Ex-meia do Vasco, Pedro Zandonaide relembra conquista do Estadual há 40 anos contra o Urubu
Quinta-feira, 28/09/2017 - 22:32
Maracanã, domingo de Flamengo e Vasco. Na arquibancada, mais de 150 mil pagantes para assistir à decisão do Campeonato Carioca de 1977. Depois do 0 a 0 no tempo normal, o título foi decidido nos pênaltis. Na quarta cobrança do Flamengo, Mazaropi pegou chute de Tita, que tinha acabado de subir do juvenil. Pelo lado Vasco, Pedro Zandonaide foi bater. Nas costas dele, o peso não vinha apenas da maioria vascaína que estava atrás do gol de Cantarelli: eram sete anos sem títulos cariocas do clube cruz-maltino, e ele também tinha sido recém-integrado ao time principal, vindo do juvenil. Havia entrado no segundo tempo da partida justamente para as penalidades.

Esta última, no entanto, não foi um peso para Zandonaide. O ex-jogador e atualmente empresário no ramo de construção em Uberaba, no interior de Minas, lembra que foi a confiança passada pelo técnico Orlando Fantoni, por ter treinado cobranças durante a semana do jogo, que o fizeram chegar na cal com a ideia fixa: tenho que fazer. Cobrança forte, no alto e o gol que colocou o Vasco à frente na decisão. Apesar de Zico e Roberto Dinamite terem fechado a série que deu o título carioca ao Vasco, as circunstâncias fazem com que Pedro Zandonaide, 40 anos depois, tenha uma certeza: o gol do título carioca foi dele.

O confronto era a partida que valia o desempate do segundo turno após o clube cruz-maltino ter sido campeão do primeiro. Flamengo e Vasco terminaram o turno empatados e jogavam para definir qual seria o campeão. Zandonaide lembra que ele e mais quatro estavam sendo lançados no time profissional por Orlando Fantoni naquela temporada. Além do meia, o ponta-direita Wilsinho, o volante Helinho, o lateral-direito Paulo Pereira e o lateral-esquerdo Paulo Cesar. O ex-jogador lembra ainda que o Vasco não conquistava o Carioca tinha sete anos e, além do jejum, tinha a rivalidade com o Flamengo.

– Foi uma véspera de jogo com muito falatório, imprensa comenta de um lado, do outro e cria aquele clima de expectativa para a decisão. Mas era mais sadio. Era gostoso – lembrou.

O meia entrou em campo aos 20 minutos do segundo tempo. O chamado do treinador tinha um motivo: o garoto de 18 anos era bom batedor de pênaltis e, pelo que estava indicando o cenário do confronto, a decisão seria nas penalidades. O desempenho dele nos treinos o credenciou a entrar no jogo para uma das cobranças.

– Entrei no segundo tempo, no lugar do Wilsinho, e ainda era juvenil. Disputava o Carioca no juvenil, mas o Orlando Fantoni me requisitava para o time profissional. Foi onde, neste dia, fiquei no banco, entrei no segundo tempo, faltando 20 minutos para terminar o jogo. Justamente porque o Fantoni viu que a decisão seria nos pênaltis. Como me dava bem nos treinamentos, batia bem na bola, optou por me colocar – relembrou.

O professor estava certo e a decisão do Carioca foi para os pênaltis. Pela ordem das cobranças, Zandonaide era o penúltimo a bater. Depois dele, só o craque daquele time, Roberto Dinamite. Resultado da confiança do chefe, dos treinos bem-sucedidos. Pedro Zandonaide lembrou que nem estas condições controlam a ansiedade do menino recém-chegado da base vascaína.

– A gente treinava muito. E ficava na ansiedade, expectativa, principalmente pela minha idade. Fica ansioso, nervoso com uma decisão deste tipo. Mas treinava muito. E tinha confiança de realizar as coisas dentro daquilo que a gente podia fazer. Claro que as expectativas eram grandes em cima da gente, mas estava treinando e ciente do que tinha o que fazer – disse.

Nas cobranças, todos foram acertando. Quando chegou na quarta cobrança ficaram faltando na ordem: Tita, pelo Flamengo, Zandonaide, para o Vasco, Zico e Roberto Dinamite. Assim como Zandonaide, Tita estava subindo do time de base do Flamengo e efetuaria a cobrança (Veja abaixo vídeo com melhores momentos do jogo).

– O Tita, que estava subindo do juniores para o profissional, e teve a infelicidade de errar. O Mazaropi defendeu. E ficou a bucha na minha mão: se faço, o Vasco estaria em vantagem. A verdade é que, de repente, você pensa mil coisas. Mas na hora que fui para bater estava tranquilo, consciente do que eu ia fazer. A ansiedade tinha, mas pelos treinamentos, estava confiante de que faria o gol. E fiz. Bati em uma altura que seria difícil para qualquer goleiro de ter o impulso de chegar na bola. Bati forte, na lateral da rede, local difícil do goleiro pegar – lembrou o ex-meia do Vasco.

Zandonaide vibrou muito depois da cobrança. Não só por ter sido uma finalização de cartilha, mas também por ter a certeza de que o gol dele era, praticamente, o do título do Vasco naquele ano. Por isso, ele afirma: a cobrança do título foi dele.

– Foi uma vibração gostosa, uma sensação gostosa, de alívio. Você extravasa. Ficaram o Zico e o Roberto para a cobrança, daí pensei: o título está, praticamente, garantido. Pela experiência que ele tinha, evidentemente, todos os torcedores imaginavam que, se eu fizesse o pênalti, o título estava praticamente 100% garantido. A cobrança do título foi minha – concluiu.





Fonte: GloboEsporte.com