Felipe e Pedrinho falam da experiência no comando técnico do Tigres

Sábado, 31/12/2016 - 10:11
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Uma amizade pode durar por um curto ou longo período. Porém, uma amizade que dura a vida inteira é inesquecível. Felipe e Pedrinho, que é apenas dois meses mais velho que o amigo, começaram juntos no futsal do Vasco com apenas seis anos de idade. A amizade adquirida no Gigante da Colina dura até hoje e o que foi construído dentro de campo, vai para fora dele, pois a dupla vai comandar o Tigres do Brasil no Campeonato Carioca.

Se dentro das quadras e campos Felipe e Pedrinho brilharam juntos, eles desejam que esse sucesso se repita na beira do gramado. Felipe vai ser o técnico do Tigres do Brasil e Pedrinho seu auxiliar. A dupla sonha alto e os dois querem seguir o sucesso fora das quatro linhas.

- Eu e Pedrinho temos uma parceria desde os seis anos, do futsal do Vasco. Ele acabou parando de jogar antes do que eu, devido a algumas lesões que ele teve, mas no nosso final de carreira, já tínhamos ventilado a idéia de fazermos essa parceria fora de campo - disse Felipe.

- Por a gente se conhecer há muito tempo, já conhecemos o jeito um do outro e pensamos de maneira muito parecida. Lógico que tem coisas que pensamos de maneira diferente, mas no geral é tudo muito igual - declarou Pedrinho.

Confira os principais destaques da entrevista exclusiva que a dupla concedeu ao site FutRio teve com a dupla:

Amizade de longa data

Felipe: Eu e Pedrinho temos uma parceria desde os seis anos, no futsal do Vasco. Ele acabou parando de jogar antes do que eu, devido a algumas lesões que ele teve, mas no nosso final de nossas carreiras, já tínhamos ventilado a idéia de fazermos essa parceria fora de campo. Fizemos alguns cursos juntos, começamos a organizar as nossas idéias e o Tigres nos deu essa oportunidade de começar o nosso trabalho, e estamos muito motivados para isso.

Pedrinho: Por a gente se conhecer há muito tempo, já conhecemos o jeito um do outro e pensamos de maneira muito parecida. Lógico que tem coisas que pensamos de maneira diferente, mas no geral é tudo muito igual. Procuramos levar muita coisa do futsal para a parte do campo. Acho que o fato de nos conhecermos tão bem ajudou a gente com a falta de tempo que estamos tendo na preparação da equipe.

Maneira que a dupla pensa em armar uma equipe

Felipe: Mudou bastante coisa desde que eu me aposentei. É lógico que eu peguei alguma coisa do futebol moderno, mas hoje está tudo muito intenso, corrido. Todos têm que saber jogar com e sem a bola. Todos precisam estar participando do jogo. As equipes que eu venha a dirigir não vão fugir muito a minha característica como jogador, nem as do Pedrinho. Procuramos dar prioridade a posse de bola, a parte técnica, mas sabemos que cada grupo tem suas limitações. Não são todos os jogadores que tem a parte técnica apurada, mas procuramos sempre trabalhar os fundamentos. Hoje o futebol mudou bastante. Antigamente o zagueiro não jogava, hoje ele é tão importante quanto o atacante, pois ele precisa ter saída de bola. Vamos tentar priorizar a qualidade no passe e a velocidade, mas tendo um time equilibrado. Uma equipe pode ter vários atacantes, mas bem montada, pode ir bem na defesa.

Pedrinho: Nossos princípios de jogo são a posse de bola, a velocidade no passe e criar linhas de passes a todo instante. Só que para isso, é preciso ter primeiro a cozinha arrumada. Procuramos organizar a defesa da maneira que gostamos, com uma linha de quatro. E não foi fácil, pois além da parte tática, era preciso ensinar a linha corporal para os atletas. Característica de jogo temos que trabalhar com o elenco que temos, mas nossa filosofia é bem definida. Usamos o goleiro para jogar o tempo inteiro, pedimos para evitar os chutões, mas até pelo pouco tempo de trabalho, podemos pagar um alto preço, mas estamos dispostos a isso. Não queremos ser mais um a assumir um time pequeno. Não queremos vencer um time grande nos defendendo, levando sufoco e ganhar em uma bola. Eu prefiro perder sabendo que eu coloquei em pratica o que pensamos de futebol, e isso demora.

