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Juarez Fischer, captador da base do Vasco, deixa o clube


Quinta-feira, 16/12/2010 - 11:23

Captadores. Se você acompanha futebol e não sabe o que faz um desses, precisa se atualizar. Afinal, são profissionais de relevância cada vez maior no dia a dia de um clube. Grandes que se prezem, aliás, precisam ter um departamento de captação em suas categorias de base. Equipes mais antenadas, como o Cruzeiro ou a dupla Gre-Nal, trabalham com isso há muito tempo. Outras mais anacrônicas, como o Flamengo, vêm dando o pontapé de largada recentemente.

Referência entre os captadores é Juarez Fischer (à direita), que se criou dentro do Grêmio e teve rápida, porém proveitosa passagem, à frente do Vasco. Naturalmente, Fischer foi levado a São Januário por Rodrigo Caetano, fruto do trabalho que ambos haviam realizado no Estádio Olímpico. Chegou no início de 2010, instituiu e estruturou o departamento de captação vascaíno e deixará frutos nesse momento de partida. Ele afirma ter pedido demissão, mas não conta à coluna o porquê dessa saída.

No total, Juarez Fischer trabalhou quatro temporadas na captação do Grêmio. Seu trabalho consistia em rodar o Brasil –e eventualmente o exterior – atrás de valores espalhados por clubes pequenos, médios e grandes. Caçando atletas sem contrato, fazendo parcerias e montando uma rede de contatos importantes, Fischer descobriu que seu ofício em categorias de base poderia ir além das funções de preparador físico e treinador que já exercera até então.

Ao Vasco, em que já iniciara um processo de estruturação na temporada 2009, Rodrigo Caetano levou o mais famoso captador gremista – um dos tantos profissionais de formação que deixaram o Estádio Olímpico na infeliz reestruturação da base promovida por Paulo Autuori. Era sabido que o amador vascaíno tinha carências sérias e havia feito trocas sensíveis nos elencos de suas camadas jovens.

Nessa linha, Fischer caiu como uma luva. A captação do Vasco inexistia de forma estruturada – só dois profissionais realizavam esse serviço, mas ganharam um departamento, um chefe e outros três captadores. Em um ano, ele foi responsável pela chegada de aproximadamente 30 jogadores, das idades mais precoces aos juniores. Um exemplo foi o volante Rômulo, titular no Campeonato Brasileiro. Na saída, Fischer deixa um importante legado de critérios e de contatos para os cruzmaltinos que darão sequência ao seu trabalho.

É importante notar o contexto do futebol em que se insere a função do captador, cuja importância cresce no mesmo sentido em que as famosas peneiras perdem relevância. “Hoje há um CT e uma escolinha em qualquer lugar, tem uma série de quadras de futebol de salão. É difícil achar jogadores assim”, conta Fischer. Na prática, há uma inversão de ordem.

No passado, os jogadores é que iam atrás dos clubes e se expunham a avaliações quase nunca criteriosas, justas ou objetivas. No presente, os atletas é que viraram protagonistas, o que começa na Lei Pelé e chega até o futebol na prática. No dia a dia. Fischer, que admite já negociar para trabalhar novamente no Grêmio em 2011, é um elemento dessa mudança de conceitos. Um pioneiro num ofício vital para encher as bases dos grandes de jovens – e baratos – talentos.

Fonte: Site Olheiros