Leandro Castan faz balanço de sua trajetória no Vasco e revela alívio pela permanência na Série A
Quinta-feira, 06/12/2018 - 07:36
Em pouco tempo de Vasco, o zagueiro Leandro Castan conquistou rapidamente o carinho da torcida. A entrega, a liderança e a luta dentro de campo, fizeram do jogador um autêntico representante dos torcedores presentes nas arquibancadas. O reconhecimento veio com a braçadeira de capitão, após a grave lesão do lateral-esquerdo Ramon. Castan jogou intensamente e foi recompensado com o objetivo de manter o Vasco na primeira divisão. Em entrevista exclusiva ao Esporte 24 Horas, o zagueiro revelou o sentimento após o apito final diante do Ceará.

"Realmente foi um alívio muito grande. Não consigo ainda nem projetar 2019. Estou cansado, penso apenas em descansar e depois ver como será o próximo ano. É difícil também fazer um balanço. Fico apenas aliviado do Vasco ter ficado na primeira divisão. Foi muito sofrimento".

Contratado para resolver os problemas da zaga, Leandro Castan não decepcionou. Com ele em campo, o Vasco levou apenas 12 gols em 15 jogos, diminuindo consideravelmente a média de gols sofridos do time. No entanto, Castan afirmou que o mérito não é dele e sim dos companheiros e do técnico Alberto Valentim.

"Acho que não sou o responsável por isso. Em um time de futebol não existe um cara que vai lá e resolve o problema. É um todo. Eu fui uma peça que encaixei ali junto com o Werley e a gente se entrosou bem. Teve momentos que jogou o Henríquez, em outras o Luiz Gustavo. Na minha opinião o mérito disso tudo foi do Valentim. Ele arrumou o sistema defensivo. Graças a Deus eu consegui encaixar e contribuir dentro de campo".

Castan torce pela permanência de Alberto Valentim

O técnico Alberto Valentim ainda não está mantido no cargo para 2019. Apesar do diretor de futebol, Alexandre Faria, garantir a permanência, o Vasco ainda sonha com a contratação de Abel Braga. No entanto, para Leandro Castan, Valentim faz um grande trabalho e uma troca de comando será um retrocesso.

"Para mim, já é um grande passo a permanência. Eu acho que toda vez que se muda o treinador, o time dá dez passos para trás. O Alberto Valentim não precisa de mim para defendê-lo, mas o trabalho dele é muito bom. Gostei muito de trabalhar com ele. É claro que todo mundo olha só o resultado, mas quem vive no dia a dia sabe que ele mudou muita coisa. Tenho certeza que ele ainda vai fazer um bom trabalho no Vasco".

Leandro Castan estreou pelo Vasco na derrota para o Palmeiras no primeiro turno, partida que marcou a demissão do técnico Jorginho. Após isso o zagueiro foi comandado interinamente por Valdir Bigode no empate diante do Ceará, quando sofreu uma luxação no ombro. Retornou no empate diante do Flamengo, após um mês no departamento médico. No clássico, Alberto Valentim conquistou o seu primeiro ponto comandando o time. Vale lembrar que Castan não esteve na pior sequência do treinador, que perdeu as quatro primeiras partidas.

Chegada ao Vasco

Após anos na Itália, onde defendeu a Roma, Torino, Cagliari e Sampdoria, Leandro Castan foi contratado pelo Vasco. A transferência causou uma certa surpresa, afinal de contas o zagueiro teria mercado em clubes com maior poder financeiro. No entanto, o jogador explicou os motivos que o fizeram escolher o Vasco e retornar ao Brasil.

"Foi tudo muito rápido. Meu pai teve conversas com outras equipes, até antes do Vasco, mas como minha situação na Roma estava difícil, alguns clubes desistiram. Depois que saiu minha rescisão tudo se resolveu rapidamente. O Vasco entrou em contato, mandou a proposta e eu aceitei. Eu vim para o Vasco porque me sentia bem para jogar futebol. Queria mostrar meu trabalho, mostrar para todos que estou bem ainda, porque ouvia muita gente falando que eu já estava acabado. Graças a Deus consegui mostrar que tenho muita coisa para contribuir ainda. Esse ano aqui foi meio na superação mesmo. Cheguei sem pré-temporada, sem nada, fui para o jogo e nunca me escondi. Então acho que foi bom, estou feliz".

