Campello recebe sugestões, mas nega influência da 'Turma do Quiosque' em contratações do Vasco
Domingo, 30/12/2018 - 10:44
Das reuniões realizadas há anos à beira da Praia da Barra para discutir tudo o que girava em torno do Vasco surgiu a chamada "Turma do Quiosque", um grupo de amigos que queria ajudar seu clube do coração. As "cornetadas" e resenhas cresceram e se transformaram em prospecção e indicação de jogadores no mercado. O que o presidente vascaíno Alexandre Campello mais queria era que tal ajuda viesse com a mesma discrição com que outros empresários trabalham no futebol. A Turma do Quiosque, porém, não é fácil de domar e não foge dos holofotes. Indiretamente, ela rouba os louros do presidente e gera desconforto.

Tudo começou com as contratações de Leandro Castan e Maxi López no meio do ano, quando o Vasco estava mal no Brasileiro e Campello reestruturava o futebol do clube, com as saídas de Paulo Pelaipe e Newton Drummond, e as chegadas de PC Gusmão e Alexandre Faria. A Turma do Quiosque aproveitou o vácuo. Seus membros se aproximaram como torcedores com o intuito de ajudar, mas com um braço empresarial — Matheus Braga, agente de jogadores. Ofereceram os nomes do zagueiro e do atacante, Campello aceitou e os torcedores de arquibancada se viram protagonistas na vida do clube.

— A turma é formada por grandes amigos, apaixonados pelo Vasco, que querem o bem do clube independentemente de quem esteja no poder. Nós nos aproximamos do Campello, ele nos pediu a opinião em algumas coisas e nós ajudamos — afirmou o jogador de vôlei Marcelinho, medalhista de prata nos Jogos Olimpicos de 2008.

O levantador é o rosto mais conhecido da turma, mas não é o principal. Fernando Lima, o Zé Colmeia, foi fisioterapeuta do agora senador Romário e o responsável pela aproximação do grupo com Campello. É quem tem mais entrada no meio do futebol, além do próprio Braga, e coleciona amizades com boleiros. Ele frequenta o departamento de futebol em dias de jogos e vive entre tapas e beijos com o dirigente vascaíno.

— A Turma do Quiosque não representa nada no clube. É um grupo de torcedores que não tem a menor ingerência aqui. Só contratamos quem passa pelo crivo do treinador, do executivo e por mim. Torcedor é torcedor e fala o que quer — afirmou o presidente.

O último negócio fruto da parceria foi Bruno César, indicado pela Turma do Quiosque ainda no meio do ano, mas que foi recusado por Campello, que preferiu apostar em Vinícius Araújo, nome defendido pelo diretor de futebol Alexandre Faria.

Por coincidência, o reforço trazido pelo executivo ainda não vingou. Agora, o meia que era do Sporting está a caminho de São Januário e a Turma do Quiosque emplacou a terceira contratação de peso para o clube, enquanto a diretoria ainda tenta seu primeiro tiro certeiro.

No meio do caldeirão de São Januário, os quiosqueiros alfinetam empresários de jogadores que tradicionalmente fazem negócios com o clube. Eles também distribuem indiretas para adversários políticos de Campello, em especial os da Sempre Vasco, grupo de Edmundo e Julio Brant.

— Eles são amigos de um representante que nos indicou o Maxi e o Castan. Você traria ou não traria? Se te indicarem o Cristiano Ronaldo, em condição de trazer, você traria? Eles já falaram em 500 nomes que eu não trouxe. Provavelmente estou trazendo alguém que eles não gostariam. Pode ser, mas não estou nem aí para isso — disse Campello.



Fonte: Extra Online