Falta de intensidade ajuda a explicar má fase do Vasco; confira análise tática

Sexta-feira, 17/03/2017 - 15:31
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Você já deve ter ouvido a palavra “intensidade” quando algum comentarista explica o desempenho de uma equipe, ou em uma análise tática. Nos últimos anos, esse conceito vem sendo cada vez mais usado para explicar o rendimento de times de futebol e se tornou imprescindível para grandes equipes. Mas afinal, o que significa dizer que uma equipe "jogou com intensidade"?

Sendo um conceito abstrato, a intensidade tem diversas explicações e teorias. Mas todas caminham para a noção de que intensidade é a capacidade de um jogador pensar mais rápido e responder mais rápido a uma demanda do jogo. Isso pressupõe alguns conceitos básicos: o jogo é dividido por ações e o jogador responde a elas. A velocidade dessa resposta - seja física, tática, técnica ou mental - é o que caracteriza a intensidade, que pode ser individual e coletiva.

Então a intensidade está muito ligada a velocidade. Mas não aquela velocidade linear, de corrida. É a velocidade de pensamento e de execução. Vamos supor que um time perde a posse de bola, precisando fazer a transição para a defesa. A rapidez com a qual um jogador (ou uma equipe) entende essa demanda do jogo e responde a ela - seja pressionando ou recompondo a defesa, de acordo com o modelo de jogo - é o que chamamos de intensidade.

A palavra pode ser nova, mas o conceito existe há muito tempo. O Brasil de 1970 se destacou muito pelo fôlego e velocidade no calor do México. A Holanda de 1974 realizava uma pressão na bola imediata após perdê-la. Veio o Barcelona de Guardiola, o Bayern de Heynckes e times como Borussia e Liverpool, hoje, mostram que a intensidade vem sendo cada vez mais importante.

Barradão, Copa do Brasil. Noite decisiva de quinta-feira e o Vasco de Cristóvão Borges mostrou bem porque a intensidade - ou a falta dela - fala muito sobre o desempenho de uma equipe. O Vasco mostrou novamente uma grande falta de intensidade em suas ações, acarretando num desempenho ruim que culminou com a eliminação na Copa do Brasil.

A imagem abaixo representa o momento do início das jogadas do Vasco. A ideia de Cristóvão é que essa saída seja feita pelo chão, trocando passes até chegar em Nenê e Guilherme, os meias que mais flutuam no 4-2-3-1 vascaíno. Para que isso seja feito, o jogador tem alguns movimentos a executar. O mais simples dele é o apoio: a aproximação de quem está com a bola (no caso Luan) para dar uma opção de jogo e sair em direção ao ataque.



Se Luan está com a bola, Douglas e Jean, os volantes, deveriam se aproximar dele para gerar esse apoio. Essa aproximação é uma resposta a uma ação do jogo. E ela é feita, tanto que Douglas viu, se aproximou e gerou a “saída de 3”, quando um volante afunda na zaga. Mas veja como NINGUÉM acompanha ele nisso: Jean está lá embaixo, os laterais não “afundam” e ninguém vem ocupar esse meio, em vermelho. A resposta para a ação de jogo do Douglas é lenta porque não existe intensidade.

A falta de intensidade do Vasco é muito vista sem a bola. Tome o exemplo abaixo: o Vitória ataca e…Douglas e Nenê apenas cercam, sem pressionar e tirar o espaço do adversário, enquanto Jean fecha uma linha de passe. Observe a linha de defesa, com um zagueiro saindo e Jogar ficando. Uma confusão de conceitos, muito porque existe uma demora na resposta: se o Vitória está com a bola, o que o Vasco, como equipe, deve fazer? Pressionar o mais rápido para retomar a posse? Voltar para a defesa e defender a própria área?



A intensidade afeta o desempenho porque uma equipe não consegue fluir sem ela. E, importante: existe um adversário do outro lado. Se ele responde ao jogo com mais intensidade, conseguirá desempenhar melhor sua proposta, como o Vitória, sufocando o Vasco e explorando os contra-ataques. A intensidade afeta também no desempenho técnico: é mais fácil um jogador acertar um passe recebendo marcação ou como na imagem acima, com ninguém perto dele?

Jogar com intensidade não é algo fácil, e vem muito dos treinos e do trabalho diário de uma comissão. Mostrar erros aos jogadores, cobrar concentração e treinar essas respostas é algo que vem se tornando mais comum no Brasil. O Vasco caminha perigosamente numa direção contrária. De novo.

Fonte: Blog Painel Tático - GloboEsporte.com