Nota do Grupo Identidade Vasco em Solidariedade a Eloi Ferreira de Araujo

O Grupo Identidade Vasco (IV) presta sua solidariedade ao primeiro vice-presidente do Club de Regatas Vasco da Gama, Eloi Ferreira de Araújo, que protocolou, nesta terça-feira (29), uma carta na secretaria do Club, dirigida aos poderes vascaínos, onde se posiciona em relação a recentes acontecimentos que representam uma inaceitável e ilegal perseguição sofrida pelo nosso companheiro por parte do Presidente da Diretoria Administrativa.

Além dos importante aspectos que o Primeiro Vice-presidente salienta em sua carta, duas coisas devem ser ressaltadas em relação aos fatos descritos:

1ª) Diante de tantos desafios que o Vasco da Gama tem na busca por retomar seu caminho de vitórias, dedicar-se o Presidente da Diretoria Administrativa a este tipo de vingança política baixa e mesquinha revela total falta de prioridade em relação as quais são os verdadeiros problemas do Vasco;

2ª) Se o presidente da diretoria administrativa faz este tipo de coisa com o Primeiro Vice-Presidente o que não fará com sócios comuns que porventura o critiquem e/ou lhe façam oposição?

Enquanto tanto outros repentinamente mudam de opinião ao sabor do vento, o Identidade Vasco continua onde sempre esteve, ao lado dos verdadeiros conceitos de democracia e transparência, sem abrirmos mão destes conceitos seja por cargos ou por benesses de qualquer tipo que possam vir com o poder. Pois o poder, pelo menos para nós, só tem sentido a serviço de um projeto coletivo que coloque o Vasco acima de tudo. A seguir, publicamos o texto da carta do primeiro Vice-Presidente.

Identidade Vasco
O Vasco é a nossa identidade!
01 de junho de 2018


lmo. Sr. Presidente da Diretoria Administrativa do Club de Regatas Vasco da Gama
Alexandre Campelo

Ilmo. Sr. Presidente do Conselho Deliberativo do Club de Regatas Vasco da Gama
Roberto Monteiro

Ilmo. Sr. Presidente do Conselho Fiscal do Club de Regatas Vasco da Gama
Edmilson Valentim

Ilmo. Sr. Presidente do Conselho de Beneméritos do Club de Regatas Vasco da Gama
Eurico Miranda

Ilmo. Sr. Presidente da Assembleia Geral do Club de Regatas Vasco da Gama
Faues Cherene Jassus

Prezados Senhores,

Em atendimento às lições de um grande vascaíno, que busca resolver as questões relativas ao Vasco dentro do Club, decidi fazer um relato, do havido nos últimos dias, envolvendo meu nome.

A atmosfera está carregada de ódios e as idiossincrasias falam mais alto que a razão. É necessário, em defesa do nosso Club, buscarmos caminhos de convergência e união. O Vasco da Gama tem a mais bela de todas as histórias, é maior que todos nós, e, não podemos deixar que ela seja conspurcada, por condutas reprováveis. Portanto, nossos dirigentes tem de estar a altura dos desafios para levar nosso Club às vitórias, construindo a unidade na ação, respeitando nossos poderes e honrando nossas tradições.

O Sr. Alexandre Campelo, presidente da Diretoria Administrativa do Vasco da Gama, me comunicou que iria precisar da sala que ocupo como Primeiro vice-presidente administrativo, para entregar ao vice-presidente do Departamento de Relações Especializadas. Disse-lhe que primeiro gostaria de ter uma sala, pois minhas atividades eram desenvolvidas naquela sala, e, que em virtude dos compromissos do Sr. Presidente do Conselho de Beneméritos, Eurico Miranda, eu havia compartilhado a minha sala com sua senhoria, havidos cerca de quatro meses, no sentido de colaborar para que ele cumprisse suas prerrogativas, sem embaraços. Argumentei ainda, que se desejava me retirar da sala ocupada no Centro de Memória, deveria observar retirar todos os que ocupam espaços no Centro de Memória, como a segunda vice-presidenta e o vice-presidente jurídico, pois retirar somente a mim seria um ato de discriminação. Até porque, poderia retirar qualquer um dos outros para ceder lugar para o vice-presidente do Departamento de Relações Especializadas. Contudo, ele desalojou somente o Primeiro vice-presidente, o que parece muito estranho, até pela forma como procedeu.

