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Veja entrevista com Vinicius Gonçalves, assessor de imprensa do Vasco


Quinta-feira, 04/11/2010 - 06:19

Vinicius aparece ao lado do volante Rafael CariocaLeitores e frequentadores do Blog, hoje trago a vocês a primeira entrevista por mim realizada. E o primeiro a conversar com o Repórter da Colina foi o assessor de imprensa do Vasco: Vinicius Gonçalves, mais conhecido pelos vascaínos da rede como ''ViniciusCRVG''.

Esse apelido se deve ao endereço de sua conta no Twitter: @ViniciusCRVG, onde o profissional passa todo o tipo de material que tem disponível para seus seguidores. Além de fotos e vídeos, Vinicius também passa informações, responde a todos os torcedores e esclarece boatos quando necessário.

Foram abordadas questões como relação com a imprensa, expectativas para 2011, maneira de trabalho dentro do Vasco, Rodrigo Caetano etc. O bate-papo completo você confere abaixo:

Primeiro, apresente-se aos leitores. Espaço pessoal: Diga quem é Vinicius Gonçalves.

Meu nome é Vinicius de Melo Gonçalves, jornalista formado desde 2007, tenho 29 anos, sou casado há 2 anos com a Camila e tenho um filho de 1 ano e meio chamado Lucas. Basicamente sou uma pessoa de hábitos simples que divide seu tempo quase que exclusivamente entre essas duas atividades: trabalhar para o Vasco e ser um bom pai de família, coisas que me dão enorme prazer.

Fale um pouco sobre sua profissão (Assessor de imprensa) e conte como é seu dia-a-dia dentro do Vasco.

Vou tentar resumir, pois é muita coisa: Em poucas palavras, o assessor de imprensa de um clube faz o "meio de campo" entre a instituição e os meios de comunicação, e isso engloba uma série de atividades. Eu e minha chefe, Patricia Gregório, temos como principais atribuições no dia-a-dia: acompanhar e coordenar a movimentação da imprensa dentro do clube nos dias de treinos e jogos, escalar quais jogadores concederão entrevista coletiva diariamente, atender as solicitações para matérias exclusivas com atletas e membros da comissão técnica, acompanhar e reportar aos nossos superiores toda e qualquer notícia que saia sobre o clube na imprensa, cuidar para que, sempre que possível, as logomarcas dos nossos patrocinadores estejam visíveis quando nossos atletas concederem entrevistas para a TV, corrigir, sempre que necessário, qualquer informação imprecisa ou errônea que seja dada a respeito do clube, enfim, é muita coisa. Mas nesse "resumo" dá pra ter uma idéia aproximada do que a gente faz.

Como começou a sua relação com o Gigante da Colina? Sempre foi vascaíno? Como foi parar dentro do clube? Desde quando está no cargo?

Minha relação com o Vasco vem literalmente "de berço". Nasci numa família de vascaínos "xiitas" como costumamos brincar. Meu avô, Manoel de Melo, falecido recentemente aos 95 anos, era Grande Benemérito do Vasco. Além dele, meu tio Fernando, que já foi conselheiro, começou a me levar para os jogos desde que me entendo por gente. Sendo assim, trabalhar no Vasco foi algo que aconteceu de forma muito natural. Quando me formei na PUC-Rio no primeiro semestre de 2007, eu já trabalhava como "webwriter" gerando conteúdo para sites da internet, atividade que eu realizava a maior parte trabalhando em casa. Meu avô achava isso um absurdo e vivia me chamando de vagabundo pelos cantos (risos). Um belo dia de maio de 2008 ele me disse que eu ia fazer um estágio na assessoria do Vasco. Logicamente que como vascaíno a idéia parecia um sonho, e nem pensei duas vezes, apesar da grande perda financeira que eu teria naquele momento por estar indo de uma condição de contratado para uma de estagiário. Mas apostei nesse sonho, investi na carreira, e quando a administração do Presidente Roberto Dinamite tomou posse acabei sendo efetivado e tendo minha carteira de trabalho assinada. Sou muito grato a essas pessoas por tudo que me proprocionaram.

Qual a situação mais complicada que você já enfrentou dentro do Vasco? E a mais feliz? Algum fato curioso ou engraçado vivido no clube que possa nos contar?

