Em nota, Casaca critica silêncio de Campello em relação a críticas à condução da base na gestão Eurico
Terça-feira, 29/01/2019 - 07:02
O Cínico e o Vazio

No dia 24/12, na presença de alguns conselheiros, foi dito ao presidente Alexandre Campello que um dos segredos para se fazer uma administração adequada, além do cuidado evidente com as contas, é manter equilíbrio entre a cordialidade com a mídia e o apoio político. Pois, se por um lado a mídia pode jogar confetes importantes ou preservar lambanças, por outro, especificamente da forma pela qual a atual gestão chegou lá, apoio político é crucial.

Não se sabe se Campello entendeu o recado. Se entendeu, parece que não.

Todos conhecem, dito aos quatro ventos, a relação entre o jornalista Gilmar Ferreira e o atual mandatário. Todos imaginam que, assim sendo, por mera simpatia, Gilmar Ferreira passou a falar bem do Vasco da noite para o dia. Até aí não há problema algum.

Ocorre que Gilmar Ferreira possui um lado doentio: para ele, nada do que pretende exaltar funciona se não houver simultaneamente argumento ofensivo contra o "passado recente", ainda que tal teoria não convença qualquer idiota que o lê.

O mais recente caso foi uma pretensa exaltação ao trabalho de base do clube em função da chegada do sub 20 à final da Copa SP. Segundo a sumidade, o fenômeno está ligado diretamente a um divisor de águas: a saída do malvado favorito e a entrada do espetacular Campello. Ou seja, nada prestava antes e tudo era amador. Numa bela manhã de verão, tudo se tornou profissional e os resultados já estão sendo colhidos em menos de um ano. Como se formação de atletas ocorresse desta forma.

A pobreza deste pensamento, que não chega nem à mediocridade, pode ser medida sob diversos aspectos: primeiro, mais da metade do time vice-campeão foi formado sob a "retrógrada" administração. Além deles, dois dos jogadores que lá poderiam estar – Marrony e Moresche – foram trazidos pela "retrógrada" administração. Foi a "retrógrada" administração que criou o Colégio Vasco da Gama, que dispensa comentários em termos de visão sobre futuro para a base.

Quando Gilmar Ferreira usa o seu veneno para exaltar o Vasco batendo no passado não há surpresa alguma. É mais do mesmo. A surpresa reside no cinismo do atual presidente, que lá em dezembro, e em outros momentos, considerou que, de fato, há que se manter um equilíbrio político pela paz do Vasco. E, no entanto, acha bacana que seu amigo do peito o exalte, desmerecendo tudo o que foi feito antes.

Em resumo, se Campello assina embaixo dos textos de seu notável representante na mídia e se este representante faz questão de rachar a política do clube com argumentos pueris, toscos, ele desequilibra o que diz pretender ver equilibrado. Não reage institucionalmente em nome de ser promovido a semideus individualmente. Que depois não vá chorar lágrimas de crocodilo.

CASACA!

Fonte: Casaca