Aposentado dos gramados aos 36 anos, Botti fala do trabalho como observador vascaíno
Sexta-feira, 21/07/2017 - 16:28
A rede de observadores cruz-maltinos ganhou reforço nesta temporada. Após 22 anos de futebol, o meia Botti encerrou definitivamente sua história dentro de campo e partiu em busca de novos horizontes. Revelado pelo Vasco, o jogador vai contribuir, em nova fase na carreira, com a busca de talentos para o futuro do clube. Ele é mais um integrante da rede de captação "Descobridores", que conta com ex-atletas vascaínos para prospectar promessas no mundo da bola.

Raphael passou 13 temporadas no futebol asiático, com passagem entre 2012 e 2013 pelo Figueirense. Ele passou o primeiro semestre na cidade natal, Juiz de Fora, curtindo período de descanso com família após se desligar do Army United, da Tailândia, seu último clube. Prestes a começar o novo desafio, Botti se disse motivado com os novos projetos, que incluem também uma empresa de assessoria esportiva.

– Parei de jogar em dezembro e recebi um convite porque o clube estava iniciando o projeto. Conta com ex-atletas para procurarem jogadores nas suas regiões. Disse prontamente que aceitaria, mas que precisava de um tempo de descanso porque estava parando após 22 anos direto jogando futebol. Aí fui até o Vasco, conversei com a diretoria e o acordo é este: vamos atuar na nossa área para garimpar jogadores de alto nível. Apesar de não ser exclusivo, minha prioridade hoje é levar atletas para o Vasco, onde tive oportunidade de jogar, de crescer, e também é uma forma de demonstrar gratidão por tudo que o Vasco fez por mim. O que eu tive oportunidade de realizar, quero oferecer aos meninos que desejam ser jogadores.

De acordo com o Vasco, atualmente são 49 Descobridores pelo Brasil. Os profissionais foram jogadores do clube e, com essa vivência, possuem bom conhecimento para ajudar. A ideia é garimpar, prioritariamente, garotos de 13 a 20 anos.

– Com relação à idade, hoje só se pode alojar de 14 anos para frente. Questão de parte técnica vai pelo conhecimento, de tempo de carreira. Daí eles quererem que sejam ex-atletas, porque conhecem a filosofia do clube, como o Vasco gosta de trabalhar com atletas, o nível. Tenho tentado me atualizar ao máximo assistindo a jogos da base e eles ficaram de nos mandar materiais para que possamos acompanhar o nível e a necessidade de cada categoria. Meu trabalho é esse, ir às peneiras e campeonatos da região para garimpar esses meninos – disse Botti.

No projeto, os garotos vistos como de bom potencial serão convidados a passar um período de observação com a comissão técnica do time da faixa etária correspondente na base do Vasco. A oportunidade se difere das tradicionais "peneiras" pelo fato dos jovens terem mais tempo para mostrar suas qualidades.

– Nosso objetivo é oferecer a oportunidade a esses meninos para eles serem avaliados. Lembrando que peneira é uma coisa, o atleta chega lá com 100 meninos e dificilmente tem aquela atenção. Ele não vai para fazer peneira, vai para treinar com o grupo, talvez com alguns outros atletas em observação, vai ser avaliado nos mínimos detalhes durante semanas para receber sua oportunidade. É um trabalho diferenciado, um investimento que o clube está fazendo, tudo isso no alojamento do Vasco, com todo o suporte que a estrutura do Vasco hoje pode oferecer a esses meninos.

Segundo o clube, toda metodologia de avaliação foi desenvolvida pelo Centro de Inteligência e Análise (CIA). Os descobridores receberão na reunião anual que acontecerá em São Januário um material com todos os princípios e conceitos, baseados em ações determinantes do jogo. Enquanto isso, entre um estudo e outro, Raphael bate bola com o filho, Jonathas, de 13 anos, que também quer ser jogador um dia e já ganha dicas do pai.

– Espero que ele seja ainda melhor que eu! Em vez de ir para a Ásia, que vá para a Europa (risos). E volte mais rápido! Mas estou feliz com a decisão de me aposentar, me sinto realizado.



Fonte: GloboEsporte.com