Clima no vestiário: "Me sentia indo para a Copa São Paulo"

Ao chegar no Vasco, Leandro Castan se deparou com dois velhos amigos. Ramon, com quem jogou no Corinthians, e Maxi López, que esteve ao lado na época do Torino. No entanto o entrosamento com o grupo foi muito rápido, principalmente pela quantidade de jogadores mais jovens. Nos momentos de pressão, Castan afirmou que a garotada foi fundamental para tornar o ambiente mais leve.

"O Ramon e o Maxi eu já conhecia de outros tempos. Fiz uma boa amizade com o Ramon no Corinthians e nossa amizade agora só aumentou. O Maxi a mesma coisa. O grupo do Vasco é muito jovem. Eu me sentia às vezes indo para a Copa São Paulo (rs). Tiveram jogos que foram dez ou doze jogadores da base com a gente e foi legal demais. Fiquei uns quatro anos mais jovem. Realmente foi muito bom. Apesar dos momentos difíceis que tivemos, acho que teve como deixar o ambiente leve e a rapaziada da base foi responsável por isso. Eles trouxeram muita descontração. O alto astral ajudou bastante nos momentos difíceis".

Seleção Brasileira: "Tenho que comer muito arroz com feijão ainda"

Na conquista da Libertadores de 2012 pelo Corinthians, Leandro Castan foi o responsável por levantar a taça. O zagueiro era o capitão do time, responsabilidade que lhe foi dada pelo técnico Tite, atualmente treinador da Seleção Brasileira. Humilde, o jogador afirmou que ainda pensa em ser convocado, no entanto acredita que precisa evoluir mais para merecer uma oportunidade.

"É difícil falar sobre isso. Acho que para falar em Seleção Brasileira tem que no mínimo estar brigando por título. Acho que seleção é um sonho de todo jogador, mas eu perdi muito espaço, fiquei muito tempo parado. Tenho que comer muito arroz com feijão ainda para estar entre aqueles que possuem chances. Antes de pensar nisso eu tenho que estar bem no meu clube e meu clube precisa estar bem. As duas coisas andam juntas".

Castan x Castan

A partida entre Vasco e CSA no Campeonato Brasileiro vai dividir a família Castan. Isso porque o confronto vai colocar frente a frente os irmãos Leandro e Luciano, que foi contratado recentemente pela equipe alagoana. O mais experiente é o zagueiro do Vasco, que tem 32 anos, enquanto o caçula, também zagueiro, tem 29. Leandro Castan revelou que nunca enfrentou o irmão, mas já admitiu que vai ser um dos jogos mais difíceis da carreira.

"Fico muito feliz pelo meu irmão jogar a Série A no ano que vem. Pode ter certeza que irei torcer muito para ele e pelo CSA. Eu nunca joguei contra ele, não sei como vai ser. Acho que vai ser muito difícil, porque eu tenho um carinho, um amor muito grande pelo meu irmão. Acredito que será um dos jogos mais difíceis da minha vida. Não tenho nem como pensar como vai ser isso".

A volta por cima após o problema de saúde

Leandro Castan é um vencedor. Tanto esportivamente, como jogador vitorioso que é, quanto na vida. O zagueiro passou por um drama pessoal que poderia encerrar a sua carreira ou até mesmo levá-lo a morte. Em 2014, Castan foi diagnosticado com cavernoma, uma malformação vascular do sistema nervoso central. O jogador teve que passar por cirurgia para a retirada de um tumor de três centímetros no cérebro. O problema de saúde acabou afetando o equilíbrio e a coordenação dos movimentos.

A partir de então Castan precisou fazer seis meses de fisioterapia e reabilitação. A lesão cerebral foi tão grave que o zagueiro teve que reaprender a andar. Após o susto, Castan voltou a fazer o que mais ama, que é jogar futebol. No entanto, isso é apenas um detalhe. Para ele, o importante mesmo é viver todo momento intensamente.

"Mudou muita coisa. Primeiro que eu aproveito minha família ao máximo. Todos os dias quando não estou concentrado, levo e busco meus filhos na escola. Quando eu estava doente foi uma das coisas que eu prometi que iria fazer, porque eu não sabia se sairia daquela situação. Então prometi que iria acompanhá-los, apesar de tantos jogos e tempo fora de casa. Então quando posso, aproveito bastante o tempo com meus filhos. Outra coisa, é dar valor aos mínimos detalhes. Todos os dias eu vou para o treino e o faço como se fosse uma final de campeonato. A minha entrega em cada treinamento é muito grande. Essas foram as principais coisas que eu mudei depois do que passei".



Fonte: Esporte 24 Horas