Junta de transição avalia e não garante recadastramento no Vasco

Quinta-feira, 14/08/2014 - 15:55
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As principais missões da junta de transição que assumirá o Vasco a partir do dia 19, data do fim do mandato de Roberto Dinamite que não foi prorrogado na noite de quarta-feira em decisão do Conselho Deliberativo, são evitar turbulências no dia a dia do clube, amenizar o ambiente político, e garantir uma eleição tranquila em 11 de novembro. E já existem duas questões em pauta: o recadastramento de sócios, colocado em xeque pelos dois grupos representados na junta, e a admissão de mais um membro que seja parte da atual diretoria administrativa.

O grupo que estará no leme da nau cruz-maltina até o pleito tem quatro integrantes: Silvio Godoi e Eduardo Rebuzzi são ligados a Eurico Miranda, enquanto Jorge Luiz Morais e Alcídes Martins são partidários de Roberto Monteiro. O advogado do clube Marcelo Macedo, porém, entrará com ação na Justiça até esta sexta-feira para garantir a prorrogação do mandato de Dinamite. Para ele, a formação da junta vai de encontro ao estatuto.

De acordo com Macedo, o Conselho Deliberativo, no momento em que decidiu pela não prorrogação dos mandatos, também fez com que os próprios conselheiros eleitos perdessem a legitimidade para decisões. Ele enxerga hoje um Vasco sem Deliberativo, Conselho Fiscal ou Assembleia Geral até a posse da nova gestão no fim do ano, o que considera "inacreditável". O presidente da Assembleia Geral, Olavo Monteiro de Carvalho, renunciou logo após a decisão de que não seriam prorrogados os mandatos da diretoria. Macedo pedirá na Justiça que a junta seja considerada ilegal.

- A junta é completamente ilegítima, por vários motivos. Primeiro que o próprio Deliberativo ao encerrar sua função não prorrogando os mandatos, não poderia nem criar uma junta, não tinha mais mandato. Fora o conflito de interesses que é uma coisa de proporções inimagináveis, colocar para presidir agora duas pessoas indicadas pelo Eurico Miranda e duas pelo Roberto Monteiro, que são os dois candidatos que estão concorrendo, se opuseram ao adiamento da eleição e que se insurgem frontalmente à limpeza dos cadastros, principalmente os três mil sócios que ingressaram em março e abril. É um negócio inacreditável. Para atender aos seus desejos pessoais, rasgaram o estatuto, colocaram a história do clube em risco, porque o Dinamite é história do clube e foi colocado para fora. O natural é a extensão dos mandatos. Colocar para presidir o clube partes ilegítimas que não foram conduzidas ao cargo em Assembleia Geral é grave - disparou o advogado.

Rodrigo Caetano pode sair

No futebol, os efeitos da crise são incertos. Ainda durante a reunião depois da derrota política do presidente Roberto Dinamite e antes da diretoria de transição ser definida, o vice de futebol Ercolino de Luca comentava com conselheiros que o diretor de futebol Rodrigo Caetano deve entregar o cargo na próxima terça-feira. O GloboEsporte.com apurou que a decisão ainda não está tomada pelo diretor que, contudo, está bastante apreensivo com a nova configuração política. Outros, como o diretor geral Cristiano Koehler, também podem deixar o clube até o dia 18, data do fim do mandato de Dinamite.

Por ora, apesar das contestações, a junta está mantida, e o atual vice-presidente Antônio Peralta é um dos cotados para integrar o grupo. Ele já teve passagens em gestões anteriores à de Dinamite e tem bom trânsito em todas as correntes. Godoi afirma que é o seu nome preferido, mas não há acordo ainda sobre o tema, tampouco Peralta foi consultado. Morais diz que Peralta não esteve na reunião do Deliberativo e que nenhum membro da diretoria se mostrou propenso a aceitar entrar para a junta quando esta proposta foi colocada. Ele disse não ter nenhuma restrição ao nome.

Os dois membros consultados de fato colocam em xeque o recadastramento anunciado na véspera da decisão do conselho de não prorrogar o mandato de Dinamite. Na terça-feira, o presidente, ao lado de Olavo Monteiro de Carvalho, que renunciou à presidência da Assembleia Geral após o resultado da reunião de quarta, e do seu vice jurídico, Roberto Duque Estrada, anunciou o recadastramento dos sócios do Vasco, deixando clara a preocupação com a adesão em massa ocorrida no início do ano passado. O grupo de Eurico e outros contestavam os sócios que entraram no "Vasco é meu" nas eleições de 2011.

De acordo com os membros da junta, as informações sobre supostas irregularidades são irreais e Godoi afirma não ter conhecimento de que esses sócios não estão pagando mensalidades. Duque Estrada, na terça, disse não ter números exatos, mas que se trabalharia em um universo bem menor de sócios ao serem verificados quantos continuaram pagando regularmente as taxas do clube.

- O que foi alinhado já nessa madrugada é que temos um objetivo que vai pautar esse período: viabilizar uma eleição sem traumas. Vamos avaliar se há condição de realizar o recadastramento. O problema não reside apenas nesses sócios que estão sendo classificados dessa maneira, o cadastro de sócios do clube já há muito tempo precisava ter sido atualizado. A partir do momento que a gente assuma efetivamente como junta, vamos avaliar para tomar uma posição. Mas o interesse maior é dar continuidade à vida do clube sem maiores traumas. O clube não pode ficar passando por esses solavancos a todo momento - disse Morais.

Godoi, por sua vez, falou em blindar o futebol, ficar atento ao financeiro e pacificar o clube, eliminando o "rancor".

- Não temos tempo para grandes alterações. Quanto ao cadastro, vamos fazer um estudo e tomaremos algumas posições. Eu não sei se haverá o recadastramento. O Vasco tem hoje pouco mais de cinco mil sócios pagantes. Como você vai se dar ao luxo de excluir aproximadamente dois mil sócios que já pagaram a 17ª prestação do clube. Seria um absurdo. Até porque eles todos estão regularmente inscritos, diferente lá para trás que você fazia pela internet, tinha lá o nome Isaac, Cabo Frio, e mais nada.

Questionado sobre as afirmações da diretoria na entrevista coletiva de terça de que boa parte dos sócios que entraram na adesão em massa em março e abril de 2013 não estão pagando as mensalidades. Disse não ter conhecimento de atraso de mais de um mês.

- Posso garantir que não há atraso dos que a gente tem conhecimento e ali há empresários, pai de família, muitos pais que registraram mãe, filhos, sogra, e esse pessoal está absolutamente regular. Não tenho conhecimento de que haja atraso superior a um mês (no pagamento). Não posso te falar, porque não estou lá, não conheço a situação individual ou da maioria, mas posso garantir que aqueles que são ligados ao nosso grupo (de Eurico Miranda) estão absolutamente em dia.

Fonte: GloboEsporte.com