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Gerente da base Humberto Rocha fala da saída de Muralha, hoje no Urubu


Sábado, 29/01/2011 - 21:36

O futebol envolve paixão, muita paixão. Torcedores sofrem, se emocionam, choram e são capazes de viajar o mundo pelo time do coração. É comum, quando uma pessoa que torce por um clube e passa a torcer por outro, ouvir expressões como vira-casaca e traíra.

Quando um jogador passa pela mesma situação, principalmente se a troca for entre times rivais, ele também não fica isento de tais acusações. Em se tratando de Flamengo e Vasco a coisa fica ainda pior. Na história, exemplos não faltam: Romário, Edmundo, Bebeto, Felipe e Petkovic são alguns dos atletas que passaram por essa situação.

Mas e quando isso acontece antes que ele se torne um atleta de nome? Quando um jogador criado nas categorias de base de um clube, se transfere para o arquirrival? Foi exatamente o que aconteceu com o volante Luiz Felipe, também conhecido como Muralha, campeão da Copa São Paulo de Futebol Junior pelo Flamengo. O jogador chegou aos seis anos de idade no Vasco da Gama, teve todo auxílio médico, educação esportiva, e dez anos depois, aos 16, acabou deixando São Januário com destino à Gávea.

O gerente das categorias de base do Vasco, Humberto Rocha, explicou como foi a saída do atleta Luiz Felipe. Segundo ele, o atleta não foi dispensado do clube.

“Na verdade, ele não foi dispensado. O que aconteceu foi que não houve um acordo econômico. O pai dele, junto do procurador, pediu os direitos econômicos e financeiros em um nível que seria prejudicial ao clube. Houve uma proposta deles, nós fizemos uma contra-proposta, mas eles não gostaram. O pai dele achava que ele deveria ganhar um salário muito maior do que o Vasco tinha condições de dar. Fizemos várias reuniões, mas não houve acordo. O atleta não foi dispensado, ele simplesmente saiu por conta própria.”

Na opinião de Humberto, o atleta pensou mais no dinheiro do que na própria formação. O dirigente comentou também sobre as dificuldades em manter as jovens promessas.

“Do jeito que está o futebol, um menino que tem 16 anos, mas não tem contrato profissional, deixa o clube muito facilmente. Nós sabemos que a Lei Pelé enfraqueceu demais as categorias de base dos times. Todos que acompanham o futebol sabem disso. Desde que começou a nossa gestão, nenhum jogador considerado revelação saiu do clube. Esse atleta quis sair por conta própria, ele visualizou muito mais o dinheiro do que a formação. No nosso entendimento, a formação, no início, é muito mais importante que o dinheiro que ele possa ganhar com 16 anos. O pai dele não entendeu assim. Pode ser que tenham forçado a barra para ele ir para o Flamengo, mas o que aconteceu, foi que o atleta quis seguir o caminho dele em outro lugar.”

Humberto Rocha criticou a atuação dos empresários no futebol. Segundo ele, a maioria só pensa em se dar bem financeiramente.

“O que acontece. Você pega um menino muito novo, com 8 ou 9 anos, investe na educação, na formação esportiva, e quando ele chega aos 16 anos, aparece alguém e se refere a ele como ‘o meu jogador’. O empresário não se refere ao jogador como sendo do clube, diz que o jogador é dele. Não investiram nada, alguns são maus representantes e parceiros de si mesmo. Só se preocupam no que vão ganhar financeiramente. Não é assim, existe toda uma formação para que um jovem se torne um atleta de futebol e possa jogar em alto nível. Essa atividade empresarial no futebol dá muito lucro, então, ninguém está preocupado com isso. A maioria está preocupado com o Seu Bolso Futebol Clube.”

Luiz Felipe tem outra história curiosa. Quando começou a ganhar oportunidade entre os profissionais, o técnico Vanderlei Luxemburgo não gostou do apelido do jogador – Muralha – e sugeriu que ele abrisse mão dessa alcunha. Desde então, Muralha passou a se chamar Luiz Felipe e conquistou o título da Copinha pelo rubro-negro, após 21 anos de jejum.

Fonte: Superesportes