Julio Brant fala da expectativa pela decisão da justiça e planejamento do Vasco para 2018
Sábado, 23/12/2017 - 11:12
Se não houver outra reviravolta na Justiça, Julio Brant está perto de ser o presidente do Vasco a partir do dia 16 de janeiro - a eleição acontece no Conselho Deliberativo, e a decisão final segue sub judice. Ele assumiria a duas semanas da estreia da equipe na Libertadores. E o pouquíssimo tempo antes de um compromisso tão importante é uma de suas maiores preocupações.

- Essa é a minha angústia, minha ansiedade. Queria ter o mais rápido possível nossa visão na Libertadores, mas isso não vai acontecer. O que o vascaíno vai ver na Pré-Libertadores é o time feito pelo Eurico – disse Brant.

Para Julio, esse é o efeito de uma conturbada situação política. Até o dia 15 de janeiro, Eurico Miranda é o presidente do Vasco. A decisão sobre o novo mandatário está sub judice – ou seja, dependerá de definição da Justiça. Brant gostaria que houvesse uma transição, que ele diz ser inexistente até o momento.

- Nós temos tentado conversar com o Eurico, porque temos que fazer uma transição. Esperamos que ele entenda que é importante para o futuro do clube. Por enquanto, ele não tem se mostrado disposto a ajudar – afirmou.

Confira entrevista com Julio Brant:

GloboEsporte.com: A indefinição política causa muita incerteza no futebol. Você pode assumir faltando 15 dias para a Libertadores. Como vai proceder no setor?

Julio Brant: Ninguém vai chegar metendo o pé na porta e demitindo todo mundo. Não haverá revanchismo. Temos responsabilidade com o Vasco.

O que vamos fazer é manter o máximo de tranquilidade possível para que os profissionais possam desenvolver seu trabalho, mostrar seu trabalho e ser avaliados pelo trabalho feito. Aí, sim, tomar decisão quanto ao futuro deles.

O caso mais emblemático é o do Anderson Barros, que recebeu proposta do Botafogo e saiu justamente por esta questão política.

Prefiro não falar de nomes. Nossa filosofia é a manutenção e a avaliação de todo mundo. Claro que a decisão de vida cabe a cada um, não nos cabe dizer quem vai ficar ou não. Se tem proposta, tem que avaliar. Nossa visão é que o profissional que está lá não vai ser avaliado pelo fato de participado da gestão de A, B ou C. E sim pela sua capacidade de entrega ao Vasco.

Você e seu grupo têm se mexido no mercado em relação ao elenco e à diretoria de futebol?

A estrutura do futebol está sendo finalizada por aqueles que estão no futebol e não podem ser anunciados. Alguns deles estão colocados no mercado. Estão estudando, trabalhando, mas temos o compromisso de não expor ninguém. Temos discutido.

Sobre elenco, sem a caneta fica tudo muito difícil. Por isso era importante a transição. Se você consegue aliar a caneta com a visão de futuro, as coisas ficam mais tranquilas. Como você fala com um profissional se não está efetivamente no cargo? Não pode. Ficam contratando um monte de gente que a gente não sabe se está nos planos da nova diretoria técnica. É ruim para os dois.

Esta é a mesma lógica para patrocinador e fornecedor de material esportivo?

A empresa de camisas tem necessariamente que falar com a gente. Não pode assinar sem conversar com a gente, por uma questão simples: quem vai assumir o Vasco somos nós. Nossa demanda de marketing é completamente diferente da demanda da atual administração.

Queremos parceria entre os departamentos de marketing do Vasco e do fornecedor para criar produtos que estejam nos anseios do nosso cliente. É uma discussão muito maior que um simples contrato.

Caso a atual diretoria assine com o fornecedor ainda neste ano, como é o objetivo, vocês vão manter o contrato?

O que vamos fazer é sentar para conversar. O contrato pode e deve ser renegociado.

Vocês têm conversado com empresas?

Estamos esperando. Claro que dando nosso recado, fazendo chegar às empresas nossa visão e o nosso momento. Mas não conversamos com ninguém oficialmente.

A situação jurídica nos atrapalha muito. Temos conversado com o mercado, buscando potenciais parceiros. Isso atrapalha o planejamento. Quando resolve? Quando assume? Quando a nova administração está aí? Tivemos uma vitória importante na Justiça, temos convicção de que estamos com a razão. Mas precisamos assumir o clube. A insegurança em quem vai assumir o clube traz insegurança no mercado.

Qual é a expectativa para janeiro? Acredita que a decisão da Justiça vai se manter?

Estamos confiantes e trabalhando com esse horizonte. Nada nos mostra o contrário. As decisões da juíza e da desembargadora foram bem embasadas. Há entendimento público comum de que o que aconteceu na urna 7 foi uma vergonha retumbante. Um vexame para o clube. A gente vê com muita dificuldade a reversão dessa decisão.

Tem ideia do que esperar da situação financeira do clube?

A gente tem preocupação. Viemos de três anos de receitas instáveis ou decrescentes, antecipação de receitas de todos os títulos possíveis. Vasco antecipou receita sem parar. Agora me surpreende o presidente vir com declaração de que ano que vem vai ter explosão de receita. A gente não vê planejamento do clube para isso, nenhuma mudança de estratégia, de marketing, de atração de sócios. De repente aparece um número mágico de R$ 50 milhões de superávit. Qual é o fundamento disso?



Fonte: GloboEsporte.com