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Donato, ex-Vasco, comenta sucesso da Espanha na Copa do Mundo
Quinta-feira, 08/07/2010 - 07:48
O ex-volante Donato, 47, deixou o Brasil em 1988 e, aos poucos, foi se transformando em espanhol. Defendeu o Atlético de Madri, virou um dos jogadores mais importantes da história do La Coruña, naturalizou-se, jogou pela seleção e adicionou palavras em castelhano ao vocabulário, mesmo quando fala o português de sua terra natal.
Em 22 anos na Espanha, viu o futebol local passar por um longo processo de transformação. Hoje, não tem mais dúvidas sobre qual é o país mais poderoso do mundo no esporte.
"Os times daqui aprenderam que precisam dar espaço para os jogadores jovens e talentosos. O que está acontecendo aqui é o mesmo que acontecia com o Brasil no passado. A Espanha virou uma fábrica de jogadores, e o Brasil está em uma decadência tremenda", disse o ex-jogador, em entrevista por telefone à Folha.com.
Aposentado há sete anos, Donato está no início da carreira de treinador. Já trabalhou nas categorias de base do La Coruña e foi auxiliar de Mazinho, campeão mundial em 1994 com o Brasil, no Aris Tessalônica, da Grécia.
Agora, está em busca de um voo solo. Brincou que poderia herdar a vaga de Dunga. O ex-treinador da seleção brasileira, aliás, foi absolvido por ele de qualquer culpa pela eliminação nas quartas de final de Copa do Mundo.
"O Brasil não pode depender só de Robinho e Kaká. Precisa de um grupo inteiro. Pena que Dunga não tinha material. O nível da seleção baixou muito. O futebol daí está decaindo porque não há tempo para desenvolver o jogador. Com 17, 18 anos, ele já está jogando e sendo cobrado. Depois, vai para a Europa."
Ao contrário da seleção brasileira, a espanhola continua viva na Copa. Nesta quarta-feira, enfrenta a Alemanha por uma inédita vaga na final. Indo para a decisão, a atual campeã europeia terá a oportunidade de completar um processo que, segundo Donato, começou com a importação de estrangeiros.
"Na época do Ronaldinho e do Deco, todas as crianças de Barcelona queriam ser como eles. Quando eles saíram, Xavi e Iniesta assumiram a responsabilidade. Eles eram grandes jogadores, mas melhoraram muito depois dessas saídas. A convivência com estrangeiros deu a eles a garra necessária. Faltava essa raiva aos espanhóis. Antes, eles ficavam chorando, hoje eles retrucam", exemplificou.
A Espanha atual foi formada em cima do mesmo estilo de jogo do Barcelona. É um time que mantém a posse de bola e dá incansáveis toques laterais até encontrar uma brecha para finalizar. Não à toa, lidera os rankings de números de passe e dribles do Mundial sul-africano.
"A seleção espanhola é a que melhor joga o futebol. Eles [jogadores] gostam de futebol e se divertem o tempo todo, porque ficam com a bola. Ganharam muita confiança depois do título da Eurocopa. Era só isso que faltava a eles. Quem gosta de futebol, gosta de ver a Espanha jogar."
A euforia de Donato não é única, mas sim algo comum ao espanhol típico. O ex-volante relatou que nunca viu o país tão mobilizado e confiante em um sucesso da "Fúria".
"Os meios de comunicação estão colocando telões nas ruas, que era algo que não acontecia antes aqui na Espanha. Tudo era muito frio. Mas agora, estamos vivendo até em demasia a Copa do Mundo. Os meios de comunicação falam: a Espanha será campeã, será campeã."
Para ir à final, a Espanha terá que superar a equipe sensação da Copa. Tricampeã, a Alemanha chegou desacreditada à África do Sul, com uma base de jogadores inexperientes, mas já aplicou três goleadas (contra Inglaterra e Argentina, inclusive) e tem apresentado um futebol vistoso.
"É um time muito bem organizado e que ataca em grupo. É uma seleção com sistema tático rígido. Vai ser um jogo bonito, mas creio que a Espanha, mantendo a filosofia do seu jogo, que tem tudo para passar a final. Se a Espanha ganhar esse jogo, será a campeã", completou Donato.
