Torcida do Vasco foi da agonia ao alívio no início do 2º tempo

Domingo, 27/11/2016 - 10:20
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Tensão, agonia, incentivo, alguns minutos de muita festa e resignação. O vascaíno reencontrou o Maracanã, vai reencontrar a Série A, mas foi para casa na noite de sábado com a certeza de que muita coisa precisa mudar para reencontrar o Vasco vitorioso. O Vasco tetracampeão brasileiro. O Vasco que aprenderam a amar. A vitória por 2 a 1 sobre o Ceará, sábado, encerrou o fim da via crucis na Série B, mas não iludiu os mais de 56 mil torcedores que apoiaram o time sem deixar de manifestar a insatisfação pelo sofrimento até os 45 minutos finais da temporada.

O risco de permanência na Segunda Divisão somado aos preços mais baixos dos ingressos fez com que o torcedor trocasse o "abandono" dos jogos em São Januário pela união no Maracanã. Desde o início da tarde, as ruas nos arredores dos estádios foram tomadas por camisas cruz-maltinas, mas vamos nos ater ao que aconteceu do lado de dentro. Mais precisamente nos 100 minutos entre o anúncio da escalação até o apito final. Isso porque não dá para falar da reação da torcida sem falar das vaias e aplausos ainda no anúncio da escalação.

O cenário já era previsto: Nenê o mais ovacionado. Diguinho e Jorge Henrique muito vaiados, assim como Aislan entre os reservas. E vamos ao jogo. Nos minutos iniciais, até passe certo no campo ofensivo era comemorado, mas a postura passiva do Vasco foi minando a empolgação da torcida. Por outro lado, o Ceará se mandava para o ataque e a tensão tomava conta do ambiente. A equipe não atacava, não pressionava, e sofria. Tanto que até falha de Martín que quase virou frango resultou em ovação para o uruguaio.

O goleiro, por sinal, vacilou uma vez, duas vezes, na terceira... Gol do Ceará! Um silêncio assustador tomou conta do Maracanã. Ninguém acreditava. O acesso estaria em risco? Menos mal que minutos antes o Oeste já tinha aberto o placar em Recife. O gol gerou reações discretas no Rio de Janeiro e não foi anunciado pelo estádio. Dez minutos depois, porém, uma explosão. Em campo nada acontecia. Já na Arena Pernambuco... Não era nem preciso vencer mais: 2 a 0 Oeste.

Como o Vasco pouco produzia em campo, o jeito foi agradecer. Não se sabe se foi em tom de ironia, de provocação ao time ou até mesmo de gratidão, mas o Maracanã explodiu em um grito: "Oeeeeeeeeeeste! Oeeeeeeeeeeeeeeste!". Em seguida, começaram os protestos contra a diretoria. Eurico Miranda foi o principal alvo e os únicos gritos publicáveis eram de "o Vasco não precisa de você" e "fora Eurico". As críticas revoltaram Álvaro Miranda, filho do presidente, que rebateu e causou alvoroço em um dos camarotes. Ao término do primeiro tempo, vaias.

Na volta do intervalo, cinco minutos de êxtase. Em cinco minutos, tudo que a torcida do Vasco esperava: o telão anunciou Eder Luis no lugar de Diguinho. Com dois minutos Thalles empatou a partida, aos quatro Thalles fez o segundo. Não seria exagero dizer que foram os cinco minutos mais alegres da temporada - apesar do título Estadual. O Maracanã explodiu. Festa! Muita festa! Só festa!

Dali para frente, basicamente a preocupação era manter um repertório que mantivesse a celebração no Maracanã: "Time da Virada", samba da Unidos da Tijuca, "O campeão voltou"... A torcida do Vasco não parava de cantar. Nem mesmo a bola no travessão que o Ceará colocou tirou a empolgação. Pelo contrário, a comemoração foi de gol. Na metade final da partida, porém, a alegria deu lugar ao senso crítico, e voltaram os protestos. Gritos contra Eurico Miranda ditaram o tom até o apito final, quando uma minoria celebrou, mas foi abafada por vaias e gritos de "time sem vergonha".

O Vasco venceu. O Vasco voltou para Série A. Mas a torcida deu o recado: o Vasco tem muito a melhorar. A temporada que começou com a maior série invicta em jogos oficiais da história do clube termina com alívio e desconfiança. O histórico de 2014 serve de exemplo, o segundo turno ruim da Série B de 2016 serve de lição. Resta saber o que será do Vasco em 2017.



Fonte: GloboEsporte.com