Saiba por onde anda Ramon, que fez dupla com Dinamite e brilhou no Vasco na década de 70

Sábado, 28/03/2015 - 06:32
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O coração do ex-atacante Ramon Ramos palpita até hoje por duas grandes paixões: o Santa Cruz, clube que o revelou para o futebol nos anos 1970 e onde é o terceiro maior artilheiro da história, com 148 gols em 377 jogos, e o Vasco, onde, vestindo a camisa 11, o ponta-esquerda, com apetite de goleador, viveu o auge da carreira. Até hoje o torcedor cruzmaltino não esquece do timaço de 1977. Ramon era o pavio que fazia Roberto Dinamite explodir na bela campanha que culminou na conquista do Campeonato Carioca. Lembranças que ficam ainda mais vivas em dia de clássico com o rival Flamengo, do qual Ramon sempre foi carrasco.

“Em 1975, na melhor campanha da história do Santa Cruz em Brasileiros, vencemos o Flamengo por três a um, no Maracanã, com dois gols meus. Em 1977, também saí vencedor. Tinha acabado de chegar à Colina e Deus me ajudou. Foi três a zero e participei de dois gols. Depois desse jogo, me firmei como titular”, relembra. Ele aposta em vitória do Vasco neste domingo, no clássico com o Flamengo.

“Minhas filhas são vascaínas, vamos ver o jogo pela TV e, com certeza, ganhar”, diz Ramon, que há dez anos é presidente do Sindicato dos Atletas Profissionais de Pernambuco.

Três décadas após encerrar a carreira, o jogo contra o eterno rival reaviva fortes emoções e faz Ramon mergulhar no passado. Foi em um campinho de terra batida, cercado por imensos canaviais, na distante Usina Trapiche, em Sirinhaém, a 60km de Recife, que ele deu os primeiros chutes na bola. Debaixo de sol ou de chuva, não havia quem o impedisse de partir com fúria em direção ao gol. Fora de campo, ainda sobrava fôlego para tocar piston e trompa na Lira, bandinha da cidade natal. Mas não era a música sua maior paixão.

Uma mentira pelo sonho

Aos 17 anos, o garoto tomou a decisão que mudaria sua vida: pediu ao pai para deixá-lo fazer testes no Santa Cruz. Seu Amaro permitiu, desde que o filho tivesse um acompanhante em Recife. O amigo João Paulino se incumbiu da missão, mas no dia da viagem não apareceu. Na encruzilhada do destino, Ramon mentiu para os pais e disse que o amigo já havia entrado no ônibus. Assim, o garoto chegava ao Arruda para fazer história.

Logo no primeiro treino, do juvenil contra o profissional, fez um gol em cinco minutos. Quando saiu de campo, o contrato estava redigido para ser assinado. Um de seus melhores momentos foi no Brasileiro de 1973, quando foi artilheiro do campeonato, com 21 gols.

“Disputei gol a gol com Pelé, que fez 19, e o Leivinha, com 20, e ganhei. Eu me orgulho muito disso”, revela Ramon, que fez jus ao apelido que ganhou à época, Furacão.

Outra grande fase foi em 1975, quando o time coral foi quarto colocado no Brasileiro. A temporada foi tão boa, que Ramon foi contratado pelo Internacional. Mas não se adaptou ao futebol gaúcho e foi emprestado ao Sport. Logo na estreia, um batismo de fogo.

“O primeiro jogo foi justamente contra o Santa e eu marquei o único gol. Meu coração doeu, tanto que me puni e fiquei 14 jogos sem marcar”, brinca.

O jejum o deixou inseguro e ele não acreditou quando o Vasco, meses depois, o contratou: “Quando o supervisor me ligou, achei que era brincadeira, pois tinha um companheiro que vivia passando trote. Desliguei e fui deitar. Passou um tempo e bateram na minha porta. Era o supervisor.”

No mesmo dia, Ramon foi para o Rio, onde muita gente o esperava no aeroporto: “Dois dias depois fiz quatro gols no treino. Estava motivado. Eu me entendia com o Roberto. Com o tempo, a imprensa passou a dizer que eu era o pavio que acendia a dinamite.”

A parceria durou até 1979, quando Ramon foi para o Goiás - jogou ainda por Ceará e Ferroviário, até encerrar a carreira, aos 35 anos, no Brasília. Depois tentou ser treinador, trabalhou na base do Santinha, onde lapidou jogadores como Rivaldo, até chegar ao comando do Sindicato dos Atletas.

Hoje, quando não está defendendo os interesses da categoria, é visto na Praia da Boa Viagem, onde mora, ensinando os segredos da bola ao mais novo herdeiro. Aos 65 anos, ele é só chamego com o filho Willians Ramon, de 2 anos: “Tenho cinco filhos e estou no quarto casamento. Como ex-jogador, posso dizer que o meu filho puxou o pai. Coloca aí, vai ser goleador.”

Fonte: O Dia



Fonte: O Dia