Confira a história da música 'Time da Virada', cantada pela torcida vascaína

Quarta-feira, 21/09/2016 - 11:25
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Em cada ocasião na qual o Vasco precisa superar uma situação adversa, a expressão "Time da Virada" é resgatada. A música entoada pelos torcedores cruz-maltino certamente será berrada em São Januário, nesta quarta-feira, às 21h45 (de Brasília), quando o time enfrentar o Santos pela volta das oitavas de final da Copa do Brasil, precisando vencer por 2 a 0 ou diferença mínima de três gols para se classificar.

O que pouca gente sabe é como surgiu a música. Atual presidente da TOV (Torcida Organizada do Vasco), Jorginho, homônimo do atual treinador, garante que a criação é de um antigo membro do grupo, inspirada no samba da Beija-Flor de 1978 (ouça Neguinho da Beija-Flor cantar as duas versões no vídeo acima). E arrisca lembrar a primeira vez em que fanáticas gargantas cruz-maltinas avisaram que o Vasco é o time da virada, é o time do amor.

- A música é nossa. Foi o Henrique que fez. Mas ele sumiu da torcida, tem mais de 10 anos. Ninguém sabe por onde ele anda. Ele era muito bom nessas músicas, morava em Nova Iguaçu. Foi num jogo contra o Fluminense, que o Vasco virou para 2 a 1 com gol do Bismarck - lembrou o torcedor.

O jogo em questão aconteceu em 29 de maio de 1988. O Vasco perdia para o Fluminense até os 35 minutos do segundo tempo, quando Vivinho e Bismarck garantiram a vitória e o título da Taça Rio - em seguida, o Cruz-Maltino conquistaria o Campeonato Carioca em cima do Flamengo.

Entretanto, o Vasco carregava a fama de especialista em viradas desde muito tempo. Em 1975, uma sequência de resultados conquistados desta maneira fez surgir a expressão "Vascão Vira-Vira". Faltava a trilha sonora.

O refrão imortalizado de Neguinho

A inspiração veio de um samba da Beija-Flor. Em 1978, a escola de Nilópolis conquistou seu terceiro título do Carnaval com "A criação do mundo na tradição nagô". A música, na verdade, foi a junção de duas versões concorrentes. De um lado, ficou a letra de Gilson e Mazinho; do outro, que seria adaptado pela torcida vascaíno, o refrão composto por Neguinho da Beija-Flor.

- Neste ano eu nem ia fazer samba. Minha irmã de criação, chamada Dilsa, falou pra eu fazer. Tinha baile para eu ir em Mesquita, ela insistiu, me deu caneta, papel. Comecei meia-noite, terminei 6h. Tirei um cochilo, gravei no gravador só a voz e entreguei. No dia seguinte 9h, dei a fita cassete para o Joãozinho (Trinta, carnavalesco). O samba chegou na final e juntou com o do Gilson e do Mazinho - contou Neguinho.

Flamenguista roxo, o cantor não se incomoda com o fato de uma de suas principais composições ter sido imortalizada pela torcida do Vasco. Vai além: agradece.

- É especial. Ficou para a história, foi o primeiro tricampeonato. Agradeço ao Vasco por ter imortalizado o samba. De 1978 para cá são 38 anos, e o Vasco não deixou o samba morrer. Como bom flamenguista e fã de futebol, agradeço à torcida do Vasco pela imortalidade.

Embalado pela tradicional música, que ganhou popularidade mesmo nos anos 1990, o Vasco entra em campo nesta quarta-feira para adicionar mais uma virada história à repleta galeria do clube. Jorginho, o torcedor, espera que tudo acabe em samba.

- Vai dar. Estamos sempre confiantes. Se meter um gol logo no começo do jogo, está aberta a porta.

Capa do caderno de esportes do jornal O Globo ressalta virada do Vasco sobre o Fluminense



Fonte: GloboEsporte.com