Everton Costa fala da paixão pelo Vasco e sonho em trabalhar no clube

Terça-feira, 03/03/2015 - 16:14
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A confortável casa em que reside na cidade de Charqueadas (RS) é estratégica: a localização tem certa proximidade com as sedes de três clubes gaúchos pelos quais guarda boas recordações da carreira: Internacional, Grêmio e Caxias do Sul. É lá que Everton Costa busca forças, ao lado da família, para reiniciar a vida e tomar novo rumo profissional, desde que foi obrigado a abandonar o futebol. Mas o coração do ex-atacante está distante dali: bate forte pelo Vasco. O que parecia ser apenas uma paixão de verão - como se poderia classificar o relacionamento de apenas 4 meses, período pelo qual envergou a camisa cruzmaltina -, transformou-se num caso de amor pelo clube carioca.

- Fui muito bem recebido pela torcida vascaína, o carinho dela marcou minha passagem, e eu me identifiquei com o clube. Pretendo fazer cursos ligados ao futebol, para quem sabe um dia trabalhar no Vasco. Vou me mudar para o Rio de Janeiro e me preparar para isso, e assim poder acrescentar com minha experiência de uma década como profissional - planeja Everton, que chegou ao Vasco em 9 de janeiro do ano passado.

Pouco depois do anúncio do fim de sua carreira, ele foi homenageado pelos jogadores do Vasco, que entraram em campo empunhando cada qual uma camisa número 17, nas quais estava escrito ‘Força Everton’. Em sua primeira entrevista sobre o caso, concedida ao SporTV na sexta-feira passada (assista no vídeo abaixo), o ex-jogador disse que gostaria de receber ainda outra homenagem, desta vez com sua presença em São Januário, assim como fez o Caxias recentemente em seu estádio.

Pelo Vasco, foram 10 partidas e um gol apenas, mas suficientes para criar esse laço de afetividade recíproco. Na final do Campeonato Carioca contra o Flamengo, ele ficou fora, por ter sido expulso na primeira partida da decisão (1 a 1).

– Ah, como eu queria estar naquele jogo -, diz, em tom de lamento. O título ficou com o rival, em gol irregular de Márcio Araújo no último minuto.

A esposa, Neiva, tatuou no antebraço a Cruz de Malta com a data de 16 de abril de 2014, dia em que o marido passou mal durante a partida entre Vasco x Resende, pela Copa do Brasil, e nunca mais voltou a atuar.

- Foi o dia em que ele foi ressuscitado. Para mim, é o dia do renascimento dele. Os médicos do Vasco disseram que o Everton chegou a ter morte súbita, mas acabou salvo com o choque do desfibrilador na ambulância - conta Neiva.

- O que vivi ali em São Januário é incrível. Morrer e viver, isso é muito forte. A minha última lembrança de voar em campo será essa - complementa Everton.

Com o diagnóstico de miocardite (inflamação do miocárdio), foi realizada uma cirurgia para a implantação de um desfibrilador no coração, no dia 11 de junho. Somente após esse procedimento, surgiu a informação de que quando jogava no Santos, em 2013, um exame de Everton realizado pelo clube deu positivo para a doença de Chagas.

O paciente não foi informado pelos médicos do Santos sobre o resultado do exame. O chefe da comissão médica do clube paulista era na ocasião – e ainda é – o ortopedista Rodrigo Kallas Zogaib, que manteve em sigilo o diagnóstico. Portanto, no ano seguinte, Everton Costa fora acometido pelo mal súbito – em que sofrera desmaio e convulsão – e teve implantado no coração o desfibrilador sem a informação de que era portador da doença de Chagas. Que, em fase de evolução, pode causar aumento do coração e até levar a óbito.

– Todos os médicos que consultei depois disso me disseram que eu tinha o direito de saber sobre o exame, e isso poderia ter evitado muita coisa. Quem sabe com um tratamento, mesmo sabendo que a doença de Chagas não tem cura, mas pode estacionar, eu poderia ainda continuar jogando -, acredita.

Em razão do uso do desfibrilador, os médicos do Coritiba (clube para o qual o jogador retornou em janeiro desse ano, após fim do empréstimo do Vasco), aconselharam Everton a abandonar o futebol. Seria temerário jogar com o aparelho implantado, já que não poderia sofrer pancadas no local.

Por um ano, continuará recebendo salários do clube paranaense, que tem lhe dado toda a assistência.

- Também sou muito grato ao Coxa -, faz questão de ressaltar o agora aposentado Everton, aos 29 anos, paulista, natural de Taboão da Serra (o Wikipédia informa equivocadamente que nascera em Ponta Grossa/PR). O futuro, ainda incerto, não perde por lhe esperar. Convites já começaram a surgir, como o do seu agente, Jorge Machado, para trabalhar em seu escritório.

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Fonte: Blog Ponta de Lança - GloboEsporte.com