Ex-Vasco, Willen vira ídolo na Tailândia e fala sobre seu passado vascaíno

Quinta-feira, 08/09/2016 - 12:57
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O feijão é um dos produtos que mais subiu de preço nos últimos meses. Em alguns estados, como Tocantins, era possível achar um pacote de apenas 1kg por até R$15. Um brasileiro, porém, não sentiu os efeitos da crise. Revelado no Vasco, o atacante Willen joga na Tailândia e não sofre com esse problema.

"No mercado tem de tudo, até feijão. Isso já animou o guerreiro. E tá bem mais barato que no Brasil. O feijão aqui não custa nem R$5, é uns R$3,50 convertendo em reais. As coisas são baratas demais e dá para se alimentar bem", contou o jogador do Songklha United, ao ESPN.com.br.

Apesar de não comer nenhuma iguaria muito extravagante, ele adora fazer uma "boquinha" nas ruas. "Aqui tem tanta barraca de lanche que compensa até comer fora. O tempero deles é coisa de louco de boa. Só que tem muita pimenta e vou no simples".

O atleta chegou ao clube por meio de um empresário que apresentou seu currículo e DVD.

"Não me arrependi não, minha família gosta muito. Eu acho interessante é que tem muito respeito. Quando toca o hino do país todo mundo vai para fila na posição. Se você está andando de carro ou de moto na rua, é obrigado a parar até o fim da execução".

Vice-artilheiro da segunda divisão local com 19 gols, o brasileiro virou um dos ídolos da equipe.

"Eu achei engraçadas as dancinha típicas deles. Agora, estou treinando e espero fazer uma no próximo jogo. Pessoal tem me dado moral, dou muito autógrafo na rua e tiro foto".

Willen acredita que o forte investimento realizado nos últimos anos pode fortalecer a liga local. "Futebol aqui é muita correria e está crescendo. Tem vindo muitos jogadores de qualidade para cá. Agora estou aprendendo a falar inglês, mesmo não falando eles brincam e falam comigo".

Além disso, ele curte algumas das mais belas praias do planeta com cenários paradisíacos. "Já fui visitar umas ilhas que são fora do comum de lindas. Quero conhecer mais lugares. Para o turista é sensacional".

PARCEIRO DE COUTINHO NO VASCO

Com apenas 24 anos, Willen Mota Inácio já viveu de tudo um pouco no mundo da bola. Ainda menino, deu os primeiros chutes em uma escolinha chamada Santa Mônica. Em 2003, o garoto foi chamado para fazer um teste no Vasco e terminou aprovado.

Ao lado de Neymar e Phillipe Coutinho, o atacante jogou o Sul-Americano e o Mundial sub 17 pela seleção brasileira. Da equipe canarinho, ele guarda as melhores lembranças.

"Foi um período maravilhoso e servi o Brasil por três anos. Ganhamos títulos importantes e até fiz gols. Com a seleção fui uma vez para o Japão e na folga resolvi comprar uma máquina fotográfica. Quando voltamos, eu esqueci a máquina no aeroporto e me zoaram pra caramba. Eu também viajei para África do Sul e empatamos contra a França do Pogba".

Apesar de ser matador na base do Vasco, ele só fez uma partida pelo time profissional, contra o Duque de Caxias-RJ na Série B de 2009.

"Fui artilheiro de vários torneios e fiquei um pouco triste de não ter oportunidades. Acho que fui bem, entrei no intervalo desse jogo quando o técnico era o Dorival Jr. A concorrência era grande. Depois que trocou a diretoria, tinha muita moral na época do Eurico [Miranda], dificultaram as coisas para mim. Não tiveram paciência comigo. Não só comigo, muitos outros jogadores de qualidade foram mandados embora", lamentou.

"Tive muita cabeça porque depois que subi ao profissional e fiquei umas duas semanas treinando me desceram ao juvenil. Minha família e alguns treinadores me ajudaram muito porque viram que fiquei abalado. Foi uma situação chata. Continuei fazendo meus gols na base e dei a volta por cima".

O atacante chegou a ter uma proposta do Santos, mas o então gerente de futebol Rodrigo Caetano garantiu que ele teria outras chances. Ele renovou contrato, mas as oportunidades não chegaram.

"Fui emprestado para clubes com Portimonense-POR, América-RN e Assyriskana, da Suécia. Fiquei quatro meses sem jogar por causa de documento e isso me atrapalhou. Gostei muito do país, mas foi ruim por causa desse rolo".

Ele ainda passou por Bangu, Capivariano, Avaí e Portuguesa antes de ir para a Tailândia. Mesmo tão longe do Brasil, Willen não esquece o time que defendeu por vários anos. "Acompanho demais o clube e fico feliz que mudou muita coisa. Espero que o time volte logo para a elite e quem sabe um dia eu volte a jogar no Vasco".



Fonte: ESPN.com.br