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Eurico fala sobre negociações com TV por direitos de transmissão


Quinta-feira, 31/03/2011 - 08:23

Em participação no programa "Casaca no Rádio" desta 2ª-feira, 30/03, o presidente do Conselho de Beneméritos do Vasco, Eurico Miranda, fala sobre as negociações dos clubes com a TV pelos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro:

"Eu quero abordar sobre esse crime de lesa-Vasco e tentar dar uma explicação a todos os vascaínos, porque eles não explicam como é que são as coisas, fazem questão de não explicar por que razão eu, até 2008, não participei do contrato de 2009, 2010 e 2011. Por que razão eu sempre lutei para que o Vasco participasse entre aqueles que mais ganhavam, para não receber menos do que ninguém? Não só pela grandeza do Vasco, não só por defender os interesses do Vasco, mas em especial, para não permitir que acontecesse algo que é um negócio que nós temos exemplos no mundo. Eu sempre evitei a formação do G-2 porque o G-2 nada mais é, ao você permitir que dois clubes ganhem mais... Eles podem ganhar até um pouco mais só agora, mas, na verdade, em cima de outras propriedades, eles vão cada vez ganhando mais, ganhando mais, ganhando mais, fazendo um distanciamento dos outros muito grande, o que leva a uma situação, por exemplo, como acontece na Espanha, em que você tem Real Madrid e Barcelona, e tem os outros. Os outros nunca vão poder alcançar o Real Madrid e o Barcelona. Podem o Real Madrid e o Barcelona fazerem as piores gestões, pode acontecer seja lá o que for com eles, que os outros nunca vão ter, porque se distanciaram de tal maneira, que não há possibilidade de aproximação. Para isso, eles tentavam de diversas maneiras. Tentaram de todas as formas e maneiras. Eu sempre impedi. Uma delas é a situação do pay-per-view, porque achavam eles, coisa que depois o fizeram, com a minha saída, no contrato de 2009, que o pay-per-view é algo que eles podem fazer uma avaliação comparativamente com as pesquisas que eles apresentam de torcida. Diversas pesquisas. Uma até, tipo daquela do call center, que você, ao comprar, chega e diz o clube que você torce e por que está comprando para aquele clube, quando a gente sabe que por essa, por exemplo, nem todo mundo que compra diz qual é o seu clube. E quem é que me garante que quem está tomando nota lá, eu digo que sou Vasco e estou comprando para o Vasco, ele não bota para o outro? E aquele que não diz nenhum, aquele que está tomando nota atribuiu ao outro? E o que é pior, aquilo não traduz efetivamente nada, porque muitas vezes, e isso é muito claro, eu tenho na minha casa três torcedores, o que não é o caso. Na minha casa, todos são torcedores do Vasco, mas na grande maioria, as coisas não acontecem dessa maneira. Outra é que você compra pay-per-view de forma coletiva. Tem diversas modalidades. E eles quiseram levar em consideração uma pesquisa que eu sempre derrubei, porque essa pesquisa de torcida é a coisa mais falsa que você pode ter. Por que razão? Porque é muito simples. Eu conheço muita gente. Não quero levar do meu caso pessoal. Eu conheço tanta gente, e esses todos que conheço nunca foram entrevistados para dizer qual era o clube que eles torciam. Devia ter aparecido pelo menos um, dois ou três que dissessem qual é."

"Eu sempre combati esse tipo de pesquisa. As coisas aconteciam e os clubes recebiam em cima de um percentual. Por exemplo, do bolo geral, o Vasco recebia 8% e pouco, como o Flamengo. Ele recebia sobre a TV aberta, a telefonia, a Internet, os direitos internacionais, o pay-per-view, a TV por assinatura aquele percentual, como saía para todos. Os outros tinham os seus percentuais. Tinha o grupo dos cinco, depois tinha o grupo dos seis. Era feito dessa forma. Eu saí e eles conseguiram fazer essa barbaridade. Continuaram a fazer sobre a TV aberta, a estática, que são as placas, a telefonia, etc nesse percentual. Agora, sobre o pay-per-view, chegaram à seguinte conclusão: que o Flamengo tem 15,13%, o Corinthians tem 14,2%, o Vasco tem 5,9%, o Cruzeiro, o Palmeiras, o Inter, o São Paulo têm mais do que o Vasco. O Flamengo começou a receber três vezes mais do que o Vasco. Essas coisas acontecem de uma forma impune. Por exemplo, eles não têm interesse que eu participe diretamente disso porque isso eu já teria denunciado há muito tempo, colocado há muito tempo que essa não é a forma, não é assim que se pode dividir, essa não é a forma correta, não é justa. Eu não preciso que eles financiem a minha campanha. Eu não preciso que eles me deem outras benesses para, em troca, eu aceitar esse tipo de coisa. O que eu vejo agora? Não satisfeitos de já terem cometido essa violência contra o Vasco, esse crime de lesa-Vasco, assinam um contrato dizendo que este seria o melhor contrato para o Vasco, porque o Vasco recebia, de TV aberta, como o Flamengo, o Corinthians, o Palmeiras e o São Paulo: 21 milhões. E agora, de repente, passa para receber 40 ou 50. Só que o Flamengo, que recebia 21, passa a receber 80. Aí o sujeito coloca 'Mas o Vasco está recebendo muito mais'. Claro, todos estão recebendo muito mais, porque o valor do contrato é muito maior. Só que o Vasco se apequenou."

Fonte: NETVASCO (transcrição)