Pedro Valente fala sobre sua participação na política do Vasco e comenta processo eleitoral do clube

Domingo, 27/04/2014 - 07:09
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Olho Vivo

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ELEIÇÕES NO VASCO

Pedro Valente, cirurgião plástico dos mais famosos deste País, em todas as épocas, ex-Secretário Estadual de Saúde no Governo Leonel Brizola e ex-Vice-Presidente Médico do Vasco da Gama em diversas administrações, além de ter sido candidato à presidência do Vasco, nas eleições passadas (2011), retirando sua candidatura próximo da data destas eleições por considerá-las como ELEIÇÕES COM CARTAS MARCADAS.

A biografia de Pedro Valente, que é Grande Mestre de Jiu-Jítsu, é ampla, abrangendo vários setores da medicina, da política e do esporte. Recomendo a visita ao seu portal: http://www.portalpedrovalente.com.br/

1. PEDRO: Vamos do passado para o presente - você era parceiro político inseparável de Olavo Monteiro de Carvalho e, hoje, é seu adversário na política vascaína. Em que momento AZEDOU a relação, neste campo político, com OLAVO e por quê?

R: Sou amigo do Olavo desde a nossa juventude, sempre juntos torcendo pelo Vasco. Ingressei na política do Vasco, no final da década de 60, como Vice-Presidente de Relações Especializadas da administração Reynaldo Reis. Olavo veio depois, no ano de 1976, trazido por mim, na eleição em que o Grande Benemérito Medrado Dias, pela chapa Renovação Vascaína, disputou e, infelizmente, perdeu numa eleição muito tumultuada. Voltamos a nos encontrar, dentro da política do Vasco, em 1979, quando formamos aquele grupo vitorioso, na ocasião denominado “Os Homens de Ouro”, quando foi eleito Alberto Pires Ribeiro para presidência. Sempre fomos amigos, participamos juntos das campanhas (1982 e 1985) do Eurico Miranda contra o Calçada. Com a vitória muito contestada de Calçada, resolvemos nos afastar da política do Vasco. Para minha surpresa pouco tempo depois, fruto de manobras e conchavos políticos, muito comuns no Vasco, mas aos quais até hoje não me habituei, Eurico e Olavo aderiram à administração do Calçada. Eurico como Vice-Presidente de Futebol e Olavo como eminência parda. Fiquei fora da política do Vasco até 1997, quando fui convidado a me candidatar, juntamente com Jorge Salgado e Olavo, contra Calçada e Eurico. Neste momento Olavo já havia se afastado de Eurico e Calçada, passando-se para o nosso lado. Em 2001, durante a chamada “asfixia financeira” do Vasco, um fato mexeu profundamente com o meu sentimento de vascaíno, que foi aquela invasão da Polícia Federal em São Januário. Achei que era hora, independentemente de problemas pessoais com Eurico, de ajudar o Vasco. Tinha condições de fazê-lo, pelo meu bom relacionamento com a família Marinho, já que o grande problema era com a Globo. Logramos êxito, felizmente, para o bem do Vasco. Como resultado deste episódio, Eurico me convidou para seu 2º Vice-Presidente em 2003. Ganhamos a eleição. É evidente que Olavo, desafeto de Eurico por problemas pessoais e funcionais, se afastou politicamente de mim. Não obstante continuamos amigos, muito embora esta paixão pelo Vasco algumas vezes possa até arranhar sólidas amizades. Tenho sido um crítico ferrenho dos politiqueiros vascaínos que colocam seus interesses pessoais acima do Vasco. Da mesma forma sou contrário que problemas políticos do Vasco venham interferir e prejudicar o bom relacionamento de uma vida de amizade entre verdadeiros vascaínos. Eu não diria, Luiz Orlando, que a minha relação política com o Olavo tenha azedado. Contudo, não posso deixar de reconhecer que o tumultuado desempenho do presidente da Assembléia Geral, nas últimas eleições, tenha sido incorreto e parcial, o que me levou a abrir mão de minha candidatura para não legitimar uma verdadeira farsa eleitoral. Lamentavelmente, estamos constatando a repetição daquela indecência no presente processo eleitoral em que, mais uma vez, escondem o cadastro e não marcam as eleições, provavelmente arquitetando uma nova imoral prorrogação de mandatos, que levará inexoravelmente ao aprofundamento do nosso Clube neste atoleiro em que se encontra.

2. PEDRO VALENTE: Você chegou a ser candidato apoiado por Eurico Miranda e, hoje, é também seu desafeto político. Em que instante AZEDOU a relação política entre PEDRO e EURICO?