Nome: Donato Gama da Silva
Nascimento: 30/12/1962 (47 anos)
Local: Rio de Janeiro (RJ)
Posição: Zagueiro/Volante
Clubes:
1980 a 1988 - VASCO
1988 a 1993 - Atlético de Madrid-ESP
1993 a 2003 - La Coruña-ESP
Fonte: Folha online (texto, foto), NETVASCO (ficha, foto)
Em 22 anos na Espanha, viu o futebol local passar por um longo processo de transformação. Hoje, não tem mais dúvidas sobre qual é o país mais poderoso do mundo no esporte.
"Os times daqui aprenderam que precisam dar espaço para os jogadores jovens e talentosos. O que está acontecendo aqui é o mesmo que acontecia com o Brasil no passado. A Espanha virou uma fábrica de jogadores, e o Brasil está em uma decadência tremenda", disse o ex-jogador, em entrevista por telefone à Folha.com.
Aposentado há sete anos, Donato está no início da carreira de treinador. Já trabalhou nas categorias de base do La Coruña e foi auxiliar de Mazinho, campeão mundial em 1994 com o Brasil, no Aris Tessalônica, da Grécia.
Agora, está em busca de um voo solo. Brincou que poderia herdar a vaga de Dunga. O ex-treinador da seleção brasileira, aliás, foi absolvido por ele de qualquer culpa pela eliminação nas quartas de final de Copa do Mundo.
"O Brasil não pode depender só de Robinho e Kaká. Precisa de um grupo inteiro. Pena que Dunga não tinha material. O nível da seleção baixou muito. O futebol daí está decaindo porque não há tempo para desenvolver o jogador. Com 17, 18 anos, ele já está jogando e sendo cobrado. Depois, vai para a Europa."
Ao contrário da seleção brasileira, a espanhola continua viva na Copa. Nesta quarta-feira, enfrenta a Alemanha por uma inédita vaga na final. Indo para a decisão, a atual campeã europeia terá a oportunidade de completar um processo que, segundo Donato, começou com a importação de estrangeiros.
"Na época do Ronaldinho e do Deco, todas as crianças de Barcelona queriam ser como eles. Quando eles saíram, Xavi e Iniesta assumiram a responsabilidade. Eles eram grandes jogadores, mas melhoraram muito depois dessas saídas. A convivência com estrangeiros deu a eles a garra necessária. Faltava essa raiva aos espanhóis. Antes, eles ficavam chorando, hoje eles retrucam", exemplificou.
A Espanha atual foi formada em cima do mesmo estilo de jogo do Barcelona. É um time que mantém a posse de bola e dá incansáveis toques laterais até encontrar uma brecha para finalizar. Não à toa, lidera os rankings de números de passe e dribles do Mundial sul-africano.
"A seleção espanhola é a que melhor joga o futebol. Eles [jogadores] gostam de futebol e se divertem o tempo todo, porque ficam com a bola. Ganharam muita confiança depois do título da Eurocopa. Era só isso que faltava a eles. Quem gosta de futebol, gosta de ver a Espanha jogar."
A euforia de Donato não é única, mas sim algo comum ao espanhol típico. O ex-volante relatou que nunca viu o país tão mobilizado e confiante em um sucesso da "Fúria".
"Os meios de comunicação estão colocando telões nas ruas, que era algo que não acontecia antes aqui na Espanha. Tudo era muito frio. Mas agora, estamos vivendo até em demasia a Copa do Mundo. Os meios de comunicação falam: a Espanha será campeã, será campeã."
Para ir à final, a Espanha terá que superar a equipe sensação da Copa. Tricampeã, a Alemanha chegou desacreditada à África do Sul, com uma base de jogadores inexperientes, mas já aplicou três goleadas (contra Inglaterra e Argentina, inclusive) e tem apresentado um futebol vistoso.
"É um time muito bem organizado e que ataca em grupo. É uma seleção com sistema tático rígido. Vai ser um jogo bonito, mas creio que a Espanha, mantendo a filosofia do seu jogo, que tem tudo para passar a final. Se a Espanha ganhar esse jogo, será a campeã", completou Donato.
FICHA TÉCNICA
Nome: Donato Gama da Silva
Nascimento: 30/12/1962 (47 anos)
Local: Rio de Janeiro (RJ)
Posição: Zagueiro/Volante
Clubes:
1980 a 1988 - VASCO
1988 a 1993 - Atlético de Madrid-ESP
1993 a 2003 - La Coruña-ESP
Fonte: Folha online (texto, foto), NETVASCO (ficha, foto)
