Confira panorama da preparação dos grandes do Rio para 2014

Segunda-feira, 06/01/2014 - 12:17
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O futuro do futebol carioca está em jogo. Parte do grupo do Botafogo já se reapresentou, e nesta segunda-feira o restante do elenco começa a treinar. Ao longo da semana, Flamengo, Fluminense e Vasco também darão início ao projeto para 2014, que traz objetivos semelhantes para Alvinegro e Rubro-Negro, que têm como principal meta a disputa da Libertadores. Já o Cruz-Maltino terá pela frente o longo caminho para tentar retornar à elite do futebol brasileiro.

À exceção de Conca, repatriado pelo Tricolor, o futebol carioca vive uma realidade de contratações pontuais, sem loucuras e com contenção de despesas diante da asfixia financeira.

Para apimentar ainda mais a temporada, Vasco e Botafogo viverão um ano com eleições presidenciais. No Flamengo, a diretoria que assumiu no ano passado tem a chance de se consolidar. Já no Fluminense, a relação entre clube e patrocinadora mais uma vez está em foco.

O GloboEsporte.com fez uma análise dos seguintes pontos dos quatro clubes cariocas: futebol, finanças e investimentos, time, quadro político e patrocínios. Confira a seguir.

BOTAFOGO

FUTEBOL - A principal meta do Alvinegro na temporada é a Libertadores, competição que ficou 17 anos sem disputar. Eduardo Hungaro assumiu o comando do time no lugar de Oswaldo de Oliveira, que foi para o Santos. Os principais jogadores se apresentam nesta segunda-feira - exceto Seedorf, que terá suas férias prolongadas -, enquanto outro grupo treina desde sexta. O planejamento prevê a utilização de reservas no Campeonato Carioca, ainda que o gerente técnico Sidnei Loureiro tenha garantido a intenção de brigar pelo bicampeonato. A preparação será feita em duas partes. A primeira em General Severiano e a segunda no centro de treinamento da Confederação Brasileira de Vôlei, em Saquarema. A estreia no Carioca será no dia 19, contra o Resende; e na pré-Libertadores, dia 29, contra o Deportivo Quito, no Equador.

FINANÇAS E INVESTIMENTOS - O Botafogo priorizou a contratação de jogadores sem vínculo com clubes, evitando maiores gastos que pudessem prejudicar ainda mais a saúde financeira do Alvinegro. Por enquanto, o principal alvo é Forlán, que pode necessitar de maior investimento, além de ter alta remuneração. A dívida do clube é grande, as penhoras assustam e complicam a manutenção dos salários em dia durante a temporada.

- Existe a felicidade da classificação, mas também a preocupação de que temos que montar um elenco, e com todos os problemas que enfrentamos, como o fechamento do Engenhão. Apesar disso, conseguimos fechar o ano pagando funcionários e jogadores - declarou o presidente Maurício Assumpção, em dezembro.

TIME - A maior preocupação do Botafogo vem sendo com o ataque há algum tempo. O time não conseguiu manter Elias e ainda não contratou um grande nome. Por enquanto, apenas Henrique, Sassá e Yguinho são os especialistas na posição no elenco. Willian José deve ser anunciado nesta segunda-feira, Neilton pode seguir o mesmo caminho. Por enquanto, o grande reforço do time é Jorge Wagner, de 35 anos, que estava no Kashiwa Reysol, do Japão. Ele tem experiência em Libertadores e estava livre, o que pesou na contratação. O volante Aírton foi outro a chegar em troca com o Inter por Gilberto até o fim da temporada.

POLÍTICA - O clube viverá um ano eleitoral. O presidente Maurício Assumpção passa por um momento de tensão. Depois de conseguir a vaga na Libertadores, o que não acontecia há 17 anos, ele procura um sucessor para o seu cargo. A eleição deverá acontecer em dezembro e ainda não existem candidatos formalizados para o pleito. O estatuto do Botafogo não permite duas reeleições e, por isso, Maurício precisa deixar o cargo no fim do ano. Até o momento, ele conquistou dois títulos cariocas. Nos bastidores, a oposição já começa a se movimentar.