R: Foi durante a campanha em que me candidatei, a convite de Eurico e por sugestão do Hercules, à presidência do Vasco. Inúmeras foram as incompreensões diante de meus pronunciamentos e posicionamentos, principalmente em relação ao apoio ao nosso time, independentemente do processo eleitoral, na vigência da disputa do título da Copa do Brasil, que vencemos. O grupo político do Eurico passou a me hostilizar em rede social, chegando ao ponto de um elemento, desclassificado, pertencente a este grupo, fazer comentários injuriosos sobre a profissão de professor de Jiu-Jítsu exercida pelos meus três filhos. A bem da verdade, Eurico interveio, mas já era tarde. O estrago já estava feito.

3. PEDRO: Você e Hércules Figueiredo andaram de SECA A MECA tentando convencer JORGE SALGADO E FERNANDO HORTA para que um dos dois fosse o candidato da FRENTE AMPLA PELO VASCO nas próximas eleições. Por que, em sua opinião, JORGE SALGADO e HORTA não deram um SIM firme e definitivo?

R: Tenho a consciência tranqüila que, juntamente com o Hercules, fizemos de tudo para levar avante aquelas candidaturas que certamente seriam vitoriosas. Para isto teria sido necessário que fosse adiante o movimento denominado FRENTE AMPLA DE OPOSIÇÃO, que lançamos há mais de um ano e que teve e tem tudo para deslanchar, não fossem as vaidades, os interesses pessoais, as incompreensões. Não obstante, tenho a obrigação de compreender as razões de Salgado e Horta. Concorrer dentro deste quadro deprimente, desde a última eleição, protagonizado pelo presidente da Assembléia Geral, é um tiro no escuro. Considero que candidatar-se dentro deste cenário, só por puro oportunismo e autopromoção de alpinistas políticos. Como alguém vai candidatar-se sem conhecer a listagem de sócios aptos a votar e sequer ter conhecimento da marcação das eleições?

4. PEDRO VALENTE: "O mensalão" de EURICO MIRANDA e de ROBERTO MONTEIRO é uma realidade ou não passa de suposição?

R: Não tenho elementos para responder a sua pergunta. Tomei conhecimento do assunto pela imprensa. Segundo consta há uma Comissão de Sindicância nomeada pelo presidente do Clube (o que já não recomenda muito) e só os seus membros poderão responder. É o que todos nós aguardamos.

5. PEDRO: Você acredita que seu parceiro de todos os momentos atuais, na política do Vasco, HÉRCULES FIGUEIREDO, aceite ser o candidato da FRENTE AMPLA DE OPOSIÇÃO e, se ele aceitar, quais são as possibilidades reais de vitória sobre EURICO e ROBERTO MONTEIRO, no caso deste "mensalão" ser pra valer?

R: Sou amigo do Hercules há muito tempo, freqüentamos juntos a arquibancada na Força Jovem do Vasco. Exemplificando o que já venho dizendo nesta entrevista e que, alguns que não estão afeitos a política não entendem, eu e o Hercules já estivemos juntos e em campos opostos, durante eleições no Vasco, o que nunca impediu a nossa amizade e admiração. Tenho certeza que, se a FRENTE AMPLA DE OPOSIÇÃO tivesse sido levada adiante, um candidato com o gabarito do Hercules Figueiredo, assim como Jorge Salgado e Fernando Horta, seria imbatível caso ocorressem eleições limpas no Vasco.

6. PEDRO VALENTE: Qual o perfil que você traça, de HÉRCULES FIGUEIREDO, para os vascaínos?

R: Um dos sócios mais antigos do Vasco, engenheiro de profissão, conhecedor profundo do nosso Estatuto, dotado de memória privilegiada, capaz de reconhecer e identificar quase todo o quadro social do Clube. Isto é, conhecendo o CLUB DE REGATAS VASCO DA GAMA como ninguém e tendo exercido a presidência do Conselho Fiscal com notável independência e competência, por isso mesmo despertando a admiração e o reconhecimento de muitos, mas também a incompreensão de alguns.

7. PEDRO: Você aceitará ser candidato à presidência da Assembléia Geral indicado por HÉRCULES?

R: Luiz Orlando nos conhecemos há muitos anos, não vou nem revelar quantos, para não acharem que já deveríamos estar de bengala. Você sabe muito bem que no futebol não existe o “se”, até porque se urubu cantasse, andava na gaiola. Essa história de presidência da Assembléia Geral que, inegavelmente muito me honra, a bem da verdade, surgiu em minha casa na presença do Hercules, quando o meu amigo Fernando Horta me fez o convite no caso de aceitar a sua candidatura à presidência do Vasco. É a primeira vez que publicamente faço esta inconfidência.

8. PEDRO VALENTE: Você vê em Antônio Miguel Fernandes a figura ideal para ser o candidato à presidente do Conselho Fiscal conforme indicou HÉRCULES FIGUEIREDO?

