Doze FC, clube do ES com proposta inovadora de 'crowdmanaging', foi fundado por torcedor vascaíno

Segunda-feira, 19/01/2015 - 13:45
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Abrir o jornal e ler em desespero oficial a venda do melhor jogador da equipa. Consultar o Maisfutebol e confirmar a contratação de um médio de valor mais do que duvidoso. Seguir um jogo AO MINUTO e verberar com toda a fúria as opções do treinador.

Em resumo: a impotência de quem se sente incapaz de intervir.

No Brasil há uma solução para quem padece destes males. Chama-se Doze Futebol Clube, é um projeto fundado por Israel Levy – um torcedor frustradíssimo do Vasco da Gama – e tem estreia oficial marcada para o dia 28 de fevereiro, na Série B do campeonato estadual do Espírito Santo.

Ora, e o que propõe o Doze FC? Um novíssimo modelo de gestão. Em 2007 o Ebbsfleet United tentou algo parecido em Inglaterra, mas o emblema brasileiro vai muito mais longe.

Levy, fundador e gestor do projeto, divide o plano da participação e influência dos adeptos (são já mais de cinco mil!) em três vetores: crowdsourcing (planeamento e sugestões), crowdfunding (participação financeira) e crowdmanaging (decisões relativas à equipa de futebol).

«A multidão deve ter o poder. No Doze FC as decisões serão tomadas sempre após consulta popular. Para isso temos o nosso site oficial e página do clube no Facebook», explica Israel Levy ao Maisfutebol.

Será o Doze uma espécie de Football Manager do mundo real? «Não, isso é para meninos, isto é para adeptos responsáveis».

Irineu (ex-Sp. Braga e Académica) é um dos reforços

O criador do Doze FC – cujo site foi lançado no dia 12, do mês 12, às 12 horas – tem uma frase, um lema, a resumir tudo aquilo a que se propõe: «Porque um grupo é mais esperto do que o mais esperto do grupo».

A ideia, já se percebeu, é muito bonita. Mas, na prática, como é que os fãs conseguem influenciar a formação do plantel, a escolha do treinador, a tática e tudo o que envolve a preparação de uma equipa de futebol?

«As pessoas querem ser ouvidas e vamos passar toda a informação possível para que isso suceda. Vamos expor tudo, respeitar as votações e dar ordem a este projeto».

No dia 31 de janeiro, Israel Levy e restantes colaboradores vão tornar pública a escolha sobre o equipamento do clube, mas até lá pretendem ter o plantel completo.

Para isso, o Doze FC insistiu no vanguardismo. Fez, no fundo, captações virtuais. Os candidatos foram desafiados a enviar um vídeo de dois minutos para o clube e a responder à questão «Por que é que você merece jogar no Doze?»

O Maisfutebol deixa só um exemplo, de entre as dezenas que encontrou:



Todos os adeptos inscritos no site do clube votaram para a escolha dos cinco eleitos. Voz para a maioria, sempre.

As implicações do futebol profissional obrigam, porém, a medir bem o nível de romantismo. Por isso, algumas das contratações chegam sobre a chancela dos responsáveis-mor. Um dos reforços, aliás, até passou por Portugal.

Irineu, agora com 31 anos, jogou no Sp. Braga (2006/07) e na Académica (2007/08).

«O Doze FC vai ser um ‘Big Brother’ do futebol. Os adeptos acompanham e decidem tudo de perto. Confesso que fiquei desconfiado quando soube do projeto, mas conversei com os diretores e convenci-me de que é algo inovador. Tem tudo para dar certo», disse Irineu, depois de confirmar a transferência do América para o jovem emblema de Espírito Santo.

«Já joguei em muitos clubes que não cumpriam o prometido. Os adeptos e a comunicação social não sabiam o que se passava e os jogadores pagavam de forma injusta a fatura. O Doze FC vai expor tudo e não vai deixar as decisões na mão de uma pessoa só».

Outro homem com ligação a Portugal é Carlos Germano. O histórico guarda-redes do Vasco esteve no Penafiel durante a temporada 2005/06 e agora é o treinador adjunto do Doze FC. O principal é Sorato, antigo avançado do emblema cruzmaltino.

Apresentado o projeto, o nosso jornal quis despedir-se da forma obrigatória: até onde pode ir desportivamente o Doze FC? A resposta, carregada de ambição, aponta à Série A do Brasileirão em 2020.

«Vamos procurar o título na Série B do Capixaba (região do Espírito Santo) em 2015 e o da Série A em 2016. Se isso suceder, disputaremos a Série D Nacional em 2017. Queremos ascender à elite em 2020. É difícil? É, mas não impossível. O nosso projeto é desafiador».




Fonte: Mais Futebol