PATROCÍNIO - O Botafogo ainda tenta fazer a classificação para a Libertadores render frutos. Por enquanto, a Viton 44 é a sua única patrocinadora para a temporada, estampando as marcas Guaraviton e Guaravita por todo o uniforme, inclusive nos calções. O valor subiu de R$ 17 milhões para R$ 25 milhões. No entanto, o clube não conta mais com os patrocínios da Texaco, que estampava Havoline na camisa, e Herbalife. Os valores somavam cerca de R$ 6 milhões.

FLAMENGO

FUTEBOL – A Libertadores é a prioridade do Flamengo em 2014. Após o tricampeonato da Copa do Brasil, o Rubro-Negro volta à competição disposto a conquistar o bi continental. Com estreia marcada para 12 de fevereiro, contra o León, no México, o técnico Jayme de Almeida vai usar time misto no Carioca (a estreia será em 19 de janeiro, contra o Audax, no Maracanã). Além da Libertadores e do Estadual, o time jogará a Copa do Brasil e o Brasileirão. A pré-temporada começa na próxima quarta-feira e será feita no Ninho do Urubu. As obras do CT, aliás, devem ser retomadas. No início de dezembro, o clube anunciou uma parceria para fazer o projeto andar.

FINANÇAS E INVESTIMENTOS – Assim como aconteceu no primeiro ano de mandato, o presidente Eduardo Bandeira de Mello tem ressaltado as dificuldades financeiras que o clube encara. O mandatário aposta na criatividade do departamento de futebol para montar um elenco forte para disputa da Libertadores. Depois do título da Copa do Brasil, a promessa era de contratações mais ousadas do que na temporada passada. Entretanto, a atuação no mercado é discreta. Apenas Everton, ex-Atlético-PR, foi anunciado oficialmente, e o lateral Léo, que também defendia o Furacão, é outro acertado. O meia Diego, do Wofsburg, da Alemanha, pediu R$ 1 milhão por mês para jogar no Flamengo e foi descartado.

- A torcida pode confiar que a receita vai ser bem administrada e não vai ser feita nenhuma loucura. Lógico que almejando título, que é o que a torcida espera. A previsão orçamentária para o futebol em 2014 é de pelo menos R$ 9 milhões - disse Rodrigo Tostes, vice-presidente de finanças.

TIME – De acordo com o planejamento, dois atacantes, um volante e um zagueiro ainda chegarão – além da tentativa de manutenção do volante Elias. Com boa parte do elenco campeão da Copa do Brasil mantida, apesar da provável perda do camisa 8, o Rubro-Negro coloca o foco no mercado sul-americano para se reforçar. As chegadas de Everton e Léo sanam carências na armação e na lateral direita. O ataque preocupa. O clube tem apenas Hernane como camisa 9. Paulinho, destaque no segundo semestre, é o outro titular da linha de frente, mas não tem um bom reserva.

POLÍTICA – No primeiro ano da gestão Eduardo Bandeira de Mello, a oposição esteve contida. O mandatário e seus vice-presidentes tiveram uma atípica calmaria para tentar reorganizar o clube, especialmente as finanças. Em novembro, uma figura polêmica reapareceu. Leonardo Ribeiro, o capitão Léo, ex-presidente do Conselho Fiscal, fez um requerimento ao Ministério Público para uma investigação sobre a alta no preço dos ingressos da final da Copa do Brasil. Os valores variavam de R$ 250 a R$ 800. Criado para consolidar a tomada de decisões no futebol do Flamengo, o Conselho Gestor não vingou. Formado por Bandeira e alguns de seus vice-presidentes, foi extinto após a renúncia de Flávio Godinho ao cargo de vice de relações externas. Ele deixou a instituição no início de agosto, alegando compromissos profissionais no exterior e por achar que suas opiniões já não eram tão ativas, e foi substituído por Plínio Serpa Pinto, que passou a atuar em negociações.