Sem dúvida o momento mais complicado foi o rebaixamento, e não poderia ser diferente. Foi um momento de muita tristeza para todos nós e que certamente ficará marcado para mim, pra todos no clube, e pra qualquer torcedor do Vasco. Momentos felizes eu tive muitos, então vou enumerar os três mais emocionantes para mim: meu primeiro jogo trabalhando, que foi Vasco x Sport no jogo de volta da semifinal da Copa do Brasil de 2008 em que marcamos o segundo gol depois dos 45 do segundo tempo e perdemos nos pênaltis; o título da Série B, que trouxe o Vasco de volta à elite depois de um ano de muito trabalho e pressão; e por fim o título da Copa da Hora esse ano em Florianópolis, que pode não ter sido de muita importância para o torcedor, mas pra mim teve um significado todo especial. Isso porque assim que chegamos em Floripa recebi a notícia do falecimento do meu avô. Peguei o primeiro vôo da madrugada para acompanhar sua despedida e saí direto do cemitério para o aeroporto novamente. Chegando fui direto para o estádio da Ressacada para trabalhar na estréia do Vasco no torneio, onde acabamos perdendo para o Grêmio. Foi uma "maratona emocional" muito grande que no fim acabou coroada com o título da competição, e eu acabei sendo convidado pelo zagueiro Fernando (capitão do time naquela ocasião) e pelo Rodrigo Caetano para receber o troféu junto com eles (confira a cena na foto acima). Naquele momento dediquei tudo aquilo que estava vivendo ao meu avô, responsável por tudo relacionado ao Vasco que aconteceu na minha vida.

Já sobre fatos engraçados e curiosos, acontecem todos os dias. Afinal, a grande maioria dos jogadores são "crianças grandes" e o bom humor é uma tônica do nosso cotidiano. Temos um ambiente de trabalho excepcional. Fica difícil apontar um fato.

Como é o relacionamento de um assessor de imprensa com os jogadores?

A relação é muito próxima e tem que ser regida principalmente por uma coisa: confiança. Isso porque nem sempre as notícias sobre o clube e os atletas são boas, positivas. Então é preciso ter muita conversa, passar pra eles o que está sendo dito, alertá-los sobre possíveis temas que serão tratados nas entrevistas, ouví-los e defendê-los toda vez que se acharem prejudicados por alguma coisa escrita sobre eles. No mais, é uma relação como qualquer outra de trabalho. Somos todos parte de uma mesma equipe, que trabalha com o mesmo objetivo.

Alguns jornalistas se queixam um pouco da relação com a assessoria do clube. Como você vê esse tipo de questão?

Essas queixas são absolutamente normais, uma vez que nossa função ali é coordenar e autorizar as solicitações da imprensa. Sendo assim, sempre que alguém tem um pedido negado, ou adiado, existe a reclamação. E isso não é só no Vasco, mas em todos os grandes clubes do Brasil. Temos um método de trabalho, com algumas normas a serem seguidas, e isso nem sempre agrada a todos. Mas posso dizer com convicção que em termos gerais a relação é muito boa, e que procuramos atender dentro das nossas possibilidades a todos os veículos de maneira igual, sem "olhar para o crachá da empresa" como costumamos dizer.

Como é a sua relaçao com a imprensa? Já teve algum problema com jornalistas?

A minha relação com eles é muito boa. Tenho diversos grandes amigos na imprensa e não poderia ser diferente. Afinal, eles estão quase todo dia comigo no meu trabalho. Muitas pessoas gostam de pintar a imprensa como inimiga do clube, mas nós lá não vemos dessa forma, pelo contrário. Precisamos deles para levar a informação para nossa imensa torcida. É óbvio que como em qualquer trabalho vão haver diferenças pontuais, mas no geral são muito mais momentos bons e de harmonia do que problemas. Acho que o noticiário do Vasco nesses dois anos e meio fala por si.

No Brasil muitos blogueiros lutam por um lugar ao sol. E de fato, uma entrevista exclusiva com um jogador seria um grande feito profissional. Porém, muitas dificuldades estão nesse caminho, algumas vezes até a distância por não estarem no Rio de Janeiro. Com base nisso pergunto: O que os blogueiros devem fazer para ter uma entrevista com jogadores? É possível? Se sim, qual o meio?

