativamente, mas também esportivamente. Passamos por uma administração ditatorial que durou oito anos e, assim, provocou inúmeros conflitos internos. Após a primeira eleição livre, o atual presidente mostrou-se incapaz do cargo que ocupa. O presidente dirige para todos os vascaínos. Portanto, a “PACIFICAÇÃO” só pode ser proposta por ele. Só ele possui o poder de chamar para si o diálogo entre as diferentes correntes após um processo eleitoral. Considero-me preparado para cumprir este caminho e assumo este compromisso. Diálogo significa conversar. Falar e ouvir. Neste caso, uma das minhas principais características é buscar a iniciativa para o diálogo. Em muitas das propostas da Chapa surgem às palavras debate, reunir e convocar. Ações que, acredito, chamarão todos os vascaínos para a União.

4 - TV: A década passada foi à pior do Vasco em toda sua história, tanto na parte administrativa, quanto na parte futebolística, como o senhor analisa esse fato e a que atribui esse total insucesso?

R: Desde que o futebol passou a receber altos investimentos financeiros o resultado da administração do clube e dos seus recursos passaram a ter influência direta nos resultados esportivos. Clubes sem dinheiro não conseguem os melhores atletas, não conseguem construir, manter e desenvolver uma estrutura e muito menos desenvolver seus atletas das divisões de base.

A administração anterior foi rica em recursos e, mesmo que tenham sido mal empregados e desperdiçados, ainda foi um período que ganhamos inúmeros títulos e tivemos grandes alegrias. A atual, ao contrário, é a administração das dívidas, das penhoras e dos rompimentos de contratos e, desta forma, é hora de pagar a conta da péssima gerência que tivemos nos dois períodos.

5 - TV: A diretoria atual conseguiu diminuir significativamente as dívidas do clube, mas ainda falta muito para que sejam totalmente acabadas. Como o senhor pensa em lidar com essa dívida gigantesca que o Vasco possui?

R: Não concordo totalmente com esta afirmação. A atual diretoria continuou irresponsável como a anterior no que diz respeito aos gastos dos recursos do clube. Os balanços nos mostram enormes desperdícios com aumento de despesas. De 2008 para 2009 foram mais de 49%. As dívidas não foram pagas e foram executadas. A diferença está na postura. A atual diretoria nunca buscou qualquer tipo de acordo ou proposta de negociação, portanto, foi tudo tomado na justiça, com penhoras e execuções.

Pretendo negociar com os credores um alongamento da dívida, seja através de um condomínio de credores, seja por negociações diretas ou até transformação de dívidas em direitos sobre receitas futuras, de contratos ou atletas. Não podemos mais é viver fugindo dos oficiais de justiça como faz o presidente atualmente. Por outro lado, precisamos, internamente, discutir o clube que queremos ser. Se quisermos ser campeões precisamos realizar um ajuste no custeio do clube para gerar superávits maiores e que possam permitir o avanço mais rápido sobre o equilíbrio financeiro.

6 - TV: Como o senhor analisa a política do programa de sócios do Vasco?

R: Este programa de sócios do clube sempre foi uma piada. Pela falta de qualquer outro projeto, muitos vascaínos se iludiram no início com o que foi apresentado. A empresa administradora é ruim e custa muito caro os cofres do clube. Tem um histórico cheio de deficiências e uma tecnologia ultrapassada para a gestão do negócio.

Os inúmeros problemas na preparação da lista de eleitores e “elegíveis” do clube, solicitada desde fevereiro deste ano pela junta deliberativa das eleições é a maior prova da sua incapacidade de administrar um simples cadastro. Não fizeram o recadastramento dos sócios, esqueceram de cobrar a décima terceira mensalidade, perderam o controle do pagamento de inúmeros sócios - inclusive o meu -, e não atendem às regras do estatuto do clube. A diretoria não fiscalizou ou se movimentou para cobrar eficiência dos responsáveis. O custo cobrado por esta empresa é de inacreditáveis 46% sobre a receita arrecadada, ou seja, o Vasco só recebe R$54,00 de cada R$100,00 pagos pelos sócios. Somando as inúmeras denúncias de mau uso do dinheiro do clube, como a contratação de parentes, de amigos e de contratos privilegiando amigos, os vascaínos passaram a não acreditar na competência da diretoria. Com a falta de transparência nas prestações de contas, deixaram também de apoiar com suas mensalidades.

