Conheça a história da Torcida Uniformizada do Vasco, criada em 1954

Segunda-feira, 11/04/2016 - 07:40
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TUV 1954: NASCEU NA ARQUIBANCADA DO MARACANÃ A IDÉIA DA TORCIDA UNIFORMIZADA DO VASCO

Na redação do Diário da Noite, os idealizadores do movimento que está empolgando os torcedores cruzmaltinos.

A Torcida Uniformizada do Vasco se prepara para fazer sua estréia no próximo dia 19, quando os cruzmaltinos realizarão o primeiro clássico do ano, enfrentando o Botafogo.

De acordo com o que temos informados, essa Torcida, que não tem o apelo oficial do Clube e não se organiza somente para dar “casacas” nos dias de vitória, como acontece com determinado grupo, constitui a mais soberba demonstração de vitalidade de uma Torcida, que vibra e sofre com o seu Clube, que acompanha o team nas boas e mas horas, que enfrenta sol e chuva, encontrando na vitória a única recompensa.

A história dessa Torcida, que hoje é um verdadeiro exercito e que tende a aumentar cada vez mais, é interessante e vale a pena ser contada. Para tanto, nos valemos do depoimento dos srs Mário Portugal e Sebastião Gonçalves Carvalho (Tião) da senhora Idalina David Barbosa e sua filha Hilda David Barbosa (que mais se parecem irmãs) e a graciosa Margarida Portugal Lourenço, que vieram a nossa redação para revelar planos.

NASCEU NA ARQUIBANCADA

De acordo com a palavra de Mário Portugal e Margarida Portugal, a Torcida Organizada nasceu na arquibancada do Maracanã:

“No intervalo do jogo Vasco 3 x 3 Hibernian (ESC), pelo Torneio Octogonal (Rivadavia Corrêa Meyer) do ano passado, enquanto estávamos no bar, eu, Margarida, D. Idalina, Hilda, Tião e outras pessoas tivemos a ideia de organizar um Torcida Uniformizada, com o objetivo de estimular ainda mais o nosso team.

A ideia foi acolhida com entusiamo e no segundo jogo do Vasco no campeonato do Rio, em Niterói, lá estávamos em número de vinte, em grande forma”.

Indagamos de Mário detalhes sobre a aquisição de barca, etc, tendo ele esclarecido:

“cada qual pagou sua passagem e sua entrada, mediante um rateio. Naquele dia não levamos painel e fomos sem uniforme, somente levando uma bandeira de 5 metros por 3 e meio.”

CRESCE A TORCIDA

Prosseguem Mário e Margarida nas suas declarações, sempre com um aparte de D. Idalina e sua filha Hilda.

“Daí por diante, o nosso bloco foi aumentando, com a adesão de outros torcedores Vascaínos como nós. E cada vez se fortalecia nossa união, sendo que estávamos em todos os campos, chovesse ou fizesse sol e não deixávamos de estimular nosso team, fosse qual fosse o rumo do jogo e o resultado. Por sinal que, no ano passado não fomos tão felizes como noutros anos, mas nem por isso desanimamos. E creio que, por isto, devido a nossa perseverança e nosso sadio entusiasmo e que a Torcida, foi aumentando, para se constituir hoje, numa força indiscutível.

Indagamos como tinha surgido a ideia das faixas e dos painéis e veio a explicação:

“No ano passado, quando o Vasco foi jogar contra o Olaria e a campanha da imprensa rubro negra contra Flávio estava no auge, apareceu uma caixa com dizeres relativos ao assunto. A faixa não era nossa, mas contou com a nossa aprovação, pois eram outros Vascaínos que, como nós, desaprovavam a guerra fria que se movia injustamente contra o nosso técnico. Daí por diante, começamos a fazer painéis.

Um deles tinha a seguinte frase: “Felicidade seu nome é Vasco”, que é de autoria de Margarida (na verdade do jogador Mirim). Outros painéis serão feitos, e outras frases serão redigidas, conforme a época e a oportunidade. Domingo passado, por exemplo, apresentamos duas, contendo Parabéns a Flávio, pelos seus vinte anos de Técnico.

VASCAÍNOS NA VITÓRIA E NA DERROTA

Indagamos de Mário Portugal, que é lutador de jiu-jutsu e tem desembaraço para falar se a Torcia tinha a “brigada de choque”, para prevenir qualquer incidente.

“Não. Naturalmente que, entre os componentes, há rapazes dispostos, mas nossa missão é de paz e desejamos apenas estimular nosso team, sem ofender o adversário. Afinal, pode haver duelo entre torcedores sem ofensas recíprocas, pois que então o esporte deixa de ser esporte.”

Que vocês farão nos dias de derrota?

Margarida toma a palavra para dizer.

“Temos espírito esportivo e nessas condições, não vamos a campo unicamente para torcer pela vitória. Tanto que vamos mandar fazer um painel que usaremos no dia de derrota, com os seguintes dizeres: “Somos Vascaínos na vitória e na derrota”

Logo depois, como um dos integrantes da comissão promotora da Torcida Uniformizada chegou o Sr Domingos Ramalho.

PATRONO ALVARO FERREIRA RAMOS

Voltando ao fio da meada, Mário Portugal e Margarida Portugal contaram que, no ano passado, quando recorreram ao auxilio de dirigentes e paredros do Vasco, somente foram atendidos pelo então Vice Presidente Social Alvaro Ramos, que colaborou de maneira efetiva e brilhante.

“De tal forma foi essa colaboração, disseram, que nó da Torcida Uniformizada, por uma questão de gratidão e reconhecimento, resolvemos convidar o Sr Alvaro Ramos para nosso patrono e na nossa Sede provisória, a Rua Frei Caneca 332, vamos inaugurar brevemente o seu retrato, numa solenidade que contará com a presença de todos os integrantes do nosso grupo. Queremos esclarecer que a nossa Torcida não tem Chefe, mas nós constituímos uma comissão diretora, para umas determinadas providencias e decidimos que o Sr Alvaro Ramos seria o nosso patrono, como lhe prestamos pelo muito que ele tem feito.”

Tendo vindo a nossa redação, o Sr Alvaro Ramos confirmou ter aceito o convite, esclarecendo.

“De fato no ano passado, tendo sido solicitado por esses rapazes e moças, a colaborar com o movimento, não me neguei a atende-los, pois vi que se tratava de um movimento espontâneo e sincero, sem qualquer objetivo de agradar aos dirigentes eventuais do Clube, como acontece com outros Chefes de Torcida. Ademais tratando-se do Vasco, e o que depender de mim, não pouparei esforços. Quanto ao convite que recebi, para patrono da Torcida Uniformizada, aceitei-o prazeirosamente, pois que meu desejo é colaborar sempre com o Vasco, em qualquer situação e de qualquer maneira.

ADESÃO EM MASSA

As camisas estão sendo confeccionadas pela comissão promotora e podem ser adquiridas com o Sr Mario ou senhorita Margarida. A Rua Frei Caneca 332, sendo que ,conforme nos foi relatado, as adesões tem se registrado em forma cada vez mais crescentes.

Fonte: Jornal Diário da Noite 11 de Setembro de 1954






Fonte: Blog Torcidas do Vasco