Natação Paralímpica: Vídeo de Camille Rodrigues sambando na Beija-Flor faz sucesso na internet

Terça-feira, 10/02/2015 - 16:37
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Em meio aos ritmistas, o gingado é de fazer inveja. Basta a percussão indicar a cadência para Camille Rodrigues mostrar que não é apenas com braçadas na piscina que ela passa seu recado. Ao seguir a paixão da família pelo Carnaval e pela dança, a atleta do Vasco da Gama e da seleção brasileira de natação transformou o samba no pé – e na prótese – em uma poderosa ferramenta de inclusão. Através de vídeos postados nas redes sociais, a nadadora tornou-se um exemplo para desconhecidos mundo afora e tornou-se um fenômeno de popularidade e audiência na internet.

Camille começou a dançar ainda criança, sempre em companhia das primas. A vontade de repetir as coreografias e executar todos os passos logo superou qualquer limitação que a prótese na perna direita impusesse aos movimentos, e a atividade tornou-se um hobby na vida da fluminense. A paixão do pai pela Beija-Flor, escola do município de Nilópolis, fez com que o samba rapidamente alcançasse o status de ritmo preferido. Na adolescência, quando a nadadora participou de um grupo artístico, o hip-hop até ganhou espaço, mas jamais ameaçou a soberania do ritmo carioca.

- Meu pai sempre foi muito louco pela Beija-Flor. A gente viajava sempre no Carnaval, mas assistia aos desfile e depois à apuração para torcermos juntos. Cresci com essa fissuração dele e acabei me apaixonando. Sambo desde bem pequena, fui arrumando meu jeito de aprender com a prótese e, quando vi, já estava sambando. Meu amor pelo Carnaval só cresceu, e até hoje é o tipo de música de que mais gosto mesmo para dançar – disse a atleta, que amputou a perna ainda na infância devido a uma má formação congênita e começou a nadar aos quatro anos por recomendação médica.

Foram justamente as performances ao som de sambas-enredo da Beija-Flor que tornaram Camille popular nas redes sociais. Na primeira vez que postou um vídeo dançando o ritmo, a nadadora pulou de 7 mil para 30 mil seguidores.

No ano passado, o sucesso de outra publicação foi tanto que rendeu um convite para conhecer a quadra da escola em Nilópolis. Lá, a atleta do Vasco sambou no palco ao lado da Rainha de Bateria Raíssa, posou ao lado do puxador Neguinho da Beija-Flor e de outras personalidades da agremiação. Hoje a página oficial de Camille no Facebook tem mais de 105 mil curtidas.

- O vídeo sambando foi o primeiro a bombar, e desde então comecei a colocar mais coisas da minha vida. As pessoas começaram a pedir para postar vídeos dançando, andando de bicicleta, fazendo coisas que elas achavam que não daria para fazer por causa da prótese. Muita gente me procura dizendo que não samba, pede dica e fala que vai tentar. E principalmente muitas meninas que antes só andavam de calça comprida agora usam short em público e veem que é algo normal. Sinto uma alegria inexplicável quando sei que meus vídeos e meu exemplo fizeram essa diferença.

A nadadora-sambista até tem uma prótese adaptada para o uso de salto alto, mas para dançar sente-se mais confortável com um par de tênis. Neste Carnaval, porém, usará também uma bota rasteira para compor a fantasia de musa da bateria de um bloco em sua cidade natal, Santo Antônio de Pádua, no interior do Rio de Janeiro. Apesar da experiência de ter desfilado por dois anos na Sapucaí como passista da escola Embaixadores da Alegria, voltada para portadores de necessidades especiais e que tradicionalmente abre o Desfile das Campeãs no Rio, Camille prefere a folia das ruas do interior.

- No Rio tem muito tumulto e acabei curtindo um pouco menos do que poderia. Gosto mesmo é do Carnaval na minha cidade, que não é tão lotado e fica bem mais confortável para sambar, pular e se divertir. Tem bloco de manhã, de tarde e de noite, e posso dançar direto. No dia seguinte às vezes até fico dolorida pelo esforço, mas ali na emoção da festa e da dança nem sinto o cansaço.

Atleta também da seleção brasileira, Camille terá como principais desafios da temporada o Mundial de natação de Glasgow, na Escócia, em julho, e os Jogos Parapan-Americanos de Toronto, em agosto. Na edição de 2011 da competição continental, realizada em Guadalajara, a nadadora vascaína conquistou quatro medalhas para o país.



Fonte: GloboEsporte.com