Henríquez não tem empresário e cursa administração de empresas
Segunda-feira, 16/07/2018 - 10:53
Reforço do Vasco para o restante da temporada, Oswaldo José Henríquez Bocanegra é também estudante universitário. Ele cursa o quarto ano de administração de empresas na Universidad EAN, da Colômbia, pelo sistema de ensino a distância.

Com interesses tão diversos como astronomia, religião e política, o zagueiro colombiano de 28 anos pensa no futuro poder ajudar jovens que sonham em jogar futebol.

"Hoje tem muitos jogadores que não se preparam bem e com isso muitas pessoas se aproveitam disso para tomar conta do dinheiro. Eu vivi isso em algum momento na minha carreira. Quero deixar uma lembrança para a sociedade", disse Henríquez, ao ESPN.com.br.

Isso se reflete nas atitudes do defensor, que negociou pessoalmente sua vinda ao Sport e depois ao Vasco.

"Atualmente estou sem empresário. Sempre trabalhei com meu irmão que é a pessoa que dirigiu a minha carreira e me ajudou. Ele faz essas coisas por ser da família", declarou.

Veja a entrevista completa com Henríquez :

ESPN – Como foi seu início como jogador?

Henríquez - Comecei em Santa Marta, mesma cidade de Falcao García e Valderrama. Eu joguei algumas vezes contra o Radamel [Falcao García] e nos conhecemos desde garotos. Eu jogava na escola e meu pai me levava. Era um sonho dele, mas minha mãe queria que eu fizesse faculdade. Minha vó convenceu minha mãe a me deixar fazer um teste no Millonarios, uma equipe grande da capital. Eu passei e minha mãe aceitou. No começo eu nunca acreditei que seria um profissional porque achava que tinham outros jogadores que poderiam chegar. Mas falavam que eu tinha qualidade e poderia conseguir. Futebol para mim era uma paixão e jogava por isso.

ESPN – Você sempre foi zagueiro? Como foi sua trajetoria?

Henríquez - Me destacava muito na seleção do meu estado como volante e depois como cresci fui para a zaga. Fui para base do Millonarios e convocado pra seleção sub-20 de Colômbia ao lado de James Rodríguez. Com 17 anos subi ao time profissional e eleito uma das revelações do clube. Joguei ao lado do Óscar Córdoba, grande goleiro da história do Boca Juniors, que foi uma das primeiras referências que tive.

ESPN – O que te fez vir ao Brasil?

Henríquez - Tive duas oportunidades pra ir para outros países, mas achei interessante vir ao Brasil. Mesmo não sendo um campeonato que aparece muito na Colômbia. A gente vê mais futebol argentino. Mas é um país de muita tradição e representava um teste para minha qualidade como jogador. Queria saber como poderia crescer aqui. Vi que era possível mostrar meu futebol. Agradeço muito ao Sport, que me abriu as portas no futebol brasileiro.

ESPN – É verdade que você não tem empresário e negocia diretamente suas transferências?

Henríquez - Atualmente estou sem empresário. Sempre trabalhei com meu irmão que é pessoa que dirigiu a minha carreira e me ajudou. Ele fazia essas coisas por ser da família e , como amor de irmão, sem outros interesses. Eu cuido da minha carreira. Acho importante ter assessoria, procuro muitas pessoas para me ajudarem e para que eu possa tomar as melhores decisões na minha carreira.

ESPN – Você é estudante de administração de empresas. Como divide seu tempo? Por quais outros assuntos você se interessa?

Henríquez - Eu uso um pouco o tempo na concentração para estudar, mas administro isso para que o estudo não me consuma também. Além disso, vejo muitos documentários e leio muitos livros. Gosto de aprender. Me interesso por astronomia e assuntos do universo. Também leio sobre política, filosofia e religião. Coisas fora do normal (risos). Leio biografias de atletas e pessoas que fizeram sucesso na vida.

ESPN – E o que pretende fazer depois com essa formação?

Henríquez - Minha expectativa é de poder ajudar a minha cidade e meu país por meio do futebol. Hoje tem muitos jogadores que não se preparam bem e têm muitas pessoas que se aproveitam disso para tomar conta do dinheiro. Meu ideal no futuro é mudar um pouco isso no futebol da minha cidade. Quero preparar jogadores desde criança com outros idiomas, noções de direito esportivo para que não sofram tanto. Muitas pessoas se aproveitam da falta de conhecimento. Eu vivi isso em algum momento na minha carreira. Quero deixar uma lembrança para a sociedade. Me preocupo muito com os problemas e gosto de saber o que acontece.

ESPN – Jogadores de futebol recebem algumas críticas por serem alienados. O que pensa disso?

Henríquez - Acho que na Europa eles se preocupam mais com o ser humano. Na América do Sul eu vejo menos. Acho que nunca é tarde para começar a ler, mas quando se é mais velho fica mais difícil de pegar esse hábito. Uma coisa que dificulta para gente é o cansaço físico por causa de nossa profissão. Eu às vezes deixo de ler por causa disso depois dos treinos e jogos.

ESPN – Qual é a sua ligação com o futebol brasileiro?

Henríquez - Quando era menino sempre tive algo com o Brasil. Era fã do Ronaldo Fenômeno, tenho um pôster dele com a seleção brasileira no meu quarto na Colômbia. Sempre via os vídeos dele e ia jogar bola na rua (risos). Quando eu estava um pouco mais velho já na base via o Ronaldinho Gaúcho. Foram os dois jogadores que me despertaram essa paixão por jogar futebol. Espero um dia poder conhecê-los.



Fonte: ESPN.com.br