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Presidente da CBR diz que São Januário ficará na história do Rúgbi


Quinta-feira, 02/09/2010 - 21:52

Silva não é um sobrenome comum nos campos de golfe. Num esporte que vem se popularizando aos poucos no país, são mais conhecidos atletas com sobrenomes estrangeiros. Mas a paulista Nathalie Rodrigues da Silva, de 20 anos, não dá bola para isso e hoje, morando, estudando e fazendo carreira nos Estados Unidos, é uma das esperanças brasileiras para os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, em que o golfe será reintroduzido. E, se as Olimpíadas ainda estão por vir, no caso do rúgbi nada melhor do que jogadoras de futuro até no nome: as irmãs Cristiana e Beatriz Futuro, da seleção brasileira hexacampeã sul-americana e décima do ranking mundial.

O golfe foi esporte olímpico pela última vez nos Jogos de Saint Louis, em 1904. Já o rúgbi foi olímpico em 1900, 1908, 1920 e 1924, mas na versão com 15 em cada time, e não sete, como será em 2016. As comunidades desses esportes estão efervescentes.

- Em 2016, terei 26 anos e vou estar no pico da minha carreira - espera a golfista Nathalie, vice-campeã brasileira, que, graças ao esporte, obteve bolsa para cursar cinesiologia (um somatório de educação física e fisioterapia) na California Baptist University, em Riverside, EUA. Nos EUA, Nathalie é campeã da liga National Association of Intercollegiate Athletics (Naia), contando com o apoio financeiro da família e do clube Paradise Resort:

- Na minha universidade, eu tenho um técnico, horários para treinar, professores que dão reforço em alguma disciplina em que eu tenha problemas e, na época de provas, meu treinador facilita meus horários de treinamentos. Se perder aulas por causa de treinos ou competições, tenho o direito de repor essas aulas. Eu estudo firme, e, no último semestre, tive nota máxima em todas as disciplinas.

E pensar que de início Nathalie nem queria saber do esporte dos tacos, pelo qual seu pai, Adailzo da Silva Júnior, Seu Zico, já era um apaixonado, desde que trabalhava como caddie, o carregador do material esportivo dos golfistas. Quando, um dia, atendeu ao convite do pai e foi a um jogo de golfe, em 2005, Nathalie se apaixonou.

- Com as Olimpíadas no Brasil, o golfe vai ter um empurrão para se tonar mais popular. Temos de mostrar que não é um esporte de elite. As pessoas vão olhar para o golfe com outros olhos - afirma, lamentando que nos EUA uma bolsa com todo o material do esporte custe US$ 400, e no Brasil, só os tacos custem mil reais.

Mudando de um campo para o outro, o rúgbi - embora tenha sido trazido para o Brasil por Charles Miller, junto com o futebol, em 1894 - até hoje não se difundiu tanto. Atletas do Niterói Rúgbi, Cristiana e Beatriz Futuro mal podem esperar pela chance de verem sua modalidade favorita incluída no megaevento de 2016.

- A grosso modo, o rúgbi de sete é como o futsal em relação ao futebol. É um jogo de maior criatividade que o de 15. Mais leve e, no feminino, nos encaixamos superbem - diz Beatriz, a Baby, de 24 anos, que é formada em artes cênicas viajou no mês passado para a Austrália, para estudar e praticar seu esporte pela Sydney University.

Para Cris, de 29 anos, a inclusão do rúgbi nas Olimpíadas coroa um trabalho de muito tempo da International Rugby Board, a federação internacional da modalidade.

- No Brasil, o nosso esporte não é profissional. Nunca tivemos muito apoio, mas acreditamos que teremos mais patrocinadores agora. No feminino, temos tido melhores resultados que os homens, até porque na América do Sul nosso esporte é pouco praticado entre as mulheres. Não é que falte qualidade à seleção masculina, mas, na América do Sul, Argentina, Uruguai e Chile são mais fortes.

Se entre os atletas há muita esperança, entre os dirigentes é a hora de arregaçar as mangas.

- No caso do golfe, a ideia é construir um novo campo público, que ficará como legado para a cidade. Deverá ser na Barra ou no Recreio. Com o golfe nas Olimpíadas, o esporte crescerá no país e o mundo vai estar olhando para nós. Queremos aproveitar a oportunidade para popularizar o esporte, porque o que limita esse processo é a obrigatoriedade de alguém ser sócio dos clubes de golfe para poder praticar o esporte - diz o presidente da Confederação Brasileira de Golfe, Rachid Orra.

Para o presidente da recém-fundada Confederação Brasileira de Rúgbi, Sami Arap, a proposta é a de investir mais forte nas seleções, para o esporte passar a ter ídolos e ganhar visibilidade. A base e os clubes se desenvolveriam posteriormente. Um dos problemas básicos é a existência de poucos campos específicos para o rúgbi. São apenas oito, no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Ainda não está definido se, mesmo como país sede, o Brasil terá vaga assegurada na disputa, em especial no masculino, cuja seleção não está entre as melhores do mundo. É possível que a equipe tenha de jogar um Pré-Olímpico.

- Em 2016, o rúgbi será no Estádio do Vasco, em São Januário. É perfeito, por não ser grande demais e por ser aconchegante. O local será reformado e ficará na história como palco do rúgbi nas Olimpíadas - aposta Sami.

Fonte: O Globo online