PATROCÍNIO – A previsão de ganhos do Flamengo com patrocínios é de pelo menos R$ 73,1 milhões em 2014. A Caixa Econômica Federal paga R$ 25 milhões por ano para ser o anunciante principal - estampando sua marca no peito, no ombro direito e na parte frontal do calção. Já a Tim, que também está no número da camisa rubro-negra, paga R$ 2,5 milhões – o vínculo vai até março de 2015. Há ainda o contrato com a Peugeot, no valor de R$ 10 milhões. A maior fatia, no entanto, é da Adidas, parceira que aplica R$ 35,6 milhões anuais. O clube ainda tem mais uma propriedade para negociar: o espaço das mangas.

FLUMINENSE

FUTEBOL - Depois de três anos seguidos disputando a Libertadores, o Fluminense volta à dura realidade de estar fora do principal torneio continental. Renato Gaúcho será o responsável por comandar a equipe. O Tricolor, ao contrário dos últimos anos, dará prioridade ao Carioca e deve iniciar, já no dia 18, contra o Madureira, com força máxima na competição. No primeiro semestre, o time dividirá o tempo com as fases iniciais da Copa do Brasil, se preparando para se redimir no Campeonato Brasileiro, que começará em maio. Rebaixado na última edição, o Tricolor se manteve na elite do futebol por conta da punição aplicada à Portuguesa pela escalação irregular de Héverton na última rodada. A preparação da equipe, que manteve a base de 2013, mais uma vez será feita no castigado gramado das Laranjeiras. O Flu, embora tenha um terreno cedido pela prefeitura, ainda não iniciou as obras para a construção do seu CT, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

FINANÇAS E INVESTIMENTOS - Ao que tudo indica, o Fluminense deve ter um ano melhor financeiramente. Com o fim das penhoras e a volta à Timemania, o Tricolor conseguiu colocar os salários em dia e terá condições de investir mais na equipe. No entanto, para trazer reforços de peso, o Flu ainda precisa do auxílio da Unimed, responsável pelas principais contratações e por bancar boa parte dos salários dos jogadores mais valiosos da equipe. A empresa, porém, vai reduzir os investimentos em 2014. A contratação de Conca deve ser a única de maior impacto no começo da atual temporada.

- Ainda vou me reunir com o presidente para tomar ciência das pendências. Essa questão financeira está a cargo do Peter e vamos tocá-la da melhor forma possível. Mas acredito que a perspectiva seja boa depois dos avanços no fim de 2013 - afirmou Ricardo Tenório, vice de futebol.

TIME - O Fluminense dispensou mais do que contratou. Até o momento, enxugou o elenco, negociando o zagueiro Digão por R$ 6,5 milhões e dispensando Rhayner, Edinho, Anderson, Felipe e Marcelinho, cujos contratos venceram no fim do ano. E trouxe apenas Conca, mas precisará de outros reforços. A zaga conta com apenas quatro jogadores e ao menos um deve ser contratado. A posição é tratada como prioridade. Além disso, a diretoria busca um lateral-esquerdo para a reserva de Carlinhos, mais um meia e um atacante. Um volante para suprir a saída de Edinho também pode ser procurado. Renato Gaúcho já deixou claro que espera ao menos quatro reforços.

POLÍTICA - O presidente Peter Siemsen inicia seu segundo mandato bastante criticado, após vencer com folgas a eleição no clube em novembro de 2013. Peter viajou para passar o fim do ano fora do país e o fato não foi bem aceito pela torcida. Antes, o dirigente mostrou novamente que não fala a mesma língua de Celso Barros, presidente da patrocinadora. Expôs-se ao dizer que decidiria quem seria o novo treinador e teve de ceder à vontade do investidor, que bateu o pé para que Renato Gaúcho fosse escolhido. Ney Franco era o preferido do mandatário tricolor. Ricardo Tenório foi chamado para ser o novo vice de futebol e terá a missão de amenizar o clima entre Peter e Celso, em função parecida à exercida por Sandrão, antigo vice e demitido em 2013. Além disso, Felipe Ximenes assumiu o cargo de diretor-executivo de futebol, antes ocupado por Rodrigo Caetano.

PATROCÍNIO - O Tricolor segue com patrocínio único em sua camisa: Unimed. O contrato com a empresa de plano de saúde impede que o clube negocie com outros parceiros para expor em sua camisa. Em troca, o clube recebe um valor mensal considerado baixo, e a patrocinadora investe pesado em contratações e no pagamento de boa parte dos salários das principais peças de elenco, como Fred, Conca e Carlinhos. A Unimed também pagará 80% dos vencimentos do técnico Renato Gaúcho. O Flu arcará com os 20% restantes.

VASCO

FUTEBOL - Empenhado em retornar à elite, o Vasco dará atenção especial à disputa do Campeonato Brasileiro da Série B, na qual entra como grande favorito ao título conquistado em 2009. No entanto, a conquista do Campeonato Carioca (que não acontece desde 2003) e da Copa do Brasil (que venceu em 2011) são tratadas como importantes para recuperar a autoestima do clube. Contratado para comandar o time nas últimas sete rodadas do Brasileirão do ano passado (três vitórias, dois empates e duas derrotas), Adilson Batista teve contrato renovado e inicia a temporada à frente do Vasco no dia 18, contra o Boavista, em São Januário, às 19h30m.

FINANÇAS E INVESTIMENTOS - Com a queda para Série B, o Vasco se viu obrigado a fazer cortes em seu orçamento (previsão é de menos R$ 1,5 milhão na folha do futebol) e a estabelecer um teto salarial para os jogadores – cerca de R$ 150 mil. Isso deve significar a saída de alguns jogadores experientes, mesmo ainda tendo contrato com o clube em vigor. No entanto, o clube sabe que precisa investir nas contratações para montar um time capaz de retornar à Série A em 2015 e ao mesmo tempo motivar o torcedor.

- Há uma série de questões internas sendo discutidas. Entre elas, o reajuste de salários. Todo o clube vai passar por uma reestruturação financeira, e isso também me atinge - ressaltou o diretor geral, Cristiano Koehler.

TIME - Tão logo acabou uma temporada marcada pela instabilidade dos três goleiros que tiveram oportunidades, o Vasco voltou suas forças para contratar um camisa 1 de experiência e qualidade. Assim, trouxe o uruguaio Martín Silva, que chegou ao lado do volante paraguaio Aranda, ambos vice-campeões da última Libertadores pelo Olimpia, do Paraguai. O clube está perto de confirmar o lateral-direito André Rocha e já acertou com o zagueiro Rodrigo. Além disso, tenta achar no mercado um meia armador e um centroavante que possam servir como referências de um elenco reformulado e cheio de atletas formados na base.

POLÍTICA - O ano de 2014 será de eleição presidencial no Vasco, que ainda não tem data confirmada. Inicialmente, será no meio do ano, mas existe uma articulação para que o pleito seja antecipado para abril. Alvo de extrema pressão e críticas, Roberto Dinamite não será candidato à reeleição e, por enquanto, há muitas especulações sobre os nomes a serem lançados. Jorge Salgado é um dos possíveis postulantes, assim como o ex-presidente Eurico Miranda. Além disso, Rodrigo Caetano está de volta ao clube para ocupar novamente o cargo de diretor executivo. Embora ainda não tenha sido apresentado de forma oficial, ele já começou os trabalhos e participou da negociação com o zagueiro Rodrigo, ex-Goiás.

PATROCÍNIO - Com a rescisão da Nissan, por conta da briga entre torcidas organizadas na última rodada do Brasileiro, o Vasco inicia a temporada da Série B com um buraco na parte de trás da camisa. A montadora japonesa encerrou unilateralmente em menos de seis meses a parceria que seria de quatro anos, com R$ 7 milhões anuais. A Caixa Econômica Federal, anunciante da parte da frente do uniforme, tem contrato até agosto com o clube, com última cota de patrocínio sendo realizado até março - em total de R$ 15 milhões repassados ao Vasco. O clube ainda estima, porém, que pode preencher mais três espaços na camisa e, com isso, arrecadar mais de R$ 20 milhões - dentro das projeções mais otimistas. Com nova estrutura no marketing - e um novo vice-presidente no departamento -, o clube vai ter muito trabalho para recuperar sua imagem no mercado e atrair patrocinadores.

Fonte: GloboEsporte.com