Auxiliar que não viu gol do Vasco: 'Fui ao máximo que o olho humano permite naquele caso. Só posso dizer que dei meu máximo'

Sábado, 15/03/2014 - 07:29
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Depois da tempestade deflagrada após o erro contra o Vasco no clássico com o Flamengo, no último dia 16, Rodrigo Castanheira vive a bonança com o retorno aos jogos do Campeonato Carioca. Escalado para ser árbitro auxiliar adicional na partida entre Macaé e Duque de Caxias, domingo, ele resume com uma frase o recomeço da carreira:

- Será o jogo da minha vida.

Qual é a expectativa para este retorno à arbitragem?

Estou confiante. Passei por toda a bateria de exames e fui aprovado. Agora é tocar o barco, eu precisava dessa nova oportunidade para fazer o que eu amo, que é arbitrar. Estou feliz, focado, preparado para esse novo estímulo. A parte psicológica é importante. Eu vou encarar esse jogo como o jogo da minha vida. Todo jogo para mim é assim.

O que aconteceu naquele lance no clássico?

Dei meu máximo no lance, fiz o protocolo todo, a dinâmica que aprendemos na escola de arbitragem. Estava bem confortável e fui com total convicção. Fui ao máximo que o olho humano permite naquele caso. Só posso dizer que dei meu máximo.

E como você reagiu ao saber do erro que cometeu?

Quem na sua profissão é infalível? Óbvio que eu tenho a minha autocobrança. Você vê uma imagem como aquela, não dá para dizer que não fiquei me cobrando. Aquela imagem não saía da minha cabeça, 72 horas após o jogo, foi muito difícil para mim.

O que te ajudou depois?

Nessa situação, a família é fundamental. Quando cheguei em casa, minha filha veio correndo me dar um abraço forte, um beijo. Assim você começa a reconstruir os cacos. Era 22h30m da noite de domingo, minha filha veio até mim, me deu um beijo. Naquela explosão, com o furacão passando sobre mim, avassalador, eu recebi um beijo da filha, o carinho da esposa em casa. Sem eles eu não teria conseguido.

Chegou a ficar deprimido?

No começo, fiquei muito reservado, sem sair de casa, dormindo fora, mas se a pessoa deixar, gera um desconforto com aquilo que pode levar à depressão. Meus familiares, os psicólogos que me atenderam, todos eles disseram isso para mim, que eu tinha de voltar à vida normal.

Quando soube das ameaças?

Quando começou a repercussão nos jornais, da maneira como as coisas foram colocadas, eu me assustei, mas não esperava receber ameaças. Depois que eu comecei a ver no dia seguinte as coisas na internet, fiquei preocupado. O principal foi quando vi uma exposição na internet, uma página onde colocaram dados pessoais. Foi uma exposição da minha família. A forma como a violência foi incentivada por pessoas que não sabem do ser humano, do lado emocional, e principalmente da família. Eles vão atropelando tudo e todos.

A volta, incialmente, seria na Segunda Divisão, mas você já vai voltar na Primeira. Foi um voto de confiança em você?

Com certeza. Sou árbitro desde 2003. Desde 2008 apito jogos de primeira divisão. Já trabalhei em jogos decisivos de turno, em vários clássicos. Foi um voto de confiança que deram, a Federação sabe do meu potencial, sabe que amo o que faço.

O que projeta para sua carreira daqui para frente?

Todo mundo tem uma meta e quando a gente vibra, faz com amor, tem de sonhar, tem de aumentar as metas. Mas o que mais quero agora é continuar trabalhando.

Fonte: Extra Online