Com uma diretoria honesta, séria e transparente, até este projeto pode melhorar. Quando saí do Vasco, deixei assinado e em implantação um sistema com a mesma empresa que criou e lançou o programa de sócios do Internacional-RS, o melhor programa do país, e ele foi deixado de lado pela atual diretoria.

7 - TV: A transparência em relação aos gastos do clube é fundamental para a confiança dos torcedores e para que os gastos sejam controlados. Comoo senhor vê esse assunto e como irá disponibilizar esses números para análise do torcedor cruzmaltino?

R: Durante todo o período que liderei o movimento de oposição, eu fui o âncora nas apresentações sobre este tema. Acredito plenamente que, sem a transparência, a confiança do sócio não é plena, e com isto os recursos que ele está disposto a colocar no clube serão sempre menores. Por isso, tenho como prioridade administrativa propor uma série de medidas de reforma estatutária e outras medidas administrativas internas para garantir a transparência da minha gestão. Pretendo apresentar balancetes trimestrais, dar independência ao Conselho Fiscal, criar uma Auditoria Interna, criar a Controladoria da V.P. Financeira e apresentar ao Conselho Deliberativo todos os contratos de elevado valor com o parecer do Conselho Fiscal. Além disso, vou propor a iniciativa do impedimento do presidente por desrespeito ao Estatuto e, por conseguinte, a má gestão dos recursos do clube. Nada disto existe hoje e irei implantar imediatamente. Outra medida que pode ser adotada, se aprovada pelas outras instâncias do clube, será a disponibilidade do acesso de todos os sócios, via internet, aos dados.

8 - TV: Em uma matéria divulgada atualmente pela imprensa, o site oficial do Vasco está entre um dos piores do Brasil, juntamente com os de Flamengo e Corinthians. O que senhor pretende para melhorar esta poderosa ferramenta que o clube tem em mãos? E o que pretende fazer em relação ao marketing do clube?

R: Quando passei pela diretoria de Marketing já criticava o nosso site. Mas a questão não é tão simples quanto parece. Hoje, a administração dos sites de clubes envolve interesses que os torcedores não vêem:

- A administração é realizada por empresas que querem gerenciar as vendas da loja virtual do clube, e em contrapartida pagam a conta do site. Projetos mais modernos são caros e ninguém quer investir. O primeiro passo para mudar o atual cenário é realizar um estudo do negócio e sua rentabilidade, o que não foi feito até agora. É necessário estudar para que não seja lançado um produto errado ou de forma errada. Vide o exemplo da Revista do Vasco, que este ano ainda não foi entregue, e já está paga pelo assinante. A revista dá prejuízo e o licenciado quer devolvê-la.

9 - TV: Todos os vascaínos sabem que os esportes que trazem mais títulos e alegrias ao clube são o futebol e o remo, respectivamente.

Como o senhor pretende cuidar desses dois principais esportes do clube? E em relação aos outros esportes, pretende dar mais atenção a eles?

R: Apresento uma idéia, já em uso na Europa, que faz a televisão estatal participar da cobertura de torneios de esportes olímpicos e que, desta forma, viabiliza a busca de patrocínios para as camisas do remo, para as raias e os pórticos de chegada. Hoje, o público em uma regata não chega a duzentas pessoas, mas pode ser muito maior. Como o remo é nosso esporte de fundação, no início, continuará sendo custeado pelo orçamento geral do clube. Mas pretendo ter a iniciativa de buscar novos recursos para desenvolvê-lo. Quanto aos demais esportes, entendo que, diante da crise que o clube vive, caberá aos vascaínos decidirem quanto querem gastar em outros esportes no período e em quais esportes. Cada centavo gasto em outros esportes, neste momento, faltará ao futebol, que entendo ser o nosso carro chefe, ainda mais agora diante da péssima negociação que o clube fez com os direitos de TV, abrindo uma diferença de cerca de 30 milhões por ano em comparação com o nosso maior rival. Quem tem mais dinheiro pode ter melhores equipes e R$30 milhões por ano fazem muita diferença.

10 - TV: Investimentos nas divisões de base são muito importantes, mas faltam recursos para formar jogadores de qualidade. O que irá fazer para aumentar esses recursos?

