Basquete: David Jackson: 'Esta temporada é a mais difícil da minha carreira profissional'
Segunda-feira, 26/03/2018 - 15:26
Eficiência: virtude de conseguir o melhor rendimento com o mínimo de erros. O significado da palavra define com perfeição David Jackson. Apesar do Vasco navegar em mares revoltos no Novo Basquete Brasil e do ala confessar viver a temporada mais difícil da carreira, ele vive talvez o seu melhor ano no país, sendo o jogador mais eficiente do NBB. Ou seja, mesmo com o Cruz-Maltino muito abaixo do esperado no começo do ano, Jackson é o atleta mais completo da primeira fase, liderando a estatística que literalmente retrata a real contribuição individual durante uma partida. Voando, o americano, que quase deixou o clube por falta de pagamento e vê o clube manter os meses de atraso salarial, ainda acredita em uma reviravolta vascaína, apesar das sequência de atuações coletivas abaixo da média e de derrotas marcantes para Paulistano e Franca.

"Esta temporada é a mais difícil da minha carreira profissional. Parece que havia uma bola de neve e ela ficava cada vez maior"

Neste sábado, o Vasco encarou Franca, fora de casa, e David Jackson manteve sua eficiência na casa dos 18. Os cariocas, contudo, foram engolidos pelo rival, perdendo de 93 a 61. O jogador quase deixou o Vasco antes do começo do NBB 10. Tinha salários atrasados e avisou que só voltaria caso recebesse. Retornou, mas viu o clube novamente em uma crise financeira e política gigante. Ainda com os rendimentos atrasados, resolveu deixar a equipe e chegou a ter sua saída anunciada pelo Vasco durante a competição. Quando a nova diretoria assumiu, David voltou e manteve o seu rendimento. Com 22 partidas, tem médias de 31 minutos jogados, 14,6 pontos, 5,5 rebotes, 3,8 assistências, uma bola roubada e 0,1 tocos, eficiência de 18,77.

A eficiência no basquete é a estatística mais completa, já que são considerados tantos os atributos positivos como os negativos. O seu cálculo é feito da seguinte maneira: somam-se Pontos + Rebotes + Tocos + Bolas recuperadas + Assistências. Uma outra soma também é feita, levando em conta Arremessos de dois errados + Arremessos de três errados + Lances livres errados + erros não forçados. Depois os dois valores são subtraídos.

À frente de Alex Garcia, do Bauru, e Marquinhos, do Flamengo, DJ é o cara mais eficiente do NBB 10 apesar do Vasco ser o 11º, com 11 vitórias, 15 derrotas e 42% de aproveitamento, classificado para os playoffs, mas em situação abaixo do esperado para o investimento e o elenco contratado.

- Esses últimos anos jogando no Brasil me fizeram um jogador melhor como um todo. Ser eficiente só vem junto com um bom desempenho dentro de quadra. Sempre fui conhecido por ser um cestinha, mas eu gosto muito mais de vencer do que fazer cestas. Então, o que a equipe precisar eu estou disposto a fazer. Não tenho nenhum segredo, só cuido do meu corpo, vigio o que como e continuo tentando evoluir o meu jogo dia a dia. E adicionei atividades como pilates e ioga. Eu nunca estou satisfeito - garante Jackson.

Introspectivo? Ele se diz apenas concentrado

Quem acompanha o NBB de perto vê que David Jackson dificilmente sorri ou até mesmo interage com torcedores. Pode parecer até desdém ou desinteresse, mas é o contrário. David Jackson se concentra ao máximo sempre que entra em quadra. Ele lembra que no começo da carreira, em Maryland, nos Estados Unidos, era exatamente o contrário. Desde que chegou ao Brasil, com passagens por Flamengo e Limeira, ele mudou.

- Nos meus primeiros anos na faculdade, eu era um jogador muito irritado e gritava com os jogadores. Tentava fazer tudo sozinho. Ao longo dos anos, amadureci, aprendi a controlar minhas emoções e a conversar com as pessoas nos momentos decisivos dos jogos. Hoje eu controlo as minhas emoções. É o que tento fazer, controlar o que posso controlar - confessa o jogador.

Quando perguntado sobre o futuro, David Jackson desconversa. Seu contrato com o Vasco termina ao fim desta temporada e depois dos dois anos conturbados, é bem difícil que permaneça. Contudo, uma reviravolta, quem sabe, pode mudar tudo. E o ala acredita nisso. Hoje, o Cruz-Maltino pegaria nas oitavas de final do NBB o Vitória, o que ainda pode ser alterado, mas o americano crê que seu time, com Fúlvio, Giovannoni, Lucas Mariano e cia, ainda pode ser campeão, por mais improvável que hoje isso possa parecer.

- Não sei dizer o que deu errado durante esta temporada. Mas as pessoas esquecem que esta é uma nova equipe e para a maneira que queríamos jogar, precisávamos de mais tempo para nos unirmos. Nós não conseguimos a posição que queríamos durante a temporada regular, mas não há dúvida de que ainda podemos chegar ao título. Quando os playoffs começam, todos começam do zero. Ainda podemos ser campeões, sem dúvida.





Fonte: GloboEsporte.com