Campello responde críticas de VPs que saíram, fala sobre venda de Paulinho e garante que não vai renunciar
Terça-feira, 08/05/2018 - 14:38
O presidente do Vasco, Alexandre Campello, se pronunciou sobre as acusações feitas pelos 13 vice-presidentes que deixaram a gestão na última semana. Em longa entrevista coletiva em São Januário, se defendeu, explicou a negociação de Paulinho, disse não temer um possível impeachment e se mostrou surpreso com a debandada dos vices.

- O balanço foi publicado com toda a transparência, demonstrando toda a situação financeira e patrimonial. Em nenhum momento na história do clube tivemos um balanço que se aproximasse desse que publicamos. No balanço constam os valores da venda do Paulinho, as comissões, tudo. Dando total transparência à venda do jogador - disse Campello.

Eleito pelo conselho deliberativo no começo de 2018, após romper com a chapa de Júlio Brant que havia vencido nas urnas, Campello vive momentos de instabilidade e busca apoio de conselheiros para não correr risco de destituição do cargo.

VENDA DO PAULINHO

"Perguntei (ao vice de futebol Fred Lopes) sobre a venda do Paulinho. Perguntei se 20 milhões de euros era um valor que a gente podia fechar. Ainda consegui ficar com 10% do atleta. No produto final, o valor imediato é maior que 20 milhões.

O dinheiro (da venda do Paulinho) entrou na conta do Vasco e está sendo usado. Não tenho obrigatoriedade de mostrar o que está sendo feito com esse dinheiro, diariamente. No momento oportuno, tudo será mostrado. Falaram que a pasta do Paulinho sumiu. Aqui está a pasta do Paulinho.

O VP de finanças precisa ser conselheiro. Os outros, não. No mais tardar até a próxima terça, devemos ter as vice-presidências já recompostas.

O dinheiro (do Paulinho) entrou. No momento oportuno, ele vai estar dentro das manifestações contábeis. Ele entrou e está sendo utilizado para pagar nossos compromissos.

Os recursos que entraram do Paulinho não são suficientes para pagar todas as dívidas e continuar cumprindo com as obrigações. Fizemos um planejamento que será cumprido. Entre hoje e amanhã estaremos pagando salários, direito de imagem, uma série de compromissos.

Fizeram um cálculo baseado em comissões e bônus. Hoje, você não tem participação de empresário no jogador. 100% era do Vasco. Mas, do valor, você tem que pagar comissões, e o valor (que ficou com o Vasco) corresponde a 70%. Mas vendi 90% do atleta".

MEDO DE IMPEACHMENT?

"Ouvi que não existe essa intenção, mas a gente percebe um claro movimento nesse sentido. A gente entende que essas denúncias são preparatórias neste sentido.

Não tenho medo nenhum (de impeachment), justamente pela transparência. Estamos fazendo tudo o que o vascaíno gostaria. Balanço como esse é motivo de elogio.

Vamos fazer uma auditoria, estamos mexendo em tudo. Temos que abrir uma batalha de cada vez. Devagar, vamos cumprir tudo aquilo que a gente prometeu.

Um ou dois grupos se posicionaram dizendo que não vão participar (da diretoria), mas que são contra a ideia de impeachment. Conversei com alguns beneméritos, que me falaram o contrário. Que as pessoas estão livres a receber convites e participar da gestão".

POSSIBILIDADE DE RENÚNCIA?

"Jamais. Sou homem de ir até o final em tudo que faço".

SAÍDA DOS VICES

"Fiquei bastante surpreso com a saída dos vice-presidentes, no dia de um jogo, sem que nenhum deles se preocupasse em manter o funcionamento do clube, manter as atividades em curso. Felizmente, contamos com vários colaboradores que já caminhavam ao nosso lado. Conseguimos passar pelo jogo contra o América-MG com total tranquilidade.

Tentaram falar que sou centralizador, o que não condiz com a realidade. Montamos um comitê com vários profissionais. No comitê, existiam três vice-presidentes que pertencem à Identidade Vasco.

Fizemos um workshop, que foi programado com antecedência de duas semanas. Convidamos todos os vice-presidentes para que haja um engajamento dos funcionários. Foi um evento de muito sucesso, que recebeu elogio de todos. Nenhum dos vice-presidentes do Identidade Vasco compareceu (ao workshop).

O vice-presidente de futebol disse que não tem autonomia. Não é verdade. Eu sugeri o Nilton a ele. Ele conversou e contratou. O Pelaipe foi uma escolha dele. Disse que a pasta do Paulinho sumiu, o que também não é verdade.

O VP de finanças (Orlando Marques) alegou que não conhecia o balanço do clube. O balanço vem sendo tocado há dois meses. Se ele não sabe, é porque não teve interesse de ir à contabilidade. Ele foi passar uma semana em Trancoso, depois outro fim de semana fora. Talvez isso não tenha dado a ele a oportunidade de acompanhar o balanço".

ISOLADO NA POLÍTICA DO CLUBE?

"Dizem que estou isolado, o que não é verdade. Recebi apoio das mais diversas áreas. Hoje, estou muito mais forte do que estava antes.

Tenho recebido apoio de vários beneméritos, até de opositores. O trabalho que está feito é o que tem sido feito. Para recompor a diretoria, talvez em tenha dificuldade. O número de pessoas disponíveis é maior do que o número de vagas. A ideia é escolher (para os cargos vagos) os melhores profissionais.

Tudo o que está sendo feito está alinhado com o que nós propomos. Talvez exista uma diferença no que se fala e no que se faz. Posso incomodar pela transparência.

Tenho ideia de alguns nomes, mas quero escolher com tranquilidade. Não podemos precipitar neste momento. Acho que vai ser fácil recompor a vice-presidência, mas quero fazer com tranquilidade".

ACUSAÇÕES

"Disseram que eu comprei uma lancha, o que não é verdade. Eu vinha insistindo há muito tempo para que houvesse uma prestação de contas dos borderôs, documentos.

Em duas situações, retive um valor para eventualidades. Tivemos situações de dificuldades para pagar passagens. O basquete esteve quase impedido de viajar. Temos um débito grande com a empresa que faz a operação (das viagens). Peguei os recursos, retive o dinheiro para que tivéssemos um fundo de caixa.

Não recebemos o dinheiro do Douglas. A maior parte, recebemos em 2017. Uma outra parte ficou retida na Inglaterra. Negociamos a penhora, conseguimos que fosse liberado 50% do valor. Foi depositado na federação inglesa, mas ainda não caiu no Brasil, não entrou.

Começam a inventar um monte de coisa para denegrir. Não existe absolutamente nada (sobre uso do dinheiro do Douglas)".



Fonte: GloboEsporte.com