Reforços 'inflaram' folha salarial do Vasco nos últimos meses

Quarta-feira, 09/09/2015 - 08:22
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Quanto custa evitar um rebaixamento? Qual o número de contratações ideal? Até quando contratar? O Vasco parece procurar o limite de cada resposta no desespero de evitar a terceira queda para a Segunda Divisão em oito anos. Entre as mais de 30 contratações da temporada, um terço delas veio nos últimos três meses - e a custo nada modesto. A folha salarial, que até o fim do Carioca não chegava a R$ 2,5 milhões, hoje ultrapassa R$ 3,5 milhões - com acréscimos recentes de R$ 1,2 milhão de contratações mais recentes.

Em condições desfavoráveis para ir ao mercado - apertado pela pressão da zona da degola, status vascaíno desde a quarta rodada da competição, e com poucas opções de qualidade disponíveis -, o Vasco teve em Nenê, em termos salariais, a sua contratação mais cara. Disputado por Santos e Cruzeiro, o Vasco fechou com o jogador por cerca de R$ 300 mil. Num patamar abaixo, Jorge Henrique - que recebe mais de R$ 200 mil -, Andrezinho e Herrera - os dois, somados, beiram R$ 300 mil - também inflacionaram a folha salarial vascaína.

O mais novo reforço, o lateral-esquerdo Bruno Teles, chega para ganhar R$ 150 mil - divididos entre salários e direitos de imagem. O Vasco tem certo alívio em não pagar integralmente alguns salários mais altos, como do colombiano Riascos, emprestado pelo Cruzeiro, que recebe do clube carioca R$ 100 mil, ou de Seymour. Leandrão também não saiu barato. Dirigentes do Brasil de Pelotas confirmaram a informação do GloboEsporte.com de que o atacante de 32 anos vai receber pouco menos de R$ 100 mil. Nesta soma ainda entram nomes como o zagueiro João Carlos e o meia Bruno Gallo, com vencimentos que somam, juntos, pouco mais de R$ 100 mil.

A escalada de contratações, evidentemente, faz efeito na folha mensal do clube. Nos últimos três meses, a diretoria teve dificuldade em honrar seus compromissos. O mês de julho ainda não está totalmente quitado - os jogadores receberam no dia 20 de agosto, 10 dias após o prazo estabelecido pela diretoria no início do ano. Um grupo de funcionários que ganha menos recebeu na semana passada. Nesa terça-feira, receberam aqueles da faixa intermediária. O “último degrau” de funcionários, antes do patamar de jogadores, porém, ainda aguarda o pagamento.

Setembro foi o primeiro mês de pagamento da parcela do Profut - a Medida Provisória do futebol aprovada em Brasília e sancionada pela presidente Dilma Roussef -, que aliviou consideravelmente as despesas do clube. O Vasco ainda não recebeu os cerca de R$ 800 mil do patrocínio da Guaraviton e nem a segunda parcela da Caixa Econômica Federal - de mais de R$ 4 milhões. A diretoria faz a prestação de contas junto ao banco estatal e providencia os trâmites burocráticos - que inclui suspender parcelamentos antigos de outras negociações com o governo - para renovar as certidões negativas de débito.

Ao longo do ano, o discurso em São Januário era de “remédios amargos”, expressão usada pelo presidente Eurico Miranda na posse em dezembro do ano passado, e de responsabilidade nas contratações. Havia um teto salarial de R$ 150 mil, que aos poucos foi caindo após o início do Brasileiro.

- Eu não sei porque sou obrigado a responder sempre a mesma pergunta. Eu já disse que tendo oportunidade, se enquadrando dentro da política que a gente tem, o Vasco está sempre aberto. Não há essa história (de grupo) que está fechado, não tem que encerrar (contratações). Enquanto tivermos condição de reforçar, vamos fazer, mas sempre dentro da realidade. Não a nossa, mas de quem quer fazer futebol com responsabilidade - dizia Eurico, na apresentação de Riascos, no fim de maio.

Há pouco mais de um mês, no início de agosto, Eurico anunciou que contrataria auditoria para conhecer o tamanho da dívida do clube. Entre ataques à gestão Roberto Dinamite, o presidente justificou a falta de contratações devido aos “diversos acordos cíveis” realizados, referentes à administração que sucedeu.

- Hoje a gente paga mais de R$ 600 mil todo mês só de acordos cíveis novos que a gente tem feito. Isso não é justificativa, mas é demonstração de que.... quando me perguntar de contratação. Eu digo: como se paga? Quando passam para mim, pergunto: como se paga? Este é o maior problema - afirmava Eurico, dias antes do Vasco anunciar as chegadas de Nenê, Jorge Henrique e Seymour.

Na última apresentação de reforços em que esteve presente na sala de imprensa do Vasco, Eurico afirmava que o ciclo de contratações, enfim, estava encerrado. Mas a pressão pela chegada de novos atletas, internamente, ainda era grande. E o Vasco ainda contratou João Carlos e Leandrão, só não fechando ainda com Emanuelson por falta de acerto no final das transações. Agora, com Bruno Telles, o Vasco tem apenas até a próxima terça-feira para inscrever novos jogadores.

Fonte: GloboEsporte.com