R: Defendo que a prioridade seja do futebol. E na busca de mais recursos a segunda prioridade tem que ser um C.T. Os recursos são criados através de negócios, parcerias e até mesmo redução de custos. Cada vez que se desperdiçar um centavo, com “negociatas” para parentes e amigos, perdemos uma oportunidade de colocar recursos no futebol. Cada vez que esperarmos o dia seguinte, porque um V.P. não compareceu, e assim uma decisão não foi tomada, perdemos tempo e novos recursos. Vou mudar este padrão da atual diretoria. Quem me conhece sabe do volume de trabalho que sou capaz de iniciar e de cobrar dos meus colaboradores.

11 - TV: Como o senhor pretende fazer a reforma total do Estatuto do Vasco?

R: A reforma do Estatuto do CRVG é uma prioridade administrativa e jurídica para a modernização do nosso clube. O atual estatuto representa uma visão ultrapassada que registra outro momento das associações esportivas no Brasil – 1979.

A reforma do Estatuto do Clube de Regatas Vasco da Gama é fundamental para a sua modernização, viabilizando uma administração mais competente. Para isso, é necessário fazer uma reforma que prime pela desburocratização, agilizando processos com o uso da Internet, por exemplo. Outro grande ponto são as eleições. Hoje, apenas beneméritos podem escolher o presidente do clube. É justo que os demais sócios, desde que obedecendo alguns critérios, possam eleger quem julgarem capaz de comandar o Vasco e não apenas uma minoria.

*Clique aqui para conferir as propostas de José Henrique Coelho.

As melhores perguntas dos leitores do blog para José Henrique Coelho foram selecionadas e serão respondidas abaixo pelo candidato.

Júlio Teixeira

12 - O que o senhor aprendeu com o episodio da Champs e qual a sua percepção das manifestações da torcida e sócios sobre o mesmo episodio? Faria algo diferente?

R: A história da Champ's comprova que a profissionalização é fundamental. O setor financeiro, responsável por avaliar a saúde financeira da empresa, não foi competente. É por isso que, uma vez à frente do Vasco, estarei cercado por profissionais e não por amadores. Precisamos ter técnicos capazes de gerenciar o clube da melhor maneira possível, o que quer dizer que da maneira mais eficiente. Isso servirá para impedir que tais situações voltem a acontecer. Abaixo, a história completa envolvendo a Champ's.

É importante deixar claro que só fechamos contrato com a Champ's depois de negociar com várias empresas de material esportivo. Tentamos renegociar o valor com a Reebok (que pagava somente R$ 75 mil, valor muito baixo para um clube grande e com a torcida que o Vasco tem). A Adidas já tinha um contrato alto no Rio de Janeiro e, portanto, também não podia arcar com a quantia ideal para o clube e a Nike ainda estava negociando com o Flamengo.

Chamamos a Kappa/Umbro para conversar, inclusive porque tinha uma briga na justiça por conta do rompimento do contrato (o Vasco perdeu a causa e terá que pagar R$ 3 milhões). A Penalty também tinha um processo contra o Vasco e mesmo assim negociamos, mas foi oferecido um valor muito abaixo do mercado para um clube do potencial do Vasco. A Champ's foi à única que ofereceu um valor mensal de R$550 mil por mês, uma quantia que ajudaria muito o clube naquele momento crítico, em que não havia dinheiro algum por herança da administração anterior. Não era a empresa dos sonhos de ninguém, definitivamente. Somente depois que a Champ's saiu a Penalty aumentou a oferta e chegou muito perto do valor da proposta inicial, provavelmente porque se deu conta da oportunidade que perdeu de estar com o Vasco. Desde o primeiro momento tudo foi feito para ter as maiores marcas do nosso lado e somente a falta de alternativas fez com que a Champ's fosse escolhida. Gostaria de ressaltar que foram quatro meses de negociação até fecharmos contrato com a Champ's. Ouvimos as propostas das outras empresas, todas de material esportivo, antes de fecharmos contrato com a Champ's.

Quero lembrar a todos também que o mercado financeiro se assustou com a crise financeira mundial naquela época, e a expectativa do vice-presidente José Hamilton Mandarino era que iria piorar. Por isso a negociação com a Champ's. Repito que não era a empresa dos sonhos, o que realmente nós queríamos para a produção das camisas.

