Confira a íntegra da entrevista coletiva de Jorginho após Vasco 2 x 1 Ceará

Sábado, 26/11/2016 - 21:27
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As únicas certezas da noite deste sábado foram o acesso do Vasco à Primeira Divisão e o alívio sentido por Jorginho ao apito final da vitória por 2 a 1 sobre o Ceará. A maior dúvida, porém, permanece: o treinador fica ou não no clube em 2017? Ele próprio não sabe. De forma direta, sem rodeios, Jorginho disse que conversará com o presidente Eurico Miranda na semana que vem para definir seu futuro.

O treinador foi contundente ao citar "vozes internas e externas" que tentaram atrapalhar o seu trabalho em 2016. Mas afirmou que nunca se sentiu ameaçado pois tinha o respaldo do presidente cruz-maltino.

- Eu vou conversar com o presidente para poder ver aquilo que é melhor para mim e para o Vasco da Gama. Há vozes, infelizmente, que não se cansam de tentar atrapalhar o trabalho, sempre estão rondando ali, tanto fora, quanto dentro.Por isso que há a necessidade de termos uma conversa para saber, para que cheguemos numa melhor solução para o ano que vem - disse Jorginho.

Quando perguntado sobre quem são essas vozes internas, ou seja, dentro do clube, o treinador preferiu não revelar.

- Existem vozes externas e internas, mas são coisas que vou guardar para mim. Me desculpa não poder responder isso.

Por fim, Jorginho disse que, continuando ou não no Vasco, a equipe precisa de reforços para 2017. Caso contrário, passará dificuldades novamente.

- O Vasco precisa de uma renovação, de uma maturação. É fato que o Vasco precisa de reforços mesmo. Se nós formos com esse grupo vamos ter dificuldades, vamos ter problemas. Mas quanto à decisão preciso conversar com o presidente.

Em determinado momento da entrevista coletiva, Jorginho chamou o auxiliar Zinho e o preparador físico Joelton Urtiga para um abraço e agradeceu a eles pelo trabalho realizado.

O Vasco terminou a Série B do Campeonato Brasileiro na terceira colocação, com 65 pontos.

Confira outros tópicos da entrevista coletiva de Jorginho:

Nível de tensão para o jogo com o Ceará

- Tensão altíssima. Foi difícil de dormir. Quero dizer, em primeiro lugar, que eu fiquei muito feliz com a nossa torcida. A torcida passar pelo o que passou, acompanhando um time que normalmente teria que ser campeão, e lotar o Maracanã, é uma demonstração de amor. É normal uma vaia ou outra. Estou impressionado com a força dessa torcida. Tenho certeza absoluta que eles foram decisivos.

Trabalhar no Vasco

- O Vasco é um clube bem diferente de todos os outros com os quais já trabalhou. Quem manda é o presidente. Eu tenho um compromisso com ele. Sei que vocês têm informações, sael algumas notícias, mas em nenhum momento me senti ameaçado. Quem manda é o presidente. Quando cheguei no Vasco, ele era o último colocado. Fizemos um trabalho maravilhoso no ano passado. Sofremos muito, fomos campeões invictos do Carioca.

Thalles

- Quero lembrar de um jogador que cansei de pegar no pé dele. Além de um treinador para o Thalles, fui um amigo e pai para ele, chamando atenção dele. Ele baixou o percentual de gordura dele, aumentou a massa muscular.

Atuação no primeiro e segundo tempo

- A mudança foi fundamental para que isso acontecesse. O Douglas fez o pior primeiro tempo que eu o vi jogar, mas eu sabia do potencial desse jogador e não podia tirá-lo. O potencial que ele tem, até mesmo pela juventude. Conseguimos organizar a equipe. Demos ofensividade com o Eder Luis. Jorge Henrique fez um bom papel, essa função de marcar. Mudou a forma de a equipe jogar. Desde o início dessa semana, foram dias de treinamentos intensos. Encaixamos com o Eder, encaixamos dois gols.

Sensação de alívio

- Alívio total. Imagine aí 300 quilos nas suas costas. Um peso para a comissão técnica, para os jogadores, para o presidente. Não queríamos fazer parte de uma história como essa. É difícil para um time se reerguer. Alívio muito grande. Momento de gratidão aos jogadores. Nunca desistimos deles. É o que falei para eles hoje: o que podemos tirar desse jogo é perseverança. O Vasco não desistiu. Sempre falei que seria difícil.

Chegar na última rodada correndo riscos

- Não tenha dúvida que todos nós não esperávamos isso. A equipe fez um excelente primeiro turno. Tivemos algumas dificuldades. Desde o ano passado, foi muito batida essa questão de nossa equipe ser um time com média de idade alta. Quero deixar bem claro que eu tentei de forma consciente trazer os jovens para o profissional. Procuramos ser bem criteriosos para que não se colocasse a responsabilidade em cima desses atletas mais novos. Thalles decidindo o acesso, vejo o Douglas como um jogador que com certeza absoluta é um jogador para ir para a Europa, se tiver cabeça, se trabalhar. Todo mundo falava para colocar o Alan no lugar do Julio. O Alan entrou muito bem em alguns momentos, mas o Julio foi fundamental em momentos de experiência. Nós conhecemos o dia a dia. Sabemos o que cada jogador pode dar. É inevitável não ouvir os torcedores. Não conseguimos manter o nível de concentração ao longo de todo o campeonato.

Confiança no Eurico

- O Eurico manda no Vasco. Já na minha vida e nas minhas decisões... (risos). Eu tenho um respeito muito grande para o Eurico. Pedi conselhos a ele, e ele foi muito sábio. Ninguém manda além dele. Nunca me senti ameaçado por causa disso. Ele olhava no meu olho e falava que a gente ia continuar. Mesmo com essas vozes perambulando.

Reações da torcida

- Entendemos o torcedor. Paciência tem limite. O Vasco não merece estar na Segunda Divisão. Comigo aqui ou não, o Vasco vai ter sucesso ano que vem. Entendo o torcedor, porque ele sentiu o que a gente sentia. O torcedor às vezes não sabe os problemas internos que temos. Mesmo com essas sombras rodando.

Objetivo alcançado

- Aqui nós sempre falamos que quando a gente perde, perdemos juntos. Eu chego de cabeça erguida porque o maior objetivo foi alcançado. Levamos o Vasco à Primeira Divisão. Sou uma pessoa humilde, reconheço minhas limitações, mas sou muito profissional.

Momento ruim em 2016 foi pior do que o de 2015

- Esse momento foi pior, porque a expectativa que nós tínhamos era muito grande. Esse momento foi extremamente difícil. Todos dizendo que levaríamos com pé nas costas. E eu avisando de que não seria fácil. A gente sofreu pra caramba. Não saíamos de casa. Não é fácil trabalhar com essa pressão toda.



Fonte: GloboEsporte.com