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Dinamite e grupos de Eurico e Coelho devem disputar presidência em 2011


Sexta-feira, 24/12/2010 - 15:14

Não poderia haver um exemplo mais claro para mostrar como a briga política prejudicou o Vasco nas últimas dez temporadas. No ano da troca de comando, auge da disputa interna, o clube caiu pela primeira vez em sua história para a Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro. A maior mancha no currículo se deu na temporada em que cada diretoria comandou o clube por seis meses.

Naturalmente, cada uma culpa a outra pela queda. Enquanto o presidente Roberto Dinamite diz que recebeu uma “herança maldita” de seu antecessor, Eurico Miranda acusa o atual mandatário de não ter competência para gerir o clube.

- Entrei no clube com todas as receitas comprometidas e com um time tecnicamente fraco. Não tinha muito o que fazer, já que não havia dinheiro em caixa para contratar. Tinha que acreditar no trabalho daquele grupo que estava ali. Infelizmente, nossos resultados foram ruins. Não desejo isso que passei a ninguém. A torcida me deu apoio e mostrou que estava junto para a gente dar a volta por cima - afirma Roberto Dinamite.

- Eu deixei o Vasco em oitavo lugar na competição, a três pontos da Libertadores. Tudo o que eles fizeram foi errado. Como é que você pega um time e a primeira coisa que fala é que ele é fraco? E depois fizeram as contratações do jeito que fizeram. E levaram o Vasco para uma situação dessa. Foram eles que levaram o Vasco à queda. Eu afirmo: comigo, não havia hipótese de o Vasco cair - rebate Eurico Miranda.

As disputas políticas prometem continuar em alta já no iníco da próxima década, por causa das eleições de junho. Agora, com três forças. Eurico diz que vai apoiar um candidato, mas que não volta ao clube como presidente. Roberto será candidato à reeleição. A terceira via é composta por dissidentes do MUV, encabeçados por José Henrique Coelho, que foi vice de marketing da atual administração. Descontente com decisões de Dinamite, esse grupo tenta viabilizar uma terceira chapa para o pleito de junho de 2011.

- Em 2001, o Eurico respondeu a inquéritos da CPI do futebol. Havia acusações de que ele tinha casa em Miami, em Angra... A conta disso veio depois. O Roberto assumiu, mas, em vez de romper com as praticas antigas, passou a copiá-las. Por isso saímos da direção. Estamos tentando viabilizar uma nova corrente - diz José Henrique Coelho.

Década fica marcada por liminares

Desde o fim da década de 60 no Vasco, Eurico foi ganhando força no clube até chegar ao auge no fim dos anos 90, quando era vice-presidente de futebol na administração de Antônio Soares Calçada. Os títulos impulsionaram sua candidatura à presidência, cargo que assumiu em 2001. Mas, a partir daí, o time passou a acumular maus resultados. A truculência com que comandava o clube passou a ser severamente criticada. As denúncias de apropriação indébita aumentaram ainda mais a pressão dentro do clube, embora a sentença que o condenava acabasse anulada. O espisódio em que Roberto Dinamite foi impedido de ficar na tribuna de honra de São Januário também foi usado nas disputas políticas.

Paralelamente a isso, o grupo de oposição ganhou força. O Movimento Unido Vascaíno (MUV) cresceu e começou a tentar destituir Eurico do poder. As brigas na Justiça se tornaram rotina e desviaram o foco de dentro do campo. Reuniões para aprovação de balanços eram seguidamente canceladas por liminares. Em 2006, ano de reeleição de Eurico, o MUV entrou na Justiça alegando irregularidades no pleito.

Foi mais de um ano de batalhas jurídicas até que, em 2008, a Justiça determinou que se realizassem novas eleições. Contrariado com a decisão, Eurico recorreu. Houve mais uma briga de liminares, até que Amadeu Pinto da Rocha, apoiado por Eurico, enfrentou Roberto Dinamite, nome escolhido pelo MUV para a eleição. Dinamite venceu o pleito, mas não teve vida fácil nos anos seguintes.

Ainda com muita força no clube, Eurico conseguiu se eleger presidente do conselho de beneméritos, que, apesar de ser um órgão sem poder de veto, fez com que o ex-presidente se mantivesse dentro da política do clube. As brigas na Justiça não cessaram: até uma decisão do conselho fiscal acabou anulada (depois, claro, de uma série de liminares). Entre uma briga e outra, o clube acumulou maus resultados. Houve apenas um Carioca para comemorar e a Série B para lamentar.

Fonte: GloboEsporte.com