Pressão por resultados

Felipe: Todos trabalham para conquistar títulos, mas só um conquista. Falando sobre o Zé Ricardo, não foi surpresa pra mim o trabalho dele, pois ele foi meu treinador no futsal, tem uma experiência enorme. Hoje o Brasil tem muitos treinadores que não são conhecidos, mas tem um conhecimento de futebol muito bom, mas infelizmente acabam não tendo oportunidades. O futebol, infelizmente só serve o primeiro, não o segundo e terceiro. As pessoas acabam analisando um trabalho pelos resultados e não pelo dia a dia. Mas isso faz parte. Da mesma maneira que comecei minha carreira de jogador no Vasco e busquei meu espaço no cenário nacional, como treinador não vai ser diferente. Eu e Pedrinho nos preparamos para fazermos grandes trabalhos e quem sabe mais a frente ter sucesso como técnico também.

Pedrinho: Tudo no futebol é um processo, tudo tem que evoluir. Os treinadores têm que estudar, os dirigentes também, os gestores e até a imprensa. Mas infelizmente, até pela parte financeira, a cobrança é pelo resultado o tempo inteiro. É preciso contratar um treinador que tenha um perfil que você entende de futebol, não adianta ter uma equipe com jogadores de velocidade e habilidade, e trazer um técnico que gosta de um time mais forte. Não será criada uma identidade. É questão de se avaliar o trabalho, mas no Brasil sabemos que isso é muito difícil.

Treinadores da nova geração x técnicos experientes

Felipe: Não importa se o treinador é experiente ou não para ele estar bem atualmente. O Tite é experiente, treina a seleção e é um profissional moderno. É claro quem jogou muito anos tem uma vantagem, pois conhece a vivência do futebol. Mas o estudo aliado a essa vivência, deixa o profissional mais forte e preparado para exercer a função dele, que é muito complicada. O sucesso não depende da idade, temos treinadores jovens que não são estudiosos e mais experientes, que tem uma bagagem enorme, mas seguem estudando, pois as coisas mudaram. O treinamento que eu recebi com 18 anos, com 30 já era totalmente diferente

Pedrinho: Às vezes um treinador com mais nome é um alivio para a diretoria, pois transfere a responsabilidade para ele. Quando se tem um treinador jovem, como bancou as diretorias de Flamengo e Botafogo, elas chamaram a responsabilidade para si. E teve uma pressão, mas eles sustentaram os profissionais. Se fosse um treinador de mais nome, talvez eles tivessem sustentado com resultados muito piores. Não faço nem comparação de jovens e experientes, o importante é estar sempre preparado. Tem treinadores que tem a idade mais avançada, mas se preparam sempre, o Tite é o maior exemplo disso. O problema é que o resultado também acomoda os treinadores. Na minha opinião, diferente da opinião de outros treinadores, temos que estudar sempre. Não é porque eu joguei que eu não preciso me atualizar. Às vezes as pessoas confundem, atualizar é você organizar suas idéias. Eu tinha muitas idéias, mas não sabia organizá-las. Como é que eu iria transformar essas idéias em treinamentos? O que fazer? Isso você não adquiri só jogando. Mas têm treinadores que não precisam estudar, esses são extraterrestres e temos que respeitar a opinião deles. Eu acho que temos que estudar sempre

Técnico e auxiliar ou dois treinadores?

Felipe: Quando começamos a estudar, já havíamos combinado essa parceria de treinadores. Fizemos o curso na CBF, o Deivid fez o curso com a gente, já tinha trabalhado no Cruzeiro como auxiliar, ele convidou o Pedrinho e eu achei que era muito importante para ele. Ele evoluiu bastante no período que esteve no Cruzeiro e vai me ajudar muito para desempenharmos um bom trabalho no Tigres do Brasil. Quero deixar claro que o Felipe não é o treinador e o Pedrinho o auxiliar, o Tigres tem dois treinadores com muita capacidade.

Pedrinho: A experiência que eu vivi no Cruzeiro vai nos ajudar. Às vezes tem situações que não esperamos, muitas vezes até algo pessoal, não tática e tecnicamente. Agora, taticamente aprendemos a todo momento, não importa se é o meu segundo trabalho e o primeiro do Felipe. Estamos nos ajudando sempre. Nosso trabalho diário é muito importante. Por ser tudo muito novo, na beira do campo, o Felipe que será o treinador, vai ter que falar mais, até porque temos muitas coisas pra ajustar ainda. Com o passar do tempo, ele vai ajustar poucas coisas durante o jogo. Dentro de uma partida, está tudo definido, o Felipe é o treinador e o Pedrinho é o auxiliar. No dia a dia é que estamos conseguindo dividir bem as tarefas.






Fonte: FutRio