Pathyka Winchester - Belém do Pará

13 - Qual será a primeira/principal mudança/atitude que você tomará para que o Vasco melhore ainda mais seu desempenho dentro e fora do campo?

R: Tenho defendido que, diante dos grandes volumes de recursos que chegam aos grandes clubes como o nosso Vasco e da concorrência pelos melhores atletas, que encarecerá os já altos custos salariais, tudo isto agora impulsionado pelo novo contrato de TV, a administração do clube deve ser uma enorme prioridade.

Diante destes recursos volumosos, precisamos urgentemente de total transparência na fiscalização sobre o uso e como foram gastos estes recursos. De que adianta receber mais recursos se eles continuarem a ser mal administrados, como faz ainda hoje o atual presidente Carlos Roberto Dinamite?

Contratos mal feitos, como o do programa de sócios cuja empresa que administra recebe cerca de 46% da receita e rompimentos de contratos como o do Habib's, que nos custou cerca de R$3 milhões quando deveria ter sido resolvido com R$1 milhão, precisam ser evitados. Isto sem mencionar os contratos com parentes e amigos, que custaram durante o seu mandato mais de R$1,8 milhões.

Evidentemente um clube de futebol é para dar alegrias aos torcedores e se sustentar com suas receitas para ganhar mais e mais títulos e, assim, seguir multiplicando a sua torcida, que embalando novamente o ciclo de crescimento. A administração do futebol também deve ser profissionalizada e acompanhada de perto pelo presidente, pois é onde estão os maiores recursos do clube investidos, seja em salários, seja em formação de jovens promessas.

Você acompanhou a gigantesca quantidade de contratações do atual presidente? Mais de sessenta atletas. Salários muitas vezes de "craques" para quem nunca tinha mostrado nada com a nossa camisa. Depois para "se livrar" de alguns deles o Vasco ainda pagou para jogarem em outros clubes. Isto é desperdício ou má gestão, em outras palavras. A fórmula será, portanto, trazer recursos, dar total transparência à aplicação e ao uso, profissionalizando para termos o melhor retorno do nosso investimento, para SERMOS CAMPEÕES.

Caio

14 - O senhor acha que pode ter a confiança da torcida vascaína depois de ter sido parceiro do Dinamite na eleição e, logo depois, ter saído do cargo e ter 'traído' o Roberto?

R: Caro vascaíno, fico surpreso de ver a sua interpretação a respeito da minha saída. Entendo a sua leitura pela esperança e expectativa com a nova diretoria, que foi eleita e carregada por todos os vascaínos. Mas aproveito para explicar o que houve.

Liderei o movimento de oposição ao ex-presidente Eurico Miranda e atuei ativamente para que Dinamite se tornasse presidente. Fui processado 15 vezes pelos seguidores do ex-presidente e expulso do clube duas vezes e suspenso mais duas. Gastei cerca de R$ 40 mil em advogados para me defenderem.

Antes mesmo da minha renúncia, já tinha ocorrido uma série de desentendimentos quanto a decisões do presidente Carlos Roberto Dinamite. O ídolo foi o atleta e artilheiro, o nosso Roberto Dinamite, mas o presidente, que também é político, é uma outra pessoa. Precisamos separá-las. Como conviver com as promessas feitas e ver o presidente tirando proveito próprio, empregando seus familiares e amigos com salários e contratos sem fundamento, às custas do Vasco? Como vê-lo tomar decisões de contratar Tita, técnico sem qualquer expressão esportiva anterior na profissão, por ser seu amigo? Como vê-lo entregar o futebol para um empresário sem que ninguém conheça as condições? Como vê-lo colocar seu sobrinho “tomando conta” da divisão de base sem nenhum conhecimento para tal? Como vê-lo dar ingressos a esmo para torcidas organizadas e não pagar os salários de quem trabalha no clube? A cada jogo eram mais de R$30 mil em ingressos. Como vê-lo empregar também seus cabos eleitorais no clube, sem nada produzir para o Vasco?

Não aguentei conviver com essa situação, especialmente depois de todo o trabalho que desenvolvi durante todos aqueles anos. Preferi sair. O meu sentimento para com o atual presidente é de decepção. Diria até que foi ele quem traiu aos vascaínos: - o que prometeu não foi cumprido.

