Único Brasil x Suíça em Copas do Mundo, em 1950, teve gol do vascaíno Alfredo II
Domingo, 17/06/2018 - 03:28
Neste domingo, em Rostov, a partir das 21h no horário local (15h de Brasília), Brasil e Suíça vão se enfrentar na estreia da Copa do Mundo de 2018. Esta será apenas a segunda vez que as duas seleções duelarão pelo maior torneio de futebol - a primeira aconteceu há 68 anos em São Paulo e causou um racha com a torcida paulista.

A Copa foi retomada após a 2ª Guerra Mundial, e o Brasil ganhou o direito de sedia-la em 1950. A equipe comandada por Flávio Costa (ex-treinador de Flamengo e Vasco) tinha 14 dos 22 jogadores atuando no futebol carioca, o que revoltou a imprensa paulista.

Além disso, na primeira fase, a seleção jogaria apenas uma vez em São Paulo e duas no Rio de Janeiro. Na estreia, o Brasil ganhou por 4 a 0 do México no Maracanã, e a partida seguinte seria diante da Suíça, no Pacaembu, em 28 de junho.

Para agradar aos torcedores exigentes da "terra da garoa", o técnico Flávio Costa resolveu mudar a escalação e colocou o trio histórico de meio-campistas do São Paulo formado por Ruy, Bauer e Noronha. Além disso, Baltazar (Corinthians) e Friaça (também do clube tricolor) foram mantidos.

O time, assim foi o seguinte: Barbosa (Vasco); Augusto (Vasco) e Juvenal (Flamengo); Ruy, Bauer e Noronha (os três do São Paulo); Alfredo (Vasco), Maneca (Vasco), Baltazar (Corinthians), Ademir de Menezes (Vasco) e Friaça (São Paulo).

No lotado estádio municipal, a seleção encontrou muitas dificuldades e apenas empatou por 2 a 2, gols de Alfredo (Vasco) e Baltazar; Jacky Fatton anotou os dois dos suíços.

Ao apito final, os mais de 40 mil presentes ao Pacaembu vaiaram os comandados de Flávio Costa, e os jornais paulistas mantiveram o tom crítico. "Compravada incapacidade do técnico brasileiro compromete o prestígio do esporte nacional", disparou O Estado de S.Paulo no dia seguinte ao empate.

"Mandando a campo um quadro sem sombra de orientação nem de organização para enfrentar a turma suíça, Flávio Costa fez que a seleção brasileira sofresse o seu primeiro revez na disputa da taça 'Jules Rimet'", continuou.

"Malogro da quase totalidade dos futebolistas brasileiros - Bauer, a única figura em campo", analisou o Estadão.

O jornal ainda noticiou que o treinador da seleção brasileira foi agredido na saída do Pacaembu por "torcedores exaltados".

"A pronta intervenção da polícia impediu que o ato tivesse maiores consequências. Dois agressores foram presos e Flávio Costa, que sofreu ligeiras escoriações, foi prontamente medicado", diz a notícia.

A Folha de S.Paulo criticou o "fraco trabalgo da ofensiva brasileira, no qual apareceram apenas Baltazar e Ademir, este último apenas regular. O quinteto ofensivo não teve muita agressividade, perdendo-se em tramas inúteis".

Ainda assim, a Folha diz que a "culpa total não cabe aos jogadores" e reclama do "coach" Flávio Costa.

Na última rodada, o Brasil precisava vencer a Iugoslávia para avançar à fase final e conseguiu: 2 a 0. Desta vez, o treinador colocou uma equipe similar à da estreia, sem o trio são-paulino, e chegou ao quadrangular decisivo.

A história do Maracanazo, bem, todos sabemos...



Fonte: ESPN.com.br (texto), Reprodução Internet (fotos)