Em inquérito no Ministério Público, defesa do Vasco culpa Polícia Militar por incidentes em São Januário
Terça-feira, 29/08/2017 - 11:08
Para o presidente do Vasco, Eurico Miranda, a Polícia Militar do Rio é a culpada pela briga ocorrida em São Januário em julho, que terminou com a interdição do estádio. Mais do que culpa, o dirigente acusa os policiais de terem incitado o agravamento da violência dos torcedores. Esta foi a forma encontrada pelo mandatário para se defender em inquérito aberto pelo Ministério Público que tem ele e a CBF como investigados. O dirigente também pede que o promotor Rodrigo Terra seja retirado do caso, porque ele estaria sendo "imparcial" em relação ao Flamengo.

Confira abaixo as respostas da PM e do Ministério Público.

Os argumentos constam da defesa de Eurico, entregue no último dia 4 ao MP. Entre outros pontos, Eurico foi questionado acerca dos integrantes de torcidas organizadas que estavam presentes no estádio, da contratação de membros destas agremiações por parte do clube e também sobre a facilidade do ingresso de bombas e artefatos no interior do estádio.

O dirigente confirmou que tem como funcionários dois dos integrantes da Força Jovem, Rodrigo Granja e Sidnei da Silva, há três anos, mas defendeu ambos, dizendo que eles não estavam impedidos de estar ali e que eles não facilitaram a entrada de nenhum item proibido. Ainda nesta linha, Eurico diz que não cabe ao clube fiscalizar a entrada de torcedores proibidos e sim à PM.

Para a defesa, a briga teria sido planejada, mas não deixa claro por quem:

"premeditado para provocação de desordem na praça esportiva", com a "possibilidade de que tenha sido algo orquestrado (premeditado) com nítido propósito de prejudicar o CRVG" e tirá-lo do estádio "onde o CRVG vinha tendo ótimos resultados esportivos e financeiros".

Ao narrar o início da briga, os advogados olham com estranhamento o fato de os torcedores terem atacado os policiais e não os torcedores do Flamengo. A ação teria sido dessa forma para "provocar reação desmedida e desproporcional", "que culminou da depredação de São Januário".

Ainda nesta linha, segundo os advogados de Eurico, a PM foi a grande vilã: "mas a desmedida, desarrazoada, desproporcional e irresponsável atuação da PMERJ levou ao que se viu".

No documento, a defesa nega que o clube financie ou colabore com as organizadas e diz que o Vasco "luta incansavelmente pela paz no esporte".

Camarote para FJV

Os advogados ignoraram o fato de que entre as vítimas dos torcedores havia uma policial militar, mulher, que foi espancada aos olhos de todos os envolvidos. Também nada falaram nas dez páginas de resposta sobre o camarote que segundo os próprios integrantes da Força Jovem, em fotos nas redes sociais, foi inaugurado para a torcida (que estava proibida de frequentar o estádio) naquela mesma noite, horas antes do ocorrido, conforme revelou o ESPN.com.br em matéria que pode ser lida aqui.

A briga ocorrida em São Januário não se restringiu ao confronto entre integrantes de organizadas e a polícia. Torcedores comuns e jornalistas foram agredidos. Há relatos de que profissionais da imprensa foram ameaçados com pedaços de espetos, nas cabines de imprensa. Do lado de fora do estádio, um torcedor morreu vítima de arma de fogo.

Flamengo é citado

No pedido de afastamento do promotor, Eurico lança a desconfiança de que o MP não estaria fiscalizando o uso de planos de Sócio Torcedor por parte de organizadas do Flamengo. No entanto, o blog apurou que há cerca de um mês o MP questionou o rubro-negro acerca do uso das carteirinhas por parte das agremiações proibidas e o clube respondeu que todos os planos de quem está proibido de frequentar estádios foram suspensos.

Resposta do MP:

"O MP não deixa de agir sempre que há fato a investigar independente de quem seja o fornecedor do serviço. Realmente, a tragédia de São Januário ora sob investigação envolve o Vasco e não o Flamengo mas se este fosse o caso o mesmo rigor seria aplicável.

De todo modo, qualquer fato que de alguma forma tenha violado o direito do torcedor desde que assumi a promotoria em fevereiro deste ano tem sido tratado com isenção e cuidado, tomadas todas as medidas administrativas e judiciais cabíveis, sempre com o objetivo de contribuir para o aperfeiçoamento do serviço."

Resposta da PM:

"A Polícia Militar agiu com os meios e força necessários ao episódio e totalmente dentro da legalidade."

Fonte: ESPN.com.br