Marlone: 'Passei grandes momentos no Vasco, mas passei mais piores momentos do que bons momentos. Torço para que isso mude'

Terça-feira, 17/12/2013 - 19:49
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Descansando na cidade de Augustinópolis (TO), o meia-atacante Marlone vive seu primeiro dia como novo jogador do Cruzeiro. A apresentação oficial no novo clube só deve acontecer no dia 6 de janeiro, mas, enquanto isso, o jogador remoe os quase 10 anos que viveu em São Januário. No Vasco, como ele relembra nessa entrevista por telefone ao GloboEsporte.com, ele considera que passou por mais tristezas do que por alegrias. Mas nem por isso deixa de sentir carinho, respeito e uma eterna gratidão pelo clube carioca.

Sem querer alimentar polêmica sobre a sua saída, Marlone prefere focar no futuro e guardar as lembranças boas de São Januário na cabeça. Mas não deixa de fazer um alerta para a administração do futebol vascaíno: é preciso valorizar os jogadores da base. Confira abaixo a íntegra da entrevista do reforço do Cruzeiro, uma das revelações de 2013 no futebol brasileiro.

GloboEsporte.com: Como foi esse processo todo desde as primeiras conversas para reajuste de contrato até a concretização da sua saída do Vasco?

Marlone: O que posso dizer sobre isso é o seguinte: o Vasco teve muitas oportunidades, chances, para me manter antes, e o Cruzeiro não mediu esforços para me contratar. Serei sempre grato ao Vasco, à sua torcida. É o clube que me revelou, que me apresentou para o mercado do futebol, que me deu as condições para fazer minha carreira. Tenho gratidão eterna pelo clube.

Nesse tempo, você havia dito que ainda tinha sonhos para cumprir em São Januário. E chegou a haver conversas com a diretoria sobre a permanência. O que mudou, o que pesou?

Olha... Isso é passado, hoje a minha resposta é que houve todas oportunidades de me manter antes, enquanto o Cruzeiro não mediu esforços para que eu fosse jogar lá. É um pouco difícil de falar, mas vou manter isso (a resposta). Mais para frente, talvez...

Na internet, nas redes sociais, muitos vascaínos o ofendem sobre a sua saída.

Acho que o torcedor vê as coisas de um jeito, eles têm todo o direito de bem ou mal, mas de qualquer forma sou grato a eles, que acreditaram em mim. Hoje, sinto tristeza também, me sinto como eles se sentem. Sinto esses comentários, é motivo de tristeza para mim, mas faz parte da profissão, independentemente se falam bem ou mal de mim.

Por que você acha que o Vasco não consegue segurar os talentos que revela?

Acho que isso não cabe a mim responder. Simplesmente eu só quero mostrar meu trabalho, que é dentro das quatro linhas. Não posso fazer as coisas dentro e fora de campo, cada um tem uma função. Fico um pouco sem jeito de responder isso. Meu papel é dentro de campo. Fora não cabe a mim.

Do que mais você vai sentir falta do Vasco? Quais lembranças positivas e negativas?

Eu passei grandes momentos no Vasco, mas passei mais piores momentos do que bons momentos. Torço para que isso mude, existem grandes jogadores que precisam ser valorizados, como o Guilherme (Costa, meia-esquerda) e outros. Tenho carinho muito grande pelo clube, porque tudo começou aí (no Vasco), foi onde descobri o que era futebol de verdade, vi o que era rivalidade de clubes, o que era tática, enfim... O Vasco me deu essa oportunidade. Não é que o time está rebaixado e não estou nem aí. Estou triste, como torcedor. Respeito muito o clube. Sobre as coisas negativas, prefiro respeitar esse momento do clube, tem muita coisa acontecendo, não quero alimentar nada...

O que pesou para decidir jogar no Cruzeiro? Houve outras ofertas também.

Eu agradeço o reconhecimento dos outros clubes que procuraram o meu futebol, mas no Cruzeiro eu já conhecia a comissão técnica, pelo que o Marcelo (Oliveira) fez comigo no Vasco, por ter me lançado. Tem o Dedé e outras pessoas que conheço. Cruzeiro vai me fazer evoluir mais e a cada dia quero crescer mais. Também contou a disputar da Libertadores, isso também pesou.

Esse imbróglio de sondagens, contratação, no fim do Brasileiro mexeu com a sua cabeça?

Posso dizer que eu me preparei muito para este momento, para ter a minha oportunidade. Quando não estava jogando, pensava nas coisas, pensava que quando isso acontecesse não poderia me deslumbrar. E todas as pessoas com quem conversei me ajudaram bastante. Não posso ser hipócrita de não admitir que poderia mexer, mas foquei no Vasco. Pedi a todos para não saber de nada e só fui saber da negociação no fim do campeonato. Não queria saber de nada. Claro que na internet você acaba vendo, eu vi, mas procurei não saber.

Fonte: GloboEsporte.com