R: Considero, por experiência própria, o Antonio Miguel, Mestre dos Mestres em Ciências Contábeis. Isto ao lado do seu inegável vascainismo e retidão moral lhe credenciam mais que ninguém para exercer as funções de Presidente do Conselho Fiscal. Trata-se de um dos mais importantes quadros do CLUB DE REGATAS VASCO DA GAMA.

9. PEDRO: Para presidente do Conselho Deliberativo, dentro deste grupo, qual o nome que você indicaria?

R: Luiz Orlando, vou repetir pela enésima vez: não sou candidato a nenhum cargo executivo no Vasco da Gama. Portanto, não me cabe estar fazendo indicações.

10. PEDRO VALENTE: Qual a sua avaliação sobre:

A. ROBERTO DINAMITE, como presidente do Vasco.

R: Como disse Romário, Roberto é o pior presidente da história do Vasco. Aqui, novamente, gostaria de fazer uma defesa da nossa torcida que vem sendo muito mal falada e injustiçada e pouco defendida ultimamente. Luiz Orlando, você que milita há tantos anos no futebol, gostaria de lhe fazer uma pergunta: Que torcida de um grande clube de futebol aguentaria ordeira e passivamente a contratação de um Wendel, segundo consta, por R$ 300 mil mensais, execrado pela nossa torcida e que agora move uma ação milionária contra o Vasco, após não jogar rigorosamente nada; duas inaceitáveis quedas para a segunda divisão e ser rebaixado nas cotas de TV da primeira posição para a humilhante e inconcebível sétima posição? Com todo respeito, só para citar dois exemplos, faço uma nova pergunta: O que teriam feito nessas circunstâncias a Gaviões da Fiel ou até mesmo a “refinada” torcida pó de arroz?

B. EURICO MIRANDA, como presidente do Conselho de Beneméritos.

R: A minha crítica em relação ao Eurico, no que concerne ao Conselho de Beneméritos, do qual honrosamente faço parte, se refere as suas últimas atitudes, em função dos acordos feitos com a situação, referendados no Conselho Deliberativo, contrariando decisões anteriormente tomadas, por unanimidade, pelo Conselho de Beneméritos.

C. OLAVO MONTEIRO DE CARVALHO, como presidente da Assembléia Geral.

R: O meu amigo Olavo, como presidente da Assembléia Geral, pelas suas omissões e parcialidades nos causou profunda decepção, com irreparáveis prejuízos ao CLUB DE REGATAS VASCO DA GAMA, principalmente pela reeleição fraudulenta deste traste, ex-ídolo de nossa torcida e que levou o Vasco novamente para segunda divisão e a essa situação pré-falimentar.

Agradecemos sua participação em CapA-A-Capa ESPORTES e colocamos nosso espaço, à sua disposição, para que você, ainda, explane sobre qualquer outro aspecto desta questão que não tenha sido, por nós, levantado. Aproveitamos para pedir que você indique uma personalidade vascaína a qual você quisesse que nós entrevistássemos tirantes aqueles que já foram, por nós, questionadas - Hércules Figueiredo, Antônio Miguel Fernandes, Roberto Monteiro, Abílio Borges e Eurico Miranda (este último se recusou, evasiva e antidemocraticamente, a responder nossas perguntas).

Luiz Orlando, eu é que agradeço a oportunidade de me manifestar, através da Revista CapA-A-Capa ESPORTES, aos vascaínos.

Aproveito a oportunidade para parabenizar os valorosos torcedores do Vasco que colocaram aquele outdoor nas imediações de São Januário.

Com efeito, como já preconizei no DECÁLOGO por mim publicado, o Vasco não é palanque, nem trampolim eleitoral para políticos que não se garantem no voto e precisam do Vasco para conseguir cargos públicos eletivos.

Não sou contra a classe política, desde que seja honesta, competente e voltada para os interesses do povo. Muito pelo contrário, já tive a oportunidade de conviver com homens públicos com este perfil. Nada impede que um político consagrado pelo voto popular e pela honrada trajetória venha a postular à presidência do nosso Clube. Isto é outra conversa.

Gostaria de sugerir ao amigo, que é um intrépido representante do jornalismo investigativo, que entrevistasse aquele auxiliar de arbitragem que não viu o gol do Douglas, nem o impedimento do Márcio Araújo nos jogos contra o Flamengo, no ridículo campeonato recém terminado em que fomos vexatoriamente roubados.

LUIZ ORLANDO BAPTISTA
EDITOR-CHEFE DA REVISTA CapA-A-CapA ESPORTES

Fonte: Facebook Olho Vivo/Revista CapA-A-CapA Esportes