Paulo Angioni responde Eurico sobre responsabilidade pelo rebaixamento em 2015
Quinta-feira, 23/11/2017 - 10:31
Em entrevista ao GloboEsporte.com antes das eleições presidenciais do Vasco, Eurico Miranda afirmou que o então gerente de futebol do clube, Paulo Angioni, foi "foi o grande responsável" pelo rebaixamento do clube para Série B. Passadas algumas semanas do pleito, ele resolveu responder e dar sua versão.

Angioni disse que tem sua parcela de culpa, mas que ela precisa ser dividida com outras pessoas. Ele afirmou que não tinha autonomia e pouco participava das principais decisões.

O ex-dirigente, que, somadas as passagens, ficou mais de uma década no Vasco, disse ainda que pretende voltar ao futebol em 2018 e comentou sobre a organização de seu fórum de discussão sobre o futebol, o Footlink.

Confira a entrevista com Paulo Angioni:

GloboEsporte.com: o presidente Eurico Miranda disse em entrevista que você foi o principal responsável pelo rebaixamento do Vasco em 2015. Como encarou essa declaração?

Paulo Angioni: Não sou da polêmica, mas não vou me furtar de dizer que é comum em um sistema monocrático a vitória ficar no "eu", e a derrota ficar no "eles". É sempre assim, não só no Vasco mas em qualquer segmento da sociedade.

Acredita que houve motivação política (Angioni é aliado de José Luiz Moreira, que apoiava Fernando Horta)?

Não gosto de fazer ilações... mas pode ser. Para mim é muito duro entender que fui 100% responsável por uma coisa em um sistema administrado da forma que ele administra. Não posso eu ser 100% culpado. Isso me machuca. Mas tenho culpa, claro. Minha maior culpa foi estar lá. Poderia não estar.

Como funcionava no dia a dia? Tinha autonomia?

Sem autonomia. O sistema é monocrático. Posso ter ações, mas nem sempre elas se prolongam.

E qual foi sua participação na montagem do elenco?

Não foi muito abrangente. Mas sou culpado, estava lá. Só não admito 100% culpado. Como não sou da polêmica, prefiro ficar com essa minha tese.

Qual foi sua participação nas mudanças de técnico?

Eu não participei. Participei de uma reunião após o Celso (Roth). Havia no primeiro momento o desejo de contratar o Paulo César Gusmão, que não tinha como sair do Joinville naquela oportunidade. Depois, tentaram o Gallo, que também não podia, estava esperando alguma proposta de fora. Aí sim veio a ideia do Jorginho.

Os problemas financeiros complicaram muito o trabalho?

Havia problemas financeiros, e a direção teve méritos. Houve um tratamento agravável com os atletas que não continuariam. Havia débitos, e isso foi tudo sendo cumprido. Alguns jogadores perderam espaço, mas foram tratados de forma respeitosa. Outros ficaram e começaram a receber os atrasados. Foi muito bem feito. Parabenizo como foi tratado.

Hoje, algum tempo depois, qual você considera que tenha sido o principal pecado do Vasco para o rebaixamento?

Acho que o principal sempre é subestimar, não acreditar que tem que se organizar para o Brasileiro. Caindo quatro, é extremamente difícil. Esse ano está nivelado desde o início, quem está em nono ou décimo não está muito longe de quem vai cair. Acho que subestimar é complicado. No Brasileiro há de se ter sempre muito cuidado.

O que fez desde a saída do Vasco? Quais os planos para 2018, pretende voltar a trabalhar em algum clube?

Em 2016 em quis ficar longe do futebol, rever minhas coisas, dar atenção para família. Ainda mais há 37 anos no futebol. Fiquei refletindo, analisando. Em 2017 me expus, esperei algumas coisas. Não apareceu nada que pudesse me dar um retorno positivo, não via chance de realizar nada. Tudo aconteceu mais para o meio do ano, para consertar coisas. Tive três procuras de clubes em dificuldade, e entendi que não ia ajudar.

Mas meu desejo de retornar ao futebol é grande, ainda mais que eu tenho uma necessidade de terminar minha história da mesma forma como comecei, vencendo. Ideal seria pegar um projeto no início. Sou uma pessoa de reconstrução. Mas em alguns clubes que já trabalhei ficaria mais fácil a adaptação.

Se considera atualizado, apesar de tanto tempo no futebol?

Velho é quem não evolui. Prefiro ser chamado de antigo. Estou sempre me atualizando. Claro que dar espaço para novo, desde que tenha conteúdo, sem se precipitar.

No próximo dia 27 você organiza o Footlink, com a participação dos técnicos Tite, Reinaldo Rueda e Lazaroni. Qual o objetivo deste fórum?

O Footlink é um desejo que eu tive, atrelado a um comportamento de um jovem profissional, o Eduardo Barroca. O futebol precisava ser mais discutido, debatido, para buscarmos esclarecimentos. Comecei a saturar sobre o conceito de que o novo é uma aposta. O novo já deveria estar existindo no futebol, sem interrogação. Queria discutir o novo.

Hoje, o futebol brasileiro tem muitas coisas novas. Começamos a fazer de forma intimista, e depois entendemos que teríamos que aumentar, fazer um debate mais amplo, e criamos o Footlink. Com sucesso. No próximo dia 27 vamos realizar a última edição deste ano com a participação dos técnicos Tite, Reinaldo Rueda e do Lazaroni falando sobre Copa do Mundo. Vai ser bem produtivo.

A participação do Tite não me surpreende, é uma relação de amizade que temos, de gratidão. Não conheço o Rueda, mas procurei o Rodrigo Caetano (diretor do Flamengo), e ele nos apresentou. Na mesma hora ele topou. Lazaroni também é um amigo antigo.



Fonte: GloboEsporte.com