Pesquisa aponta que 71% das torcidas organizadas aprovam Novo Maracanã, mas 66% dizem que estádio é pior para a festa

Segunda-feira, 10/08/2015 - 06:39
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Criticado por promover a gourmetização do futebol, o Novo Maracanã tem aprovação de 71% dos torcedores organizados do Rio. Apesar disso, 66% dos uniformizados cariocas ouvidos na pesquisa “Mapeando as torcidas organizadas”, da Fundação Getúlio Vargas, concordam que a reforma foi pior para a festa no estádio. Entre os paulistas, 49% consideram as novas arenas piores para torcer, mas 62% têm algum grau de satisfação com elas.

Entre os 426 entrevistados no Maracanã e em São Januário, estão integrantes de torcidas organizadas de Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco. Na capital paulista, foram 612 entrevistados de uniformizadas de Corinthians, Juventus, Palmeiras, Portuguesa, Santos e São Paulo, no estádios Pacaembu, Itaquerão, Vila Belmiro, Morumbi, Arena do Palmeiras, Rua Javari e Canindé.

Em São Paulo, os principais empecilhos para as torcidas organizadas são os valores altos dos ingressos (60%), seguidos das punições impostas às uniformizadas (29%) e da arquitetura das novas arenas (9%). Mesmo assim, 27% estão satisfeitos com os estádios construídos para a Copa de 2014, e 8%, muito satisfeitos. Os pouco satisfeitos são 19%; os insatisfeitos, 32%; e os indiferentes, 13%.

Já no Rio, a avaliação da infraestrutura do Maracanã para a Copa foi de muito boa para 28% dos entrevistados; boa para 43%; regular para 21%; ruim para 5%; e péssima 3%. No entanto, sem a geral e com a capacidade reduzida, os rolos de papel higiênico já não voam mais por entre as cortinas de fumaças coloridas. Na percepção de Jimmy Medeiros, pesquisador da FGV/CPDOC responsável pela análise comparativa, esses são alguns dos motivos que levaram 50% dos entrevistados a dizer que o Maracanã piorou muito para a festa da torcida, e outros 16% a considerar que piorou muito.

- O estádio melhora, está tudo novo. O grau de satisfação realmente é alto. Mas quando se pensa naquele equipamento para torcida, diminui o espaço para colocar faixa, lugar marcado. Vários torcedores vão até o estádio, mas não entram. São percepções muito semelhantes no Rio e em São Paulo. O valor alto do ingresso é predominante para todos os grupos. Isso tem tirado boa parte da torcida da arquibancada - avalia Medeiros.

Coordenador do estudo, o professor doutor da FVG/CPDOI Bernardo Buarque de Hollanda diz que as novas arenas não estão preparadas para receber as torcidas organizadas. Para ilustrar, ele cita o exemplo da briga generalizada envolvendo torcedores do Fortaleza e do Ceará, que invadiram o campo da Arena Castelão durante a final do Campeonato Cearense, em maio.

- Tivemos mudança de estádio com paradigma da Copa, e agora as brigas voltaram para dentro do estádio. No caso de Fortaleza, era uma final em que as uniformizadas estavam proibidas de entrar, pois já havia ocorrido um confronto na inauguração da arena. Na final, eles não estavam formalmente presentes, mas estavam no estádio sem identificação da torcida organizada. Proibição e repressão apenas não resolvem. Aconteceram brigas por desconhecimento e por erros do novo espaço. Simplesmente colocar um novo espaço não adianta.

Fonte: O Globo Online