Quando cheguei ao Clube, depois de dois dias de cama me recuperando de um resfriado, soube que o Sr. Alexandre Campelo, diga-se de passagem, num ato desrespeitoso, autoritário e de força desproporcional, pois o praticou quando eu não estava no clube, tinha trocado a fechadura da minha sala e retirado a placa com minha designação. Ou seja, tinha me colocado "pela porta afora"! Penso que esse modo de gestão, espelha a exclusão, discriminação, intolerância, arrogância e autoritarismo desmedidos.

Em 1924, a Associação Metropolitana de Esportes Atléticos-AMEA, expulsou o Vasco da Gama da Associação, mas não dizia que era porque incluíamos atletas negros, mas porque estavámos com "pessoas que não correspondiam" aos padrões exigidos. O Vasco da Gama se insurgiu contra a decisão, porque reconheceu a provocação da AMEA como discriminatória, racista, e, por isso fez uma comunicação que ficou conhecida como a Resposta Histórica.

Preocupado com o rumo da situação, alertei ao Sr. Campelo, que esse gesto de excluir somente a mim, tinha fortes componentes do racismo institucional, na medida que está impedindo o tratamento igual ao dado à senhora segunda vice-presidenta e ao senhor vice-presidente do Departamento Jurídico, na medida que nós ocupamos o mesmo espaço destinado ao Centro de Memória. Ou seja, não desaloja os demais, mas o faz, com ofensa, ao único negro da Diretoria Administrativa. Por que devo ser desalojado e colocado num outro lugar "a ser definido", que aliás ainda não o foi, e, os outros não? Por que não se procurou um outro lugar, mesmo no Centro de Memória para que o vice-presidente do Departamento de Relações Especializadas, fosse alocado? Por que esse tratamento desigual?

Quero destacar que tenho sido atacado vilmente nas redes sociais, por pessoas que atrás do teclado do computador se transformam em monstros e ofendem com crueldade inimaginável. Chegam ao ponto de desejarem a morte de pessoas que nunca viram ou conhecem. Alguns lembram aqueles que defendem o estuprador, culpando a violentada pela roupa que vestia. Outros lembram aqueles que defendem os racistas, porque a culpa é do ofendido ter nascido preto, e, portanto, ser um mulambo. Ou que é vitimismo porque a vida sempre foi assim e cada deve saber o seu lugar. Não recepciono as ofensas, porque as mesmas são carregadas de ódio, racismo, preconceito e intolerância. Minha vida é movida pelo amor por minha família, pela paixão pelo Vasco e pelos amigos. Sempre pelos bons sentimentos. Por tudo isso, devo o mandato de Primeiro vice-presidente aos Conselheiros que me elegeram, à indicação e a generosidade do Grupo Identidade Vasco que empreendeu uma longa campanha para nos eleger.

O combate ao racismo é difícil em uma sociedade que resiste em admitir o racismo. Sei bem que mesmo nos casos de injúria racial sempre há uma tentativa do ofensor se explicar e costumam dizer - "não é isso que ele queria fazer". Quando se dá de forma difusa na sociedade, no tratamento desigual ou no impedimento da fruição dos bens culturais e econômicos de forma igualitária, ou no local de trabalho, tudo fica muito difícil, e, o ofendido, em muitas das vezes, amarga sozinho, a dor da ofensa.

Me orgulho de ter uma trajetória de luta contra o racismo, pelas ações afirmativas e pela igualdade de oportunidades entre negros e não negros.

Meu orgulho de ser vascaíno é ainda maior pela vida que abracei e em agradecimento ao meu pai Paulino Pinto de Araujo, que serviu ao Club, mas nunca se serviu dele.

Para celebrar a concórdia, a paz e a incessante busca de vitórias e troféus, no Club de Regatas Vasco da Gama, é preciso que se tenha um compromisso com a mais bela de todas as histórias do nosso Club. É preciso honrar nossos antepassados e isso não pode ser da boca para fora, tem que ser uma prática cotidiana.

Esperançoso de ter contribuído para informar a vossas senhorias sobre o havido, coloco-me à disposição e despeço-me com minhas saudações Vascaínas:

ao Vasco da Gama: Tudo!
Eloi Ferreira de Araujo
Primeiro Vice-Presidente do Club de regatas Vasco da Gama



Fonte: Facebook Identidade Vasco