Alice Giovani - Minas Gerais

15 - José Henrique Coelho, uma questão muito discutida desse início de ano pelos torcedores foi sobre os patrocínios. Qual a relação de sua chapa com os grandes patrocinadores de times de futebol? Já existem projetos relacionados a isso?

R: Hoje, os patrocínios para o futebol são cada vez mais valiosos. Nosso contrato com a Eletrobrás tem clausula de renovação este ano. É possível conseguir um contrato melhor, mas o trabalho leva meses, pois estamos falando de 20/25 milhões por ano. As empresas precisam levar estas verbas aos seus orçamentos e medir o retorno do negócio.

Aproveito para lembrar que nunca disse ou repeti aquela “famosa frase” da fila de investidores. Esta frase foi proferida pelo ex-presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro, Sr. Olavo Monteiro de Carvalho, e até eu acreditei nele. Estes contratos precisam de algum tempo. Ninguém chega ao clube com um contrato de 20/25 milhões no bolso, nem eu. Mas fui eu quem avaliou o pacote da manga para tirar a Habib’s de lá, - R$4,5 / R$5 milhões por ano. Fui eu quem negociou o destrato da Reebok sem levar o Vasco a mais um processo na justiça. Já tenho disponível uma série de empresas para serem contatadas e abrir negociações não só para a camisa, mas também para o nome do Estádio (cerca de 7/8 milhões ano, por exemplo).

16 - Em todos os mandatos existem erros e acertos. Em sua opinião, qual foi o maior erro de Dinamite? E qual o maior acerto? Como pretende não cometer esse erro e continuar nesse acerto?

R: O presidente Dinamite não soube administrar, o que envolve todo um conjunto de ações. Recentemente, não soube negociar direitos de TV e permitiu ao principal rival uma receita muito superior, rebaixando o Vasco. Além disso, a representação do clube nas entidades do futebol como Tribunais e Federação foi omissa e fraca.

Ele repetiu as piores práticas da administração anterior ao ter as contas reprovadas pelo Conselho Fiscal. Cometeu, portanto, os mesmos erros que criticava, como falta de transparência, orçamentos mentirosos e rompimento de contratos, gerando novos problemas judiciais para o clube. O nepotismo é outra prática condenável, uma vez que priva o clube de profissionais mais indicados para cada área e, além disso, gera custos com os quais o clube não pode arcar.

17 - Infelizmente a violência nos estádios de todo Brasil ainda é um grande problema que impede a ida de várias famílias aos jogos. Em sua gestão, haverá alguma campanha ou projetos que estimulem a pacificação dos estádios, no caso São Januário?

R: Teremos a Secretaria de Responsabilidade Social, com objetivos educacionais e de conscientização, o que passa também pela segurança. As campanhas pela paz devem existir, sim, mas o clube deve oferecer as condições de segurança de que todos precisam. Por isso, planejar e administrar a manutenção e os investimentos no patrimônio físico do clube, de modo que todas as medidas de seguranças sejam tomadas é uma das prioridades. Vamos apresentar um projeto de reformas na sede Estádio Vasco da Gama, diante da parceria com o COB, para receber o Rugby nas Olimpíadas 2016 e com todas as medidas de segurança para os torcedores.

18 - A torcida vascaína é uma das mais organizadas do país e quem sabe do mundo. ‘Fica Dedé’, ‘Renova Rodrigo Caetano’ e ‘Volta Juninho’ são só alguns exemplos de campanhas fortes que os vascaínos vêm fazendo/fizeram. Em sua gestão, como será vista as ideias e as campanhas de nossa torcida? Qual será o espaço reservado para os torcedores?

R: Acredito que os vascaínos tem que participar cada vez mais. Precisamos usar a Internet para saber o que acham sobre uniformes, campanhas, suas críticas à gestão e também suas sugestões. É muito importante. Afinal, as equipes se apóiam nas torcidas para cada conquista. Nada mais justo do que saber o que elas querem para o clube.

Mario Marques

19 - Por que o senhor abandonou a gestão do clube? Não seria melhor tentar travar uma ‘batalha’ internamente? Isto não seria melhor para o Vasco?

