Atualmente preso, ex-governador Sérgio Cabral afirma ter recebido propina de Carlos Osório, hoje conselheiro do Vasco
Quinta-feira, 28/02/2019 - 06:02
Em depoimento ao Ministério Público Federal (MPF) no dia 21 de fevereiro, o ex-governador Sérgio Cabral (MDB) admitiu ter recebido propina do ex-deputado estadual e ex-secretário Carlos Osório em troca da liberação de uma indenização paga pelo governo do estado à família do ex-parlamentar. O acordo teria ocorrido em 2007, quando Osório era secretário-geral do comitê organizador dos Jogos Pan-americanos. Ao todo, teriam sido pagos R$ 1,5 milhão para Cabral e Regis Fichtner , secretário da Casa Civil de seu governo.

Segundo Cabral, a negociação envolveu a desapropriação de um terreno no Estácio de propriedade da concessionária Automodelo, pertencente à família de Osório, durante as obras da linha 1 do metrô, no começo dos anos 1970. O pagamento teria sido negociado por Fichtner, afirma.

- É verdade em relação ao pagamento da indenização à família do Osório, que era dona da Automodelo - confirma. - O Régis ganhou. Em valores sou muito ruim, me desculpem. Mas ele ganhou um dinheiro, ganhou uma propina do pagamento da indenização pro Osório.

O ex-governador conta que Osório teria se aproveitado da proximidade com a cúpula do governo por conta dos preparativos dos Jogos Pan-Americanos de 2007 para negociar o pagamento da indenização.

- Como o Osório naquela ocasião era do Comitê Olímpico, convivia conosco por causa dos Jogos Pan-Americanos e dos preparativos para os Jogos Olímpicos. O Régis era uma pessoa que também nos Jogos Olímpicos tinha um papel importante de coordenar as ações do estado. O Osório conversou com ele e eles combinaram lá um valor - conta. - Eu sei que a propina deu algo em torno de R$ 1,5 milhão.

Cabral ainda cita que Carlos Miranda, seu operador financeiro, foi buscar o pagamento em uma distribuidora de bebidas de propriedade do irmão do ex-deputado. Osório foi procurado pelo GLOBO, mas não retornou os contatos.

O esquema já havia sido denunciado em um anexo de sua delação premiada. O operador de Cabral afirmou ter buscado cerca de R$ 2 milhões em propina.

Além de ex-deputado, Carlos Osório foi secretário municipal de Transportes na gestão de Eduardo Paes, e assumiu o mesmo posto no governo do estado durante a administração de Luiz Fernando Pezão. Ele se elegeu deputado estadual em 2014 pelo MDB, deixando o partido para concorrer à prefeitura à prefeitura pelo PSDB, em 2016. No ano passado, ele decidiu deixar a vida pública e não tentou se reeleger.



Fonte: O Globo Online