Eurico, sobre Chiquinho da Mangueira: 'Ele é um benemérito por serviços prestados ao Vasco'
Sábado, 10/11/2018 - 06:54
Preso por suposto recebimento de propina para votações a favor do Governo do Estado do Rio, o deputado estadual Francisco de Carvalho (PSC), o Chiquinho da Mangueira, tem a sua trajetória intimamente ligada ao esporte.

O primeiro passo desta caminhada começou em um projeto social voltado ao atletismo, em um terreno abandonado ao lado da escola de samba que lhe empresta o apelido. O sucesso da iniciativa alçou Chiquinho ao mundo da política, e o parlamentar foi nomeado presidente da antiga Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro (Suderj). À frente da autarquia, ele conviveu com a suspeita de ser conivente com um esquema de falsificação de ingressos para o Maracanã, mas nada foi provado. Nesta época, esteve na linha de frente da reforma do Maracanã para o Mundial de Clubes de 2000.

Já eleito nas urnas, Chiquinho foi nomeado secretário de Esporte e Lazer do Rio de Janeiro por duas ocasiões. Como titular da pasta, ampliou ainda mais os seus canais com os grandes cariocas, especialmente com o Vasco, seu clube do coração. Nesta época, novamente esteve próximo de novas obras de adequação no Maracanã, desta vez para o Pan de 2007. Ex-atleta e técnico do atletismo no Vasco, além de figura carimbada em São Januário, o deputado foi eleito conselheiro do Cruz-maltino em 2014 e ostenta o título de benemérito.

Anos antes, ele e o ex-presidente vascaíno Eurico Miranda tiveram seus nomes ligados a uma operação que investigava doação eleitoral por parte de integrantes da cúpula do jogo do bicho. As investigações não tiveram consequência, mas ambos mantêm uma relação de respeito. Eurico, inclusive, o indicou conselheiro em seu último mandato.

Chiquinho era presença certa em reuniões na sede náutica do Cruzmaltino, na Lagoa, e voto garantido nas pautas que interessavam Eurico.

"Eu não acompanhei nada [episódio da prisão]. Ele é um benemérito por serviços prestados ao Vasco. Em relação aos assuntos do clube, ele conta com a minha consideração. Em relação à propina, Sérgio Cabral, não sei de nada. Eu tenho apreço por ele", disse Eurico ao UOL Esporte.

Em 21 de agosto deste ano, data dos 120 anos do Vasco, Chiquinho organizou um evento e integrou a mesa que presidiu a sessão solene em honra ao clube, - agraciado com a Medalha Tiradentes, maior comenda oferecida pelo Poder Legislativo no Rio. Ao lado de Eurico, do presidente Alexandre Campello, de Roberto Dinamite e de outros cardeais da política vascaína, ele discursou:

"O Vasco precisa se unir, é triste lembrar que a gente não divide mais a torcida com o nosso maior rival. Sou da época em que o Vasco dividia o Maracanã. O que seria do esporte sem o Vasco? Não não podemos perder o que estamos perdendo, essa meninada que está escolhendo o clube. Fico triste quando eu tenho de comprar a minha filha para ser Vasco. Hoje ela é, mas custou para ser. O momento é de juntarmos nossas forças e levar o Vasco para o melhor caminho: o das vitórias e das conquistas".

Antes de ser detido, Carvalho ocupava a presidência da Comissão de Esporte e Lazer da Assembleia Legislativa, além de ter conseguido nova vitória nas últimas eleições. Em de seus últimos atos antes de ir para a prisão, ele era um dos que tentavam mediar uma conversa entre Rubens Lopes, presidente da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro, e o governador eleito Wilson Witzel. Lopes gostaria de um encontro para saber quais seriam os planos para o futuro do Maracanã e também questões referentes à segurança pública em dias de partidas. Não houve tempo.

Além desta operação que prendeu Chiquinho e outros nove deputados, o parlamentar já teve seu nome vinculado a outros casos suspeitos, como a denúncia de que teria pedido proteção ao tráfico de drogas na Mangueira. Em 2003, o então tenente-coronel Erir Ribeiro da Costa Filho fez a denúncia, que foi arquivada.



Fonte: UOL