R: Em resposta a brigar lá dentro, respondo: como? Existe um efeito deslumbramento para qualquer vascaíno que o torna VICE-PRESIDENTE. A maioria acaba achando que tudo é bobagem, que é assim mesmo e que não vai conseguir mudar o que já está formando um ciclo. Estas respostas que ouvi deviam ser as mesmas que os Vices- presidentes do Eurico davam entre si e que o permitiram ficar lá por tanto tempo. Como eu sempre tive mais responsabilidades pelos resultados alcançados, afinal fui fundamental para a saída do ex-presidente, nunca me iludi com o status de vice-presidente. Preferi sair para não me sujar com tanta coisa. Outro fato foi que, só com a minha saída, os vascaínos ficaram sabendo o que é feito com os recursos do clube: privilégios, nepotismo e mau uso em geral. Minha saída serviu como um alerta.

Vinicius

20 - O senhor pretende fazer a ampliação de São Januário?

R: Sim. Hoje temos especialmente uma importante ajuda: - as olímpiadas. Este evento vai permitir que União, Estado e Município possam intervir no entorno do nosso Estádio e modernizar os acessos, nosso maior problema para qualquer reforma e aumento da nossa capacidade. Para chegar e sair com conforto é necessário alargar ruas e abrir saídas para a Avenida Brasil, o que pode ser feito apenas com a colaboração do poder público.

Hoje é quase impossível colocar no Estádio 40 mil vascaínos sem causar enorme transtorno de proporções alarmantes para a população dos entornos. Junto com estas medidas, fica mais fácil realizar o nosso sonho de aumentar e modernizar o estádio, pois até mesmo parceiros privados se interessarão pelo investimento. Vamos fazer sim.

Beatriz Simões – Rio de Janeiro

21 - Seria muito bom ganhar dos rivais dentro de casa. O que pretende fazer para que o Vasco mande seus jogos em São Januário contra o Flamengo, por exemplo? Pretende fazer algo em relação ao assunto?

R: Sou a favor de ver o Vasco jogando sempre em casa.

Qualquer decisão diferente só pode ser tomada pela nossa própria diretoria, com dois únicos objetivos: - permitir que mais vascaínos possam assistir e empurrar o nosso time ou quando o faturamento de bilheteria, que é ainda a terceira receita do clube no ano, for muito interessante. A decisão deve pertencer ao Vasco e não à Federação, ou ao adversário. Neste momento, entretanto, não vejo como receber um visitante como o Flamengo em nosso estádio, uma vez que a sua capacidade é de 25 mil lugares e com acessos difíceis, e estreitos. A segurança para os torcedores deve estar em primeiro lugar para um dirigente responsável. Quem é que gostaria de perder uma partida por não ter conseguido chegar ao estádio ou sofrer problemas de segurança ou violência? É responsabilidade do Estado, mas é também do dirigente do clube. A situação precisa ser avaliada com muita cautela.

22 - Deixe o seu recado final à torcida vascaína.

Inicia-se agora novo período eleitoral, o momento de avaliar se este é o Vasco que queremos para mais três anos. Durante cinco anos liderei o movimento de oposição a Eurico Miranda com seu comando ditatorial e inaceitável. Rompi com Carlos Roberto Dinamite quando ele ignorou a combinação Competência – Credibilidade –Transparência com a qual havia se comprometido.

O presidente Carlos Roberto Dinamite mostrou que não sabe administrar e sua gestão não é transparente, seus orçamentos são mentirosos e que o nepotismo é uma prática comum para ele, entre vários outros erros.

Em todos os anos o pla-ne-ja-men-to do departamento de futebol foi abandonado diante dos péssimos resultados, sendo salvo por contratações de emergência, como agora em 2011, sobre pressão das derrotas e do desespero com o período eleitoral.

Continuou não recolhendo impostos, tributos, contribuições sociais e previdenciárias. Atrasou inúmeras vezes os salários dos funcionários. Aumentou as despesas do clube em mais de 49% sem obter resultados que o justificassem. Também empregou e contratou parentes e amigos, gerando um prejuízo de cerca de R$1,8 milhões ao longo de todo o mandato. Já conhecemos o Vasco que a gente não quer. E, se visão estratégica e capacidade técnica são fundamentais para construir o clube ideal, outro elemento, o mais importante, não pode faltar: a torcida, a força motriz que cria e renova o clube.

Por isso, convido você a fazer parte deste momento vascaíno, que ressurge mais forte. Seja bem vindo a um projeto para o Vasco que se prepara para TÍTULOS e GESTÃO com FORÇA e UNIÃO.

Fonte: Blog Torcedores do Vasco