Atletismo: Campeão do Troféu Brasil e com índice para o Mundial, Aldemir Gomes revela que corre por gratidão ao Vasco
Segunda-feira, 12/06/2017 - 13:52
Os 20s15 no cronômetro representavam um turbilhão de sentimentos. Alívio por voltar a ser rápido nos 200m, euforia pelo título do Troféu Brasil e pelo índice para o Mundial de Atletismo de Londres. A marca era espetacular e teria lhe rendido muito em outras ocasiões. Teria sido suficiente para ser finalista olímpico e mundial. Na comemoração pelo feito, Aldemir Gomes buscou uma bandeira do Vasco da Gama e a exibiu como fazem outros atletas com as marcas de seus patrocinadores. A preocupação do atleta em posar com o pavilhão cruzmaltino é especialmente curiosa por um detalhe: o clube não lhe paga um centavo por isso.

Aldemir começou no atletismo ainda menino, com oito anos, formado pelo Vasco. Até teve uma passagem pelo Orcampi, de Campinas, mas retornou ao Rio de Janeiro em 2015 para encerrar o ciclo olímpico de 2016. Recebeu salários e ajuda de custo para viajar para competir até outubro de 2016, quando o vínculo se encerrou. Em meio a uma debandada de atletas cariocas para São Paulo, onde ficam os principais clubes de atletismo do país, ele não entrou em acordo com ninguém e preferiu ficar. Seguiu defendendo as cores do clube pela gratidão.

- O futebol tem dinheiro, o atletismo é o atletismo no Vasco. Infelizmente hoje a gente precisa fazer para ser reconhecido. Quem sabe com esse resultado a gente tenha alguma ajuda posterior, porque o Vasco infelizmente está passando por uma renovação, uma série de coisas. Estou no Vasco porque eu gosto. Infelizmente eu não estou recebendo. Ele (clube) já me ajudou bastante, mas infelizmente estão um pouco difíceis as condições lá. Eu convivo, eu sei o que está acontecendo lá e sei que quando eles puderem eles vão me ajudar de novo. O Vasco é muito importante para mim, me ajudou muito e só tenho a agradecer.

Atleta do Exército, Aldemir agradeceu muito também às Forças Armadas, ressaltando o papel que o desporto militar tem tido em sua carreira: "Procuro sempre agradecer e engrandecer, porque é uma ajuda sem precedentes em questão de estrutura", diz. Com o fechamento do Estádio Célio de Barros, no complexo do Maracanã, o Rio de Janeiro sofreu com uma grave limitação de locais de treinamento às vésperas da Olimpíada. E a estrutura militar "salvou" quem não migrou para São Paulo.

Solange Chagas do Valle, coordenadora técnica de atletismo do Vasco, explica que o contrato com Aldemir não pode ser renovado porque era atrelado a uma parceria com a Caixa Econômica Federal, que não foi continuada ao final do ciclo olímpico.

- O Vasco cumpriu todas as obrigações de pagamento que tinha com ele. Participei da negociação da volta dele ao clube e lá acertamos com a presidência e com a Caixa o valor que ele receberia até o fim do contrato, em outubro do ano passado. Tudo foi cumprido rigorosamente em dia. Infelizmente, a Caixa não quis renovar esse patrocínio. O atleta teve a liberdade de buscar um outro parceiro desde então, mas não houve um entendimento.

Aldemir teria feito final olímpica e de Mundial com 20s15

Aldemir despontou internacionalmente no atletismo nos Jogos de 2012, sua estreia olímpica. Era a segunda competição da carreira fora do país, e nela teve a chance de impressionar ninguém menos do que Usain Bolt. O brasileiro correu na mesma bateria classificatória que o jamaicano e, ao final dela, foi cumprimentado e elogiado pelo recordista mundial. Naquela ocasião, o Raio de sagraria bicampeão olímpico dos 200m, enquanto Aldemir se despediria nas semifinais.

Os anos seguintes não foram fáceis para o carioca. Passou três temporadas seguidas sem progredir, tendo 20s32 como melhor marca. Na Rio 2016 competiu novamente nos 200m, mas despediu-se cedo, com 20s80 e a penúltima posição na bateria classificatória. Depois de bater tanto na trave, foi natural a comemoração pelo incrível 20s15 deste domingo.

Para se ter ideia da expressão deste tempo, ele seria suficiente para Aldemir terminar em sexto lugar na final olímpica do ano passado ou em sétimo na disputa por medalhas do último Mundial, em Pequim 2015. André Domingos, medalhista de prata no revezamento 4x100m das Olimpíadas de Sydney 2000, assistiu à prova do Troféu Brasil ao lado da pista. Fez questão de parabenizar o jovem atleta e exaltar a marca, idêntica à melhor que ele alcançou na distância quando era atleta de alto rendimento.

- O Aldemir não teve um ano tão bom no ano passado. Ele é um corredor nato de 400m e que tem uma grande influência na prova dos 200m. Essa marca de 20s15 com certeza absoluta o carimba para chegar em qualquer final de Campeonato Mundial e Olimpíada. Ele fez uma curva muito forte e uma reta extremamente forte. Quem viu ele correndo aqui, ele correu praticamente o tempo todo sozinho, já saiu na curva engolindo todo mundo. Fico muito contente porque a gente está percebendo que está surgindo uma nova geração de velocistas com garotos novos como o Aldemir, o Paulo André, o Derick... É sinal de que a gente pode colher grandes frutos em grandes eventos.



Fonte: GloboEsporte.com


Medalhistas do Vasco

1.500 m feminino
3º Rejane da Silva (CRVG) 4:27.16

200 m masculino (1.3)
1º Aldemir Gomes da Silva (CRV G) 20.15

Recordes do campeonato
Aldemir Gomes - 200 m

Índices Campeonato Mundial
Aldemir Gomes - 200 m

Fonte: CBAt