Essa é uma questão um pouco complicada. Não por preconceito com os blogueiros, até porque, eu já fui um deles. A questão é simplesmente de demanda. Eu tenho pelo menos 15 veículos que cobrem o clube quase que diariamente, todos eles com jornalistas formados e associados as instituições que regulamentam a profissão. Todos eles me fazem dezenas de pedidos diariamente, e nós temos que ter um jogo de cintura imenso para atendê-los de forma organizada sem privilegiar ninguém. Quando alguém faz duas matérias especias (fora da coletiva) seguidas, os outros veículos naturalmente me cobram. Imagine então se eu passo um blogueiro, que nunca vai ao clube, na frente dessa "fila"... A sugestão que eu tenho é a seguinte: se associem à ACERJ (Associação dos Cronistas Esportivos do Rio de Janeiro) e comecem a frequentar os treinos com os outros jornalistas. Assim, além de pegar uma grande experiência com esses profissionais, vocês entram em igualdades de condições para fazer a solicitação. Para aqueles que moram fora do Rio, logicamente é mais difícil, mas não impossível. Procure se associar a entidade de cronistas esportivos do seu estado e entre em contato com a gente. Algumas vezes atendemos blogueiros e estudantes de jornalismo independentemente dessa associação, mas isso vai depender sempre da demanda do momento.

Os que o acompanham pelo Twitter, recebem diariamente informações, fotos, vídeos etc. sobre assuntos relacionados ao Vasco. Tudo que lhe é possível transmitir, você passa para a torcida vascaína. E por isso, está sendo muito admirado e elogiado por todos. Como se sente sendo uma referência entre os vascaínos da rede?

Agradeço muito o reconhecimento, mas acho que "referência" é um pouco de exagero do amigo ... Faço por puro prazer, pois me lembro da época em que era apenas torcedor e de quanto gostaria de receber essas informações. Acho que com as fotos dos estádios, vestiários, escalações consigo trazer o torcedor um pouco mais próximo do meu trabalho e da minha emoção de fazer aquilo que amo. Além disso, recomendo também o belíssimo trabalho realizado pelo nosso fotógrafo oficial Marcelo Sadio, que nos acompanha em todas as viagens e alimenta a galeria de fotos do Site Oficial. Perto do trabalho dele minhas fotos são "brincadeira de criança". O Marcelo faz verdadeiras obras de arte a partir dessa nossa paixão pelo Vasco. O livro dele sobre a nossa volta a Série A é um item obrigatório para qualquer vascaíno. No mais, espero conseguir continuar fazendo esse trabalho paralelo através do twitter. Aproveito aqui para agradecer meus seguidores pelas palavras de carinho que sempre recebo. Me dá combustível para continuar, apesar de às vezes eu me enrolar um pouco. Afinal eu tenho que dar um jeito conciliar minhas obrigações com o clube com esse hobby, praticamente ao mesmo tempo.

Quando anunciei essa entrevista para os meus seguidores, recebi algumas sugestões pedindo para que eu lhe perguntasse se você pode começar a realizar twitcam's de dentro do Vasco. Para mostrar bastidores, como tudo funciona dentro do clube, apresentando São Januário aos que não podem conhecer o estádio devido à distância etc. Talvez até uma transmissão acompanhado de um jogador, para que todos possam ter um contato mais direto com o ídolo. Seria possível? Tem alguma ideia baseada nisso?

Como disse na resposta anterior, uma twitcam seria quase impossível, pois eu tenho outras atribuições e não poderia me "dar ao luxo" de ficar parado fazendo isso. Mas fiquem tranquilos que o pessoal do Departamento de Marketing e do Site Oficial está se movimentando nesse sentido e é bem provável que vocês tenham novidades em breve.

Pela primeira vez, vejo um diretor executivo ser ídolo de uma torcida. A relação construida entre torcedores do Vasco e Rodrigo Caetano é muito bonita. O que acha desse fato? O que pode nos falar sobre esse grande profissional?

Sou muito suspeito pra falar do Rodrigo. Além da admiração pessoal e profissional, tenho por ele acima de tudo um sentimento de gratidão. Muito do profissional que sou hoje eu devo a ele. Com seu jeito rigoroso e exigente, com sua maneira de cobrar resultados 24 horas por dia, ele acabou unindo todos os profissionais do Departamente de Futebol em torno de um simples objetivo: procurar sempre fazer melhor hoje do que fizemos ontem. Eu e a Patrícia, assim como todos do Departamento, nos reportamos a ele diariamente, o tempo todo. E mesmo com essa agenda alucinada, ele sempre encontra tempo para nos ouvir, e respaldar e orientar nossas decisões. Acho que esse reconhecimento da torcida é nada mais do que o fruto do trabalho dele. Posso garantir pra vocês que ele acorda e dorme pensando no Vasco. Merece tudo isso.

Infelizmente, 2010 não foi um ano muito feliz para o torcedor vascaíno. Porém, todos estão muito confiantes para a próxima temporada. Como está sendo o planejamento para 2011? Todos aí estão esperançosos? Podemos esperar um grande um grande ano? Pode nos adiantar alguma coisa?

Não sou a pessoa mais indicada para falar em planejamento, pois essa não é a minha área. Mas posso dizer pra torcida o seguinte: confio muito nas pessoas responsáveis por isso. O Presidente Roberto Dinamite, o Vice de Futebol José Hamilton Mandarino, e o próprio Rodrigo sabem o que o Vasco precisa e trabalham incansavelmente pra isso. O torcedor precisa somente entender que nós aqui queremos o mesmo que vocês. Queremos vencer sempre e ver o Vasco no lugar mais alto, mas o futebol não é uma ciência exata. Quando dizem que 2010 não foi um ano bom, é muito relativo. Por exemplo, se o desses nossos empates, transformássemos 4 deles em vitórias, estaríamos hoje com 50 pontos, disputando uma condição totalmente diferente na tabela. Mas como eu disse, futebol não é ciência, existe sempre o imponderável, e além disso, adversários sempre fortes e motivados do outro lado do campo. Detalhes separam aquilo que se chama de uma campanha boa de uma ruim, e infelizmente esse ano os detalhes penderam contra nós, mas ano que vem tudo pode mudar. De qualquer forma, o campeonato ainda não acabou, e caso consigamos bons resultados nos jogos que faltam, certamente o torcedor poderá ver o Vasco numa posição melhor na tabela ao fim da competição.

Pergunta do Twitter: @Leuh_Vasco Poderia citar dois jogadores que você admira? Um na história do clube e um no elenco atual.

Rapaz, essa pergunta é dificílima. Tenho amizade e admiração por tantos jogadores no atual elenco que se eu citar um só vou ter problemas (risos). Pra falar da história do clube, vou citar um que trabalha conosco atualmente também, só que na função de Preparador de Goleiros: Carlos Germano. Acho que eu não preciso nem aprofundar muito os motivos. Trabalhar e conviver com ele é um privilégio para qualquer um, principalmente um vascaíno como eu. Sua simplicidade e carinho com o torcedor em qualquer lugar do Brasil que passamos é algo comovente. O assédio em cima dele é sempre muito grande, e se tiverem 500 pessoas nos esperando no saguão de um aeroporto, ele faz questão de atender cada uma delas. Muitas vezes a saída do nosso ônibus atrasa por causa disso (risos). Trabalhar com ele o transformou num ídolo muito maior do que já era pra mim.

Para finalizar, deixe seu recado final ao torcedor vascaíno que acompanha essa entrevista. Sobre o porque de ser Vasco da Gama.

Queria deixar um grande abraço para todos vocês e agradecer por esse espaço pra contar um pouco da minha história. Reafirmar para o torcedor que ele pode esperar sempre o melhor de todos nós, pois acordamos pra trabalhar todo dia pensando somente em corresponder às expectativas desse torcedor, que é o grande patrimônio do clube. Sei que vocês são exigentes, pois eu já estive do outro lado. Cobrem, incentivem, mas nunca deixem de estar junto do Vasco, pois somente juntos seremos mais fortes. Saudações Vascaínas!

Fonte